Um novo estudo arqueológico aponta para a possibilidade de haver uma passagem secreta na Pirâmide de Miquerinos, a mais pequena das três Grandes Pirâmides de Gizé, no Egipto. Este resultado reforça a hipótese de que poderá existir uma entrada secreta escondida no monumento.
A investigação foi realizada por uma equipa de arqueólogos e cientistas egípcios e alemães, que passou três anos a estudar a pirâmide utilizando técnicas “não invasivas”. As conclusões foram publicadas num artigo científico na edição de Outubro da revista NDT & E International.
Na face leste da pirâmide, há uma área com cerca de quatro metros de altura por seis de largura onde os blocos de granito são “notavelmente polidos”, o que sugere algo incomum: “Pedras tão lisas só se encontram naquilo que actualmente é a única entrada da pirâmide”, escreveram os investigadores em comunicado, da Universidade Técnica de Munique.
A Pirâmide de Miquerinos foi construída no reinado do faraó Miquerinos, por volta de 2490 a.C., e tinha originalmente 65 metros de altura
Universidade Técnica de Munique/Projecto ScanPyramids
O estudo, desenvolvido no âmbito do projecto ScanPyramids, e que envolveu cientistas da Universidade do Cairo, além da Universidade Técnica de Munique, investigou a hipótese de haver outra entrada para a Pirâmide de Miquerinos.
O que veio a revelar-se foram “duas anomalias preenchidas por ar directamente atrás dos blocos de granito polido”, lê-se no artigo científico. As cavidades encontram-se a cerca de 1,4 e 1,13 metros de profundidade em relação à fachada leste da pirâmide. Ambas parecem ligeiramente inclinadas e situam-se imediatamente atrás da zona polida, possivelmente como parte do plano interno da pirâmide, embora a sua função exacta ainda seja desconhecida.
Zona polida da fachada leste da Pirâmide Miquerinos
Projecto ScanPyramids
Para testar esta hipótese, foram utilizadas três técnicas não destrutivas: a tomografia de resistividade eléctrica, o radar de penetração no solo e a inspecção ultra-sónica, na face oriental da Pirâmide de Miquerinos.
A mais pequena do trio — Quéops, Quéfren e Miquerinos —, a Pirâmide de Miquerinos construída durante o reinado do faraó Miquerinos por volta de 2490 a.C., tinha originalmente 65 metros de altura e foi escavada entre 1906 e 1910 pelo arqueólogo norte-americano George Reisner. Desde então recebeu pouca atenção.
Em 2019, o investigador neerlandês Stijn van den Hoven propôs que a parte da fachada leste que está polida pudesse marcar uma segunda entrada para as câmaras interiores da pirâmide. Na altura, a hipótese recebeu pouca atenção, mas as novas descobertas reforçam a sua credibilidade.
Apesar da detecção das cavidades, os investigadores ainda não conseguiram determinar a extensão total dos espaços vazios, devido às limitações das técnicas utilizadas. Por isso, sugerem a necessidade de futuras investigações com recurso a técnicas mais avançadas.
A descoberta sucede à identificação, em 2023, de um corredor oculto na Grande Pirâmide de Quéops, também revelado pelo projecto ScanPyramids, que, desde 2015, se dedica ao estudo das pirâmides do Antigo Egipto para perceber como foram construídas – e se ainda escondem segredos.
Texto editado por Teresa Firmino