O café, tão presente no dia a dia dos brasileiros, ganhou novas evidências científicas que reforçam seu potencial funcional. Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com instituições como a Unirio, a Embrapa Rondônia e o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mostrou que compostos bioativos presentes no grão têm ação direta contra células tumorais do câncer de próstata.

O estudo analisou diferentes formas de extração e tipos de torra do Café Robusta Amazônica, produzido em Rondônia. Ele constatou que, quando preparado de modo a preservar a solubilidade e os componentes mais importantes – como cafeína e ácidos clorogênicos – o café apresenta efeito significativo na redução da proliferação tumoral.

O que o café fez no organismo durante os testes?

As análises ocorreram em laboratório, em condições controladas (in vitro). Mesmo assim, os resultados chamaram atenção. Os extratos do café foram capazes de diminuir a quantidade de células tumorais viáveis e impedir que elas continuassem se multiplicando. O dado mais interessante é que essa ação ocorreu ao mesmo tempo em que as células saudáveis preservaram-se, um ponto essencial quando se fala em tratamentos mais seguros e menos agressivos.

Fernanda Santos, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a Produtos para a Saúde, explica que uma das maiores dificuldades no combate ao câncer é justamente o ritmo acelerado com que as células malignas se proliferam. E, segundo ela, o extrato de café conseguiu bloquear etapas do ciclo celular responsáveis por esse avanço.

Um futuro promissor (e acessível)

Os pesquisadores acreditam que os achados podem abrir portas para estudos relacionados não apenas ao câncer de próstata, mas também a outros tipos de tumores. O Café Robusta Amazônica é fruto do trabalho de pequenos produtores da região Norte e tem papel significativo para a economia de Rondônia. Ver uma bebida tão popular e culturalmente brasileira ganhar destaque pela sua capacidade terapêutica fortalece ainda mais esse ciclo. A investigação acontece através do Centro Integrado de Análises em Alimentos e Nutrição (CIAN-UFF) e coordenada pelo professor Anderson Junger Teodoro, do departamento de Nutrição.

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