António Cotrim / LUSA

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas
Passos Coelho e Cavaco Silva ouviram a promessa de uma capital mundial da Justiça Social, da Inovação e da Cultura.
Um Carlos Moedas na primeira fila, sorridente, praticamente ao lado de uma Alexandra Leitão, menos sorridente.
Assim apareceram os dois principais candidatos à Câmara Municipal de Lisboa na tomada de posse do vencedor Moedas.
A cerimónia decorreu nesta segunda-feira e o presidente reeleito fealçou que os lisboetas lhe deram “uma clara vitória eleitoral” no dia 12 de outubro e reforçaram a confiança no seu projeto político e social, sublinhando que a sua função é governar a cidade “pelo bem comum”.
O autarca assumiu a ambição de tornar a cidade a capital mundial da Justiça Social, da Inovação e da Cultura. “Porque nós não temos medo de sonhar, só temos medo de que os nossos sonhos sejam pequenos demais. E é esse sonho, que deve ser não só para Lisboa, mas para toda a nossa Área Metropolitana”, declarou Carlos Moedas, no seu discurso na cerimónia de tomada de posse, que ocorreu na Gare Marítima de Alcântara.
Carlos Moedas assegurou que está aberto ao diálogo, a compromissos com outros partidos: “Uns, como eu, fá-lo-ão governando. Outros o farão exercendo as funções de oposição. É assim a natureza da democracia e também a sua riqueza. […] O pior que podemos fazer à democracia seria impor-lhe as nossas idiossincrasias e tal vale para quem governa, como para quem está na oposição. Quem exerce o governo deve governar, dialogando e encontrando compromissos. E quem exerce a oposição deve deixar governar, fiscalizando a ação de quem governa”.
Considerando que “não haveria democracia que funcione sem essa estabilidade”, Carlos Moedas disse que terá “a abertura ao diálogo e ao compromisso para cumprir a vontade das pessoas, não as vontades partidárias”.
Vai ser difícil
Mas essa abertura não será fácil, avisou Alexandra Leitão.
“Em princípio, e não me estando a vincular a nada, porque temos também que conversar, temos que ver, mas em princípio eu diria que será difícil viabilizarmos orçamentos deste executivo”, disse a candidata do PS, ainda antes da cerimónia.
Liderando a vereação socialista no executivo municipal de Lisboa, Alexandra Leitão reforçou que o PS vai ser “uma oposição rigorosa, muito exigente, leal, como sempre”.
Presidente da Assembleia é PS
E Moedas já teve a primeira derrota, logo a seguir à tomada de posse: o presidente da Assembleia Municipal de Lisboa é do PS.
O eleito foi André Moz Caldas (PS/Livre/BE/PAN) que conseguiu os votos dos deputados da sua coligação e do PCP – mas também de alguém da direita. Foram 37 votos contra 31; a coligação PSD/CDS/IL teria 32 votos à partida.
O voto é secreto, claro, por isso não se sabe se foram deputados do Chega ou da própria coligação PSD/CDS/IL que preferiram o nome do PS – ou a abstenção, ou voto nulo – em vez de Margarida Mano (PSD), que foi ministra da Educação durante um mês, no famoso Governo curto de Passos Coelho antes de ser assinada a “geringonça”.
Cavaco e Passos (lá atrás)
Entre diversas personalidades, não só da política, que estiveram presentes na tomada de posse, destacavam-se Aníbal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho.
Mas aqui houve um momento visual que se destacou, na transmissão televisiva: Passos Coelho estava lá atrás, de pé, aparentemente longe da primeira fila.
“Era interessante saber se Pedro Passos Coelho ocupou o lugar que lhe estava destinado. Não me parece que tenha sido uma questão de ter chegado atrasado”, sugere o comentador Miguel Santos Carrapatoso, na rádio Observador.
Aliás, por regra, nestas situações de atraso, o protocolo dita que algum organizador indique ao convidado que há uma cadeira disponível lá à frente. Não aconteceu, aparentemente.
A relação entre Carlos Moedas e Pedro Passos Coelho não é propriamente a mais próxima – embora Moedas tenha sido secretário de Estado Adjunto do então primeiro-ministro.
Na recente campanha para as eleições autárquicas, Passos Coelho apareceu ao lado de Marco Almeida (Sintra) ou de Suzana Garcia (Amadora). Mas não apareceu publicamente a apoiar Moedas; limitou a desejar-lhe “boa sorte”, ao longe.