Dmitriy Pichugin / Wikimedia Commons

Um Air Force MiG-31 russo
Intersetar um objeto bélico com tecnologia de ponta russa não é simples, mas a Ucrânia descobriu a solução. Armas dos adversários falham o alvo em centenas de metros.
Como neutralizar uma das armas mais avançadas e temidas da Rússia, o míssil hipersónico Kinzhal? Com interferências e música, acaba de descobrir a Ucrânia.
O míssil Kinzhal, capaz de voar a Mach 5,7 e lançado a partir de intercetores MiG-31 modificados, pode transportar uma ogiva de 454 kg (1.000 libras) por mais de 480 km (300 milhas).
Segundo o Interesting Engineering, este míssil viaja tão depressa que até os sistemas de defesa aérea Patriot, fabricados nos EUA, têm dificuldades em intercetá-lo, e a Rússia utiliza frequentemente o míssil em bombardeamentos semanais contra centrais elétricas — e cidades, e civis.
Agora, as forças ucranianas afirmam que o seu sistema de guerra eletrónica (EW) “Lima”, desenvolvido internamente, está a interferir com sucesso com o sistema de orientação do míssil Kinzhal.
Ao contrário dos sistemas tradicionais de guerra eletrónica que transmitem ruído para sobrecarregar os sinais, o míssil Lima utiliza a supressão digital, combinando interferência, falsificação de sinal e ataques cibernéticos para confundir o recetor de navegação da arma.
Num gesto simbólico, a Ucrânia substituiu o sinal de navegação por satélite do míssil pelo hino patriótico ucraniano “O Nosso Pai é Bandera”, uma homenagem ao líder nacionalista da Segunda Guerra Mundial, Stepan Bandera — que é acusado pelos russos de ser um “assassino judeu e colaborador nazi”.
Aparentemente, a disrupção causada pelo som desta música no sistema Lima tem-se mostrado eficaz a interferir com o sistema de orientação dos Kinzhal.
As armas guiadas por satélite, como o míssil Kinzhal, dependem de um sinal GPS ou GLONASS estável para obter precisão. Mas quando o Lima interrompe esta ligação, o sistema de orientação do míssil volta a utilizar um sistema de navegação que acumula erros rapidamente.
O resultado? Os mísseis começam a falhar os seus alvos — por centenas de metros.