Além de “O Ofício de Viver” (póstumo, 1952), um dos melhores diários literários modernos, mesmo quando desagradável (misoginia, amargura, masoquismo e outros “maus sentimentos”), as obras fundamentais de Cesare Pavese são as novelas e o romance “A Lua e as Fogueiras” (1950). Os contos, em especial os de “Férias de Agosto” (1946), têm um estatuto algo impreciso. Muitos são breves ou brevíssimos, tão autobiográficos que todos os protagonistas têm afinidades com o autor e todos os lugares parecem os lugares onde viveu (a comuna de Santo Stefano Belbo, a cidade de Turim). São, digamos, recordações de infância e juventude levemente ficcionadas. E neste livro, dividido em três partes, a terceira secção funciona como adenda teórica aos contos rurais e urbanos, acentuando acima de tudo a natureza do mito (ainda que fosse comunista, Pavese manifestou vivo interesse pela matéria potencialmente “reaccionária” dos mitos, e sobre isso escreveu “Diálogos com Leucò”, 1947, e no ano seguinte lançou na progressista Einaudi uma colecção de estudos religiosos, etnológicos e psicológicos).

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