Juan Carlos Torrejon / EPA

Johann Wadephul, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha

Ainda a questão dos semicondutores, da Nexperia, e do confronto com o Governo holandês. Mas houve uma “afronta” que Berlim não gostou.

China e Países Baixos estão numa disputa económica séria, que está a criar uma crise global no fornecimento de semicondutores.

O governo dos Países Baixos praticamente declarou uma “guerra” à China, ao assumir o controlo da Nexperia – uma empresa de semicondutores sediada nos Países Baixos, mas com propriedade chinesa, do grupo Wingtech.

Mas a Wingtech foi confiscada pelo governo holandês, que alegou “graves deficiências” na gestão do grupo; e, assim, o Ministério das Finanças holandês assumiu o controlo das operações da Nexperia.

O Governo dos Países Baixos considera que estava em causa “uma ameaça à continuidade e à salvaguarda de know-how e capacidades tecnológicas cruciais na Holanda e na Europa” e, por isso, aplicou a denominada Lei de Disponibilidade de Ativos.

O Governo de Pequim suspendeu as exportações dos chips da Nexperia (70% são feitos na China) e registam-se paragens de produção um pouco por todo o mundo.

Agora, a China tenta ajuda da Alemanha. Está mesmo a pressionar a Alemanha para que convença os Países Baixos a revogar a apreensão da Nexperia, indica a agência Reuters.

Os ministros do Comércio dos dois países já falaram ao telefone sobre o assunto.

O Governo de Pequim espera mesmo que a Alemanha tenha um papel activo para que os Países Baixos possam corrigir as suas “práticas erróneas” e promover uma resolução rápida.

“Afronta”

Mas a China tem adoptado uma postura de maior confronto com a Europa, especialmente com a Alemanha.

Nos últimos meses a China reverteu completamente a sua postura nas relações com a Alemanha, resume o Handelsblatt.

No final de Outubro, Johann Wadephul, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, cancelou à última hora uma viagem à China que estava planeada há muito tempo.

Cancelou a viagem porque a China cancelou quase todos os compromissos, também em cima da hora – contrariando a prática diplomática.

Oficialmente, o Governo indicou que a viagem foi cancelada por motivos de agenda. Mas esta foi uma “afronta” que o Governo alemão não estava disponível para tolerar, descreve o jornal.

A China sente-se num nível acima da Europa, nomeadamente na revolução tecnológica. E o Governo de Pequim estará a aproveitar o facto de estar na frente dessa corrida para se mostrar independente, sem necessitar de parceiros europeus; e para apresentar determinadas exigências – ou determinadas sobrancerias, segundo os alemães.


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