Emmanoel Querette, Leonardo Guimarães, Amélia Reynaldo e Claudio Marinho, participantes do processo de criação do Porto Digital – Foto: Movimento Econômico
Com 238 páginas, já está disponível para download o livro “Porto Digital, Inovação e Preservação no Centro do Recife”, que reúne em nove capítulos assinados por fundadores e protagonistas a história do ecossistema que se tornou um dos principais ambientes de inovação do Brasil. O lançamento oficial, na quinta-feira (24), foi marcado por um painel especial com a participação de figuras-chave do Porto Digital, que comemora 25 anos com 475 empresas ativas, 21 mil colaboradores, faturamento de R$ 6,5 bilhões e com mais de 200 mil m² de imóveis históricos no Bairro do Recife restaurados.
Realizado no auditório da sede do Porto Digital, no Cais do Apolo, o evento reuniu convidados e representantes do ecossistema para uma celebração institucional que também serviu como momento de reflexão sobre o papel da inovação na transformação urbana do Recife. A obra, lançada como parte do Projeto Cultural para Reabilitação de Áreas Centrais, desenvolvido em parceria com o BNDES, registra em profundidade o percurso histórico e estratégico do Porto Digital, desde sua criação em 2000 até a consolidação como parque tecnológico de referência no Brasil e no exterior.
Depoimentos do evento reforçam a dimensão institucional e urbana
Durante o painel de lançamento, o cofundador do Porto Digital e ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco, Claudio Marinho, afirmou: “São 25 anos de um projeto único no Brasil”. Segundo ele, a ideia central foi ocupar o Bairro do Recife com um modelo de inovação ancorado na vida urbana. “A ideia era ter um ambiente de inovação com conexão umbilical com a vida urbana. Nem São Paulo ou Berlim têm isso”, destacou Marinho.
O presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, também compartilhou sua visão sobre o impacto social da iniciativa. “É a história de milhares de famílias que mudaram de vida a partir da empregabilidade, de jovens que viraram cientistas da computação e designers”, comentou. Lucena complementou dizendo que o livro funciona como um documento vivo: “Este livro reforça o Porto Digital como força transformadora. É uma memória viva de como o empreendedorismo pode reescrever o destino de um bairro e impactar milhares de vidas ao longo de gerações”.
Marinho encerrou sua fala no evento com uma reflexão que ecoa o espírito do projeto: “Poucos acreditavam que seríamos capazes de fazer o que tem aqui hoje. E hoje é referência no mundo”.
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Publicação digital tem 238 páginas e pode ter o download gratuito em baixa ou alta resolução. Foto: Reprodução
Trechos do livro destacam desafios, estratégias e aprendizados
No livro, os autores apresentam visões complementares sobre a experiência do Porto Digital. O cientista-chefe da TDS.company e um dos articuladores do projeto, Silvio Meira, afirma em seu capítulo: “A gente só conseguiu fazer o que fez porque acreditamos que o Recife poderia ser mais do que um polo de turismo ou comércio”. Ele acrescenta: “Era preciso pensar o centro não como ruína ou passado, mas como infraestrutura viva para o futuro”.
A arquiteta e urbanista Amélia Reynaldo, responsável pelo capítulo que aborda a história urbana do Bairro do Recife, pontua: “A reabilitação urbana não é só uma questão técnica. É um processo social, político e cultural. O centro do Recife nos ensinou isso”. Para ela, “o território foi sendo redesenhado à medida que novos usos e sentidos foram se estabelecendo”.
O presidente do Porto Digital também assina um dos capítulos da obra e reforça o caráter formativo do ecossistema: “São muitos os jovens que tiveram sua primeira oportunidade profissional aqui e, a partir disso, construíram carreiras e mudaram a realidade de suas famílias”. Em outro trecho, Lucena observa: “O livro não é apenas um balanço de resultados. É um lembrete de que a transformação urbana exige compromisso de longo prazo”.
Leonardo Guimarães, arquiteto e ex-diretor executivo do Porto Digital, destaca em seu capítulo os efeitos da requalificação: “Reabilitar o centro era também reabilitar a autoestima da cidade”. Ele afirma que cada imóvel restaurado carregava um sentido mais profundo: “Cada prédio recuperado era um ato político contra o abandono institucionalizado”.
Para Emanoel Querette, assessor da presidência da Embrapii e um dos organizadores da obra, os bastidores da política pública exigiram esforço de articulação: “Foram anos em que a gente precisou aprender a traduzir o vocabulário da tecnologia para a linguagem da política urbana”. Ele também ressalta os desafios iniciais: “O mais difícil era convencer de que inovação precisava de espaço, de cidade, de gente por perto”.
Porto Digital como modelo de reabilitação urbana para o Brasil
O livro traz ainda um panorama técnico e estratégico do Projeto Cultural para Reabilitação de Áreas Centrais, iniciativa desenvolvida com apoio do BNDES e investimento de R$ 2,75 milhões. O projeto, que serviu de base para a publicação, visa propor modelos replicáveis de revitalização urbana, a partir da experiência concreta do Recife, unindo instrumentos jurídicos, urbanísticos e financeiros.
Em mais de duas décadas de atuação, o Porto Digital se consolidou como ecossistema de tecnologia e economia criativa, sendo responsável pela atração de mais de 475 empresas e 21 mil empregos. Além do Recife, o parque expandiu sua presença para Caruaru, Goiás e Portugal, gerando um faturamento anual superior a R$ 6,5 bilhões.
A publicação já está disponível gratuitamente para download em versões de baixa e alta resolução. A campanha dos 25 anos continua ao longo de 2025, com eventos e ações voltadas à memória, à cidade e ao futuro da inovação.
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