ZAP // Erich Ferdinand / Flickr

Homo neanderthalensis, o Homem de Neandertal

Uma nova pesquisa teoriza que os neandertais não se extinguiram e que, em vez disso, se fundiram geneticamente com os homo sapiens.

Um novo estudo desafia a crença antiga de que os neandertais desapareceram completamente há cerca de 40 mil anos, propondo, em vez disso, que foram gradualmente absorvidos pela crescente população de Homo sapiens através de extensos cruzamentos.

Investigadores da Universidade de Roma Tor Vergata, do Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia Aquáticas e da Universidade de L’Aquila desenvolveram um modelo matemático que sugere que o desaparecimento dos neandertais foi menos uma extinção e mais uma fusão genética. As descobertas, publicadas na revista Scientific Reports, propõem que, num período de 10 mil a 30 mil anos de contacto, os neandertais foram quase totalmente absorvidos pelo património genético humano.

A investigadora principal, Andrea Amadei, e os seus colegas descrevem o seu modelo como simples, mas “robusto” para explicar o declínio observado dos neandertais. Utilizando dados sobre as taxas de natalidade dos caçadores-coletores modernos, estimaram como pequenos grupos de neandertais poderiam ter sido gradualmente absorvidos por uma população de Homo sapiens muito maior e reprodutivamente mais prolífica, refere o Science Alert.

O estudo parte do pressuposto de que os genes neandertais não conferiam qualquer vantagem específica de sobrevivência, mas o modelo prevê ainda a sua eventual assimilação genética. Se fossem consideradas características neandertais vantajosas, como as ligadas à imunidade ou à adaptação ao frio, os autores sugerem que a hipótese de assimilação seria ainda mais forte.

O novo modelo está em linha com as recentes evidências arqueológicas que indicam que o declínio dos neandertais na Europa foi gradual, e não abrupto. Estudos genéticos modernos já mostram que as pessoas de ascendência não africana retêm cerca de 1% a 4% de ADN neandertal, um testemunho desta longa e complexa história de cruzamentos.

O Homo sapiens começou provavelmente a migrar de África muito antes do que se pensava, chegando em vagas migratórias que chegaram à Europa possivelmente há mais de 200 mil anos. Cada influxo de humanos primitivos pode ter integrado ainda mais as comunidades neandertais na população crescente, “como areia levada para o mar”, escrevem os autores.

Além da genética, os investigadores realçam que os neandertais estavam longe de ser primitivos. Fabricavam ferramentas, produziam arte, controlavam o fogo e provavelmente possuíam capacidades de comunicação sofisticadas. O seu desaparecimento, portanto, não se deveu à inferioridade, mas à mistura inexorável de duas populações estreitamente relacionadas.


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