O realizador e ator inglês Edgar Wright é o responsável por esta segunda adaptação ao cinema do livro de ficção científica que Stephen King publicou em 1982, sob o pseudónimo de Richard Bachman, e que se passa nos EUA, num futuro distópico (por coincidência, King situou-o em 2025), em que os concorrentes de um popularíssimo reality show da televisão controlada pelo Estado e chamado The Running Man, fogem por todo o mundo dos seus perseguidores, que os querem matar. O vencedor ganha uma quantia astronómica. A primeira versão do livro, O Gladiador, data de 1987 e foi realizada por Paul Michael Glaser, com Arnold Schwarzenegger interpretando o papel principal. Glen Powell sucede a Schwarzenegger em The Running Man, e é acompanhado no elenco por Josh Brolin, William H. Macy, Michael Cera, Colman Domingo e Emilia Jones.

Nesta era em que o digital predomina até no cinema, é refrescante aparecer um filme “analógico” como Relay, em que os correios tradicionais e as máquinas de escrever têm um papel importante. Realizado por David Mackenzie  (Hell or High Water-Custe o que Custar!), Relay passa-se em Nova Iorque e Riz Ahmed interpreta Ash, que tem uma actividade clandestina bem paga: intermediário entre empresas corruptas e ex-funcionários destas que têm documentos que as comprometem, e os querem devolver para não terem problemas. Ash trata de tudo de forma engenhosa e sem qualquer contacto pessoal, mediante um bom honorário, guardando uma cópia dos documentos por segurança. Só que um dia estraga tudo ao quebrar as suas regras e envolver-se com uma cliente, Sarah (Lily James). Um thriller bem imaginado e orquestrado, ágil e com um toque maquiavélico.

Este documentário da alemã Steffi Niederzoll recorda o caso da iraniana Reyhaneh Jabbari, uma estudante de arquitetura e decoradora de 19 anos que em 2007 foi presa e condenada à morte por ter assassinado à facada um médico que a tentou violar, após fingir que queria contratar os seus serviços. O homem tinha laços com os serviços secretos. Reyhaneh acabou por ser executada sete anos depois da sua prisão e julgamento (daí o título do filme). Niederzoll recria o calvário de Reyhaneh e da sua família, que tudo fez para tentar que ela fosse graciada e libertada, incluindo o recurso a instâncias internacionais, através de imagens que foram feitas pelos familiares e usando vídeos pessoais, secretamente gravados e fornecidos por estes, juntamente com telefonemas dela, ou ainda cartas que foram escritas na prisão. Um filme chocante sobre a situação das mulheres no Irão teocrático.

Jafar Panahi ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes com esta fita que rodou clandestinamente, apesar do governo do Irão ter levantado recentemente a interdição de filmar que pesava sobre ele (e que Panahi sempre ignorou e contornou). Um mecânico e garagista julga reconhecer, num cliente que veio pedir assistência depois de ter atropelado um cão com o carro, o homem que o torturou sadicamente quando esteve preso nas cadeias do regime. Consegue raptá-lo, enfiá-lo na sua carrinha e levá-lo para um lugar ermo, onde tenciona consumar a sua vingança enterrando-o vivo, mas o homem nega ser o torcionário e suplica pela sua vida. Roído pela dúvida, o mecânico vai então em busca de outras vítimas dele que o possam identificar de forma indesmentível. Foi Só Um Acidente foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.