É o assunto que está a motivar capas de jornais no futebol espanhol e que parece não ter propriamente uma solução à vista — mesmo com um Campeonato do Mundo a acontecer no próximo verão. Depois de ser convocado para o duplo compromisso de Espanha nestes dias, Lamine Yamal foi também desconvocado. E embora Real Federação de Futebol (RFEF) e Barcelona queiram manter a tranquilidade, os dois treinadores não têm medido palavras.
Ainda que a história em si não tenha começado na sexta-feira, este novo capítulo começou mesmo no final da semana passada. Lamine Yamal foi naturalmente convocado por Luis de la Fuente para os jogos de Espanha contra Geórgia e Turquia, sábado e terça-feira, numa dupla jornada em que os espanhóis podem qualificar-se para o Mundial 2026. Dias depois, durante a manhã de terça-feira, a RFEF emitiu um comunicado duro onde anunciava que o avançado estava afinal desconvocado e não estaria disponível por ter sido submetido a um tratamento que obriga a algum repouso — algo que o Barcelona terá omitido até a convocatória ser pública.
Lamine Yamal es desconvocado para jugar contra Georgia y Turquía.
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— Selección Española Masculina de Fútbol (@SEFutbol) November 11, 2025
“Os Serviços Médicos da RFEF desejam expressar a sua surpresa e mal-estar por terem tido conhecimento, às 13h47 desta segunda-feira, dia do início da concentração oficial com a seleção nacional, que o jogador Lamine Yamal foi submetido a um procedimento invasivo de radiofrequência para o tratamento de um problema na púbis nessa mesma manhã. Esse procedimento aconteceu sem comunicação prévia ao corpo médico da seleção, que só teve conhecimento dos detalhes através de uma nota recebida às 22h40 de segunda-feira à noite, em que é indicada a recomendação médica de repouso de sete a dez dias”, pode ler-se no comunicado da Federação, que acrescentava que o avançado foi desconvocado para “dar prioridade à sua saúde, segurança e bem estar”.
Do lado do Barcelona, numa curta reação enviada às redações, a resposta não alimentou o tema. “Na ótica do nosso clube e do jogador tem toda a lógica. O Lamine quer estar bem para o resto da temporada, não para dois jogos em que Espanha já não joga nada”, sublinharam os catalães, com Luis de la Fuente a responder em conferência de imprensa horas depois. “Há procedimentos que acontecem à margem da Federação. É disso que se trata, temos de o aceitar. Nunca vivi uma situação assim, não acho que seja muito normal. Surpreendeu-nos a todos. Não tens notícias, não conheces pormenores, ainda por cima num problema de saúde. Daí ter ficado surpreendido”, disse o selecionador espanhol.
Na RFEF, de acordo com o El País, o clima é mesmo de estupefação — até pelas boas relações entre Deco e Aitor Karanka, diretor desportivo do Barcelona e diretor técnico da seleção, e também Joan Laporta e Rafael Louzán, presidente dos catalães e presidente da Federação. Ainda assim, a verdade é que o diferendo entre clube e RFEF sobre Lamine Yamal não é novo, tem meses e não parece estar perto de terminar.
????????️| Luis de la Fuente: “This morning I was with Lamine to reassure him. He wanted to stay with us. He’s a player FULLY committed to the national team. He wanted to remain for personal reasons, but it was impossible. We were with him, we said goodbye to him, and he also said… pic.twitter.com/pAri83p4x0
— BarçaTimes (@BarcaTimes) November 11, 2025
Ainda em setembro, Lamine Yamal foi convocado por Luis de la Fuente e representou Espanha contra a Bulgária e a Turquia. Depois de uma semana de aparente normalidade, Hansi Flick revelou que o avançado estava lesionado e atribuiu responsabilidade à seleção. “É uma pena. Já saiu daqui com dores, deram-lhe analgésicos e jogou 73 e 79 minutos. Entre os dois jogos nem sequer treinou. Isto não é ter cuidado com os jogadores”, atirou o treinador alemão, indicando que o espanhol tinha sido diagnosticado com uma pubalgia.
As declarações de Hansi Flick caíram como uma bomba na RFEF, já que Lamine Yamal não apresentou quaisquer queixas na púbis enquanto esteve ao serviço do Espanha e só falou em dores nas costas, tendo recebido um analgésico por via intramuscular antes do segundo jogo. O avançado voltou aos relvados no final de setembro, depois de 15 dias de ausência, e foi utilizado contra a Real Sociedad e o PSG. Nesse sentido, já em outubro, Luis de la Fuente volta a convocá-lo — aproveitando para deixar uma farpa a Hansi Flick, ressalvando que “esperava mais empatia” de alguém que também foi selecionador.
Três horas depois da convocatória ser anunciada, contudo, o Barcelona emite um comunicado onde refere que Lamine Yamal se ressentiu da pubalgia e estará ausente entre duas a três semanas — sendo que, na noite anterior, a equipa médica da RFEF tinha falado com a equipa médica dos catalães para aferir a disponibilidade física de todos os jogadores convocados. O avançado foi desconvocado e voltou aos relvados já na segunda metade de outubro, depois de duas semanas de recuperação, algo que levou à nova chamada de Luis de la Fuente no final da semana passada.
Lamine Yamal dispensado da seleção espanhola após procedimento médico
Um mês depois, a história repetiu-se — com a gravidade acrescida de não se tratar de uma lesão aparentemente inesperada, mas sim de um tratamento previamente agendado. Resta saber como é que a utilização de Lamine Yamal por parte de Espanha será gerida pelo Barcelona nos próximos meses, tendo sempre como objetivo final um Mundial 2026 onde os espanhóis querem voltar a ser favoritos à conquista do troféu. Até lá, o presidente de RFEF procurou colocar algum gelo no assunto.
“A primeira coisa que temos de fazer é tomar conta do jogador. Existem algumas situações que podem ser geridas de uma maneira melhor, às vezes, mas a coisa mais importante é mesmo cuidar do jogador. É um jogador do clube e da seleção e é muito importante para as duas entidades que ele recupere o mais depressa possível. Não vamos alimentar qualquer controvérsia. É um grande jogador e o mais importante é que recupere para que possamos tê-lo de volta tanto no clube como na seleção o mais depressa possível”, defendeu Rafael Louzán.