A televisão está prestes a deixar de ser apenas um ecrã grande para se tornar num verdadeiro ponto de conversa. A Samsung começou a disponibilizar uma camada de inteligência artificial conversacional nos seus televisores de 2025, capaz de responder a perguntas sobre aquilo que está a acontecer no ecrã e muito para lá disso.

Para quem passa noites a saltar entre séries, desporto e YouTube, esta pode ser a atualização que transforma a experiência de ver TV em algo mais útil, mais rápido e, sobretudo, mais natural.

O que é o Vision AI Companion?

A Samsung chama-lhe Vision AI Companion. Na prática, é a evolução do Bixby, o assistente da marca, agora com modelos generativos por trás e uma abordagem mais contextual. O nome não foi escolhido ao acaso: além de ouvir perguntas, o sistema “vê” o que está no ecrã e usa essa informação para ajudar.

É a diferença entre perguntar a um assistente num altifalante e falar com quem está mesmo a acompanhar a transmissão ao vivo.

TVs Samsung ganham Bixby com IA generativa

Conversas naturais no sofá da sala

A grande promessa é a fluidez. Em vez de comandos rígidos, podemos fazer perguntas em linguagem corrente, com direito a seguimentos e correções, sem recomeçar do zero. Exemplos reais de uso: – Quem é este ator e em que filmes mais entra? – De que pintor é esta obra e em que museu está exposta? – Quanto ficou o jogo e quem marcou?

O Companion lembra-se do contexto. Se perguntar quem marcou, ele percebe que se refere ao encontro que está a ver, não a um jogo aleatório. A conversa continua, como se estivesse a falar com um amigo que domina os detalhes do que está no ecrã.

Respostas visuais e contexto no ecrã

Porque tudo acontece na TV, as respostas não são apenas ditas: aparecem com elementos visuais, mini‑cartões informativos, imagens e ligações úteis. O objetivo é reduzir fricção. Quer ver mais filmes com essa atriz? Surgem sugestões com acesso imediato. Quer saber o resultado final com estatísticas? Tem dados no ecrã, sem ter de desbloquear o telemóvel.

O cérebro por detrás: Copilot, Perplexity e Bixby renovado

A Samsung não está sozinha na engenharia. O Vision AI Companion conjuga vários modelos, incluindo o Microsoft Copilot e o Perplexity, além de um Bixby modernizado. Esta mistura permite compreender melhor perguntas abertas, cruzar fontes e gerar respostas mais completas. A empresa aponta conversas naturais, gestão de contexto e capacidade para lidar com perguntas de seguimento como pilares desta geração.

Mais do que ver TV: tradução, otimização de imagem e recomendações

O Companion não vive isolado. Passa a ser a porta de entrada para outras funções de IA dos televisores da Samsung: Otimização de imagem por IA: ajuste automático de parâmetros para cenas escuras, desporto ou animação. Tradução em tempo real: útil em conteúdos estrangeiros, videochamadas e até configurações, reduzindo a barreira linguística. Descoberta e recomendações: filmes e séries alinhados com o que está a ver e com o seu histórico, mas também sugestões inesperadas quando pede algo como “quero uma comédia leve para 30 minutos”. Conselhos do dia a dia: pedir uma receita rápida com o que tem no frigorífico, organizar um roteiro de fim de semana ou encontrar restaurantes por perto, tudo sem tirar os olhos da TV.

Disponibilidade e idiomas

A função foi apresentada na IFA e está agora a chegar à linha de televisores de 2025 da Samsung. O suporte linguístico inclui 10 idiomas no arranque, entre os quais inglês, coreano e espanhol, com a marca a expandir gradualmente a abrangência. Faz sentido: a TV é o principal dispositivo da Samsung para “falar” com a casa, já que a empresa não tem colunas inteligentes dedicadas em grande escala fora dos seus eletrodomésticos.

O que isto muda no dia a dia

Há dois ganhos óbvios: Menos fricção: muitas perguntas passam a ser resolvidas no próprio ecrã, sem trocar de dispositivo. – Mais envolvimento: recomendações, contexto e dados complementares aparecem no momento exato, enriquecendo o que está a ver.

E há um terceiro impacto, mais subtil: a TV deixa de ser passiva. Torna-se um “cérebro” que cruza informação, entende preferências e ajuda a decidir o que ver, comer, visitar ou reservar. Para famílias, isto pode simplificar noites de zapping intermináveis.

Privacidade, controlos e limites

Com mais IA vem a necessidade de mais controlo. Vale a pena: Rever as definições de privacidade, histórico e partilha de dados. Ajustar microfones e permissões de voz, bem como perfis individuais, se existirem. Ver como são tratados os dados usados para recomendações e traduções.

Também é importante gerir expectativas. A IA nem sempre acerta, sobretudo em transmissões ao vivo ou conteúdos menos populares. Além disso, algumas respostas poderão depender de ligação à internet e de serviços externos, o que implica eventuais latências.

Concorrência e o retrato da sala inteligente em 2025

A Samsung entra numa corrida onde Google TV, webOS da LG e o ecossistema Amazon Fire TV já tinham dado passos. A diferença aqui é a ambição de tornar a IA conversacional no próprio centro da experiência, com visão do ecrã e respostas ricas. Se a integração for afinada, isto pode definir o novo padrão para os próximos anos: menos aplicações isoladas, mais um assistente que orquestra tudo.

Fonte: Theverge