Alegado ataque ao alto funcionário, que não foi identificado, iria ter lugar num cemitério nos arredores de Moscovo
Os serviços secretos russos dizem ter frustrado um plano da Ucrânia para assassinar um alto funcionário do Kremlin em território russo, enquanto o suposto alvo visitava um cemitério.
A informação do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) surge no mesmo dia em que os habitantes de Kiev enfrentavam mais uma noite de ataques aéreos russos que mataram, pelo menos, quatro pessoas, de acordo com autoridades ucranianas.
Segundo um comunicado divulgado esta sexta-feira pelo FSB, os serviços especiais ucranianos planearam atacar o funcionário, descrito como “um dos mais altos funcionários do Estado russo”, enquanto ele visitava as sepulturas dos pais num cemitério nos arredores de Moscovo.
No mesmo comunicado, o FSB também revela que a Ucrânia está a planear ataques semelhantes dentro da Rússia.
A CNN não conseguiu verificar de forma independente as alegações da Rússia. O Serviço de Segurança da Ucrânia nega a notícia. Numa resposta escrita enviada à CNN, os ucranianos acusam os russos de estarem “a produzir notícias e declarações falsas”. “A nossa posição é não comentar esses disparates”, acrescenta-se.
A Ucrânia já reivindicou, no passado, a responsabilidade pelo assassínio de oficiais russos, incluindo um comandante morto no mês passado na Sibéria.
Tanto a Ucrânia como a Rússia lançaram ataques aéreos mútuos durante a madrugada desta sexta-feira, de acordo com as autoridades dos respectivos países.
Em Kiev, as autoridades locais adiantam que, pelo menos, quatro pessoas foram mortas e 27 ficaram feridas no ataque desta madrugada. Entre os feridos estavam duas crianças e uma mulher grávida, de acordo com a administração militar da cidade.
Mais de 15 edifícios ficaram danificados na capital, incluindo residências e uma unidade médica.
Entretanto, um ataque com drones ucranianos teve como alvo a cidade portuária russa de Novorossiysk, ferindo, pelo menos, quatro pessoas e danificando um depósito de petróleo, de acordo com o governador de Krasnodar Krai.
Os assassínios tornaram-se uma marca registada da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Os assassínios seletivos dentro da Rússia e nas zonas da Ucrânia ocupadas pelos russos têm vindo a aumentar desde 2022, de acordo com o grupo de monitorização Armed Conflict Location & Event Data (ACLED).
Segundo o ACLED, houve mais tentativas de assassínio dentro da Rússia nos primeiros três trimestres de 2025 do que o total anual dos três anos anteriores.
No mês passado, a Ucrânia disse ter assassinado um oficial russo, Veniamin Mazzherin, utilizando um carro-bomba. De acordo com os serviços secretos ucranianos, Mazzherin, vice-comandante de uma unidade da polícia militar russa em Kemerovo, no sudoeste da Sibéria, terá ajudado a liderar uma unidade especial envolvida em “crimes de guerra e genocídio contra o povo ucraniano”.
Em abril, o general russo Yaroslav Moskalik foi morto numa explosão de um carro nos arredores de Moscovo. As autoridades russas acusaram um “agente dos serviços especiais ucranianos” de terrorismo, embora a Ucrânia não tenha reivindicado qualquer responsabilidade pelo incidente.
Alguns meses antes, um general russo de alto escalão acusado de usar armas químicas na Ucrânia foi morto por uma bomba detonada remotamente, colocada numa scooter elétrica do lado de fora de um edifício residencial em Moscovo. Uma fonte com conhecimentos da operação indicou à CNN, na altura, que os serviços de segurança da Ucrânia estavam por detrás do assassínio.
Em novembro de 2023, a Ucrânia disse ser responsável pelo assassinato de Mikhail Filiponenko, um deputado de uma assembleia instalada pelo Kremlin na cidade ocupada de Lugansk, no leste da Ucrânia. Filiponenko também foi morto com um carro-bomba.
A Ucrânia também tem sido palco de assassínios. Em julho, um agente dos serviços de segurança ucranianos foi morto a tiro em plena luz do dia, em Kiev, com as autoridades a culparem os serviços de segurança russos pelo homicídio.
Kosta Gak, Catherine Nicholls, Daria Tarasova-Markina e Anna Chernova, da CNN, contribuíram para este artigo.