Foi preso em Espanha o líder de um dos maiores gangues de tráfico de drogas do Equador, numa operação conjunta das polícias dos dois países, confirmou o Presidente equatoriano Daniel Noboa este domingo, 16 de Novembro.
“Hoje retrocedem as máfias. Hoje ganha o Equador”, salientou Noboa, citado pela agência de notícias espanhola Europa Press.
Wilmer Geovanny Chavarria, conhecido como “Pipo” Chavarria, liderava o cartel Los Lobos, considerado a maior organização de narcotráfico do Equador, que os EUA designaram, em Setembro, como organização terrorista internacional, juntamente com o gangue Los Choneros, também do Equador.
“Pipo” Chavarria controlava operações de exploração mineira ilegais e rotas de tráfico de droga, em parceria com o Cartel Jalisco e o Cartel de Sinaloa, ambos do México. Foi detido em Málaga, informou Pablo Maldonado, comandante da Polícia Nacional do Equador.
O líder criminoso tinha forjado a própria morte em 2021, mudando de identidade e refugiando-se na Europa, enquanto “ordenava assassinatos no Equador”. Já depois da morte dissimulada de Chavarria, suspeita-se que o cartel terá sido responsável pela invasão, em directo, dos estúdios da televisão pública equatoriana, em 2024.
“Alguns deram-no como morto, procurámo-lo no seu próprio inferno”, disse o Presidente numa publicação nas redes sociais, em que aplaudiu também o “trabalho conjunto” de colaboração com a polícia espanhola.
“Para combater o crime transnacional, a cooperação internacional é uma necessidade”, acrescentou.
O Ministro do Interior equatoriano, John Reimberg, informou, através das redes sociais, que Chavarria é tido como responsável por pelo menos 400 mortes, tendo gerido operações criminosas a partir da prisão entre 2011 e 2019.
O cartel Los Lobos é suspeito de ter orquestrado o assassinato de Fernando Villavicencio, candidato presidencial morto a tiro em 2023.
“Pipo” Chavarria tem ainda outros antecedentes criminais que remontam ao início dos anos 2000, entre os quais roubo, associação criminosa, tráfico de drogas, atentados terroristas e homicídios encomendados, acrescenta a Europa Press
Presença militar estrangeira referendada este domingo
A notícia da detenção surge no mesmo dia, 16, em que é referendada uma alteração à constituição do Equador, que permitirá o regresso de bases militares estrangeiras ao país. Noboa defende que a viabilização da presença militar estrangeira é fulcral no combate ao crime organizado.
Estudos da empresa de sondagens Cedatos sugerem que quase dois terços da população são favoráveis à mudança. Se aprovada, a Constituição voltará a permitir, 20 anos depois da cláusula constitucional proibitiva, que os EUA ocupem bases na costa pacífica do Equador, avança a Deutsche Welle.
Para o Equador, sairiam reforçados os laços com os EUA, que Noboa vê como fulcrais para combater a violência no país. Para a Administração Trump, este seria um passo relevante na campanha contra as redes de tráfico de droga sul-americanas.
Kristi Noem, secretária da Segurança Interna norte-americana, visitou o país antes da votação, tendo visitado antigas bases militares dos EUA nas cidades costeiras de Manta e Salinas, actualmente utilizadas pelas forças armadas equatorianas.
O Presidente equatoriano tem seguido uma estratégia de militarização no combate à crescente violência por parte de grupos de crime organizado, num país que outrora foi considerado um dos mais seguros da América Latina.
Analistas dizem que a captura de líderes de organizações criminosas tem tendência a provocar mais violência e assassinatos.