O Governo “vê sempre com satisfação” que um português tenha hipóteses de chegar a um cargo internacional – neste caso, Mário Centeno e a vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE). “É sempre bom“, disse Joaquim Miranda Sarmento, em declarações aos jornalistas à entrada para a reunião do Eurogrupo em Bruxelas, considerando extemporâneo falar em nomes concretos para cargos específicos.
“O Governo, naturalmente, como acontece sempre e como aconteceu com o Dr. António Costa recentemente, vê sempre com satisfação quando um português pode chegar a um cargo internacional“, afirmou Joaquim Miranda Sarmento, num comentário às notícias de que Mário Centeno está a candidatar-se à sucessão do espanhol Luis de Guindos como “número 2”.
O jornal Politico, que tem muito enfoque na política europeia e conhece bem os corredores de Bruxelas, admitia esta manhã que Mário Centeno é um nome forte para conseguir a nomeação. E, também esta quarta-feira, o jornal Eco garantiu que Centeno irá ter o apoio do Governo português para concorrer a este importante cargo.
Ainda assim, Miranda Sarmento fugiu a referir nomes em concreto. “Aquilo que se passará hoje no Eurogrupo é apenas a indicação do calendário e de todos os formalismos desse processo” de escolha de um novo vice-presidente para a autoridade monetária europeia. “A questão dos nomes ainda é extemporânea“, comentou o ministro, frisando que “a satisfação” de ver um português na corrida a um cargo internacional “é igual para todos”, seja Centeno para o BCE seja outra pessoa para outro qualquer cargo internacional. “É sempre bom para o país quando um português tem possibilidade de chegar a um cargo europeu ou internacional, como há vários casos”, repetiu.
Mas sobre Centeno, especificamente, os jornalistas perguntaram a Miranda Sarmento porque é que o ex-governador do Banco de Portugal teria condições para ser vice-presidente do BCE (mas não teve condições para ser, como queria, reconduzido no Banco de Portugal). Miranda Sarmento remeteu “essa análise” para mais tarde.
Já depois de Miranda Sarmento ter falado sobre o assunto, o primeiro-ministro afirmou que vai bater-se com recato por uma boa representação de Portugal no BCE, mas recusou sempre mencionar diretamente uma candidatura de Mário Centeno ao lugar de vice-presidente.
“O que posso dizer é que vamos integrar esse processo com enorme sentido de responsabilidade para termos boas soluções à escala europeia e também, naturalmente, uma boa representação de Portugal”, declarou, após ter discursado na sessão de abertura da conferência “Capital Markets Day”, na Culturgest, em Lisboa.
Questionado diretamente se Mário Centeno é uma boa solução para vice-presidente do BCE, Luís Montenegro considerou que este não é o momento para fazer uma “menção direta” sobre candidatos. “Uma vez aberto o processo, participaremos com especial empenho, sentido de responsabilidade e com o objetivo de termos uma boa representatividade”, repetiu.
Já quando foi confrontado se o Governo português repetirá neste caso do BCE a opção que tomou quando apoiou o anterior primeiro-ministro, António Costa, para o cargo de presidente do Conselho Europeu, Luís Montenegro concordou. “Com certeza, será sempre com o intuito de poder salvaguardar a melhor posição possível para Portugal”.