Comentador deixa ainda um aviso: “Estão a liquidar o nosso planeta”
“Isto é um crime ético, político, é um assalto à verdade”, diz Miguel Sousa Tavares sobre os cartazes da candidatura de André Ventura às presidenciais. “O André Ventura não deve saber nada do que se passa no país para dizer que os imigrantes vivem de subsídios. Ele não vê os tipos da Uber, de manhã à noite, na cidade, para trás para a frente, a levar comida para a casa das pessoas – e os da Glovo e tudo isso.”
Miguel Sousa Tavares garante também que André Ventura é enganador quando diz que o Chega tem sido um dos que têm mais contribuído para a reforma laboral, “querendo que os imigrantes se vão embora porque, diz ele, se eles se forem embora os outros passam a ganhar melhor”. “Isto é falso de três maneiras: uma, o trabalho que os imigrantes fazem os portugueses não querem fazer; segundo, estamos a viver uma situação de quase pleno emprego – portanto, não há ninguém que esteja fora do mercado de trabalho por culpa dos imigrantes e a ganhar menos; terceiro, os salários no ano passado em Portugal subiram em média 7,5%”, afirma o comentador da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal).
“Estão a liquidar o nosso planeta”
Num dia marcado pela depressão Cláudia, que causou a morte de dois idosos em Fernão Ferro, Miguel Sousa Tavares voltou a apontar o dedo às fragilidades estruturais do país e, sobretudo, à incapacidade global de enfrentar a crise climática. “Normal não é, como este tempo também não é normal. A conclusão é que Portugal não está preparado para as alterações climáticas, embora saibamos que vamos ser dos países mais afetados por elas – sobretudo não com chuva, mas com seca.”
Para o comentador da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), o país está a “assistir a um ciclo infernal, que já sabíamos, que é muito calor e incêndios no verão e chuvas diluvianas em pouco tempo no inverno”. Sousa Tavares reitera também que é necessário olhar para a reunião do COP30 com preocupação. “Desde os acordos de Paris, o mundo viu subir a temperatura 1,35%, quando a meta de Paris era que subisse apenas 1,5% no final do século”.
“Há três coisas essenciais a fazer: consumir menos energia e o planeta está a consumir mais energia. Cortar as emissões de dióxido de carbono e ter dinheiro para a mudança da energia baseada em carbonetos para uma energia limpa. As três coisas não estão a acontecer”, destaca o comentador no seu espaço habitual de análise às quintas-feiras na TVI. “Estão a liquidar o nosso planeta.”
“Governo avançou à maluca”
Miguel Sousa Tavares analisa ainda a greve geral, marcada para 11 de dezembro. Para o comentador, a origem do problema é clara: o Governo avançou sozinho com um pacote laboral sem negociações prévias com sindicatos e patrões. “Eu percebo a intenção do Governo em mudar uma estrutura de direito laboral que foi pensada para uma economia que cada vez existe menos. O que eu não percebo é que o Governo resolva apresentar uma proposta sem discussão prévia com os sindicatos e com os patrões, com os parceiros sociais – se há matéria de concertação social e de discussão em sede de concertação social, é esta”.
E acrescenta: “O Governo avança à maluca com uma proposta que obviamente já tinha preparado e depois fica muito espantado quando os sindicatos dizem ‘assim não brincamos, assim vamos para uma greve geral”, conclui Miguel Sousa Tavares.