Os concept cars são verdadeiros laboratórios, através dos quais as marcas expõem as suas ambições visuais e técnicas. De forma impressionante, este modelo a combustão interna mostra que pode ser possível ser negativo em carbono.

Concept car Vision X-Coupe da Mazda

Apesar de os veículos elétricos serem apontados como o futuro, várias fabricantes continuam a apostar na evolução dos motores de combustão interna, procurando formas de os manter em circulação, mas adaptados ao futuro.

Neste sentido, a Mazda apresentou o Vision X-Coupe, um modelo que utiliza um biocombustível especial e funciona com um sistema inteligente de captura de carbono chamado Mazda Mobile Carbon Capture, conhecido por MMCC.

Alimentado com um biocombustível feito a partir de microalgas, o concept car integra, na traseira, um sistema capaz de capturar dióxido de carbono diretamente dos gases de escape.

Dispositivo para captura de CO2 da Mazda: Mazda Mobile Carbon Capture (MMCC)

Dispositivo para captura de CO2 da Mazda: Mazda Mobile Carbon Capture (MMCC)

Embora não seja claro se o novo grupo motopropulsor da Mazda consegue eliminar totalmente as emissões de carbono, a ideia é inédita no mundo automóvel.

O concept, mostrado no Japan Mobility Show, utiliza um motor rotativo de dois rotores com turboassistência em conjunto com um sistema híbrido plug-in.

De acordo com a ficha técnica, consultada pelo Popular Mechanics, o conjunto pode ultrapassar os 500 cavalos de potência. Além disso, a Mazda menciona uma autonomia de cerca de 800 km por depósito, resultado da utilização combinada do motor de combustão e do sistema híbrido.

Concept car Vision X-Coupe da Mazda

Como pode um carro ser negativo em carbono?

Segundo a Mazda, numa afirmação ambiciosa, o MMCC é um sistema negativo em carbono, numa designação que implica que o processo retire da atmosfera mais carbono do que aquele que liberta.

Os biocombustíveis produzidos a partir de microalgas que capturam CO2 durante o crescimento são responsáveis pela maior parte da redução de emissões, de acordo com a marca.

Ao longo de todo o processo, desde o cultivo e refinação das microalgas até à utilização final do combustível, a redução pode chegar aos 90% em comparação com combustíveis fósseis tradicionais.


O mecanismo é relativamente simples: as microalgas absorvem dióxido de carbono enquanto crescem e utilizam a energia solar para gerar lípidos que podem depois ser transformados em biocombustível.

O processo de refinação, contudo, ainda não é ideal. Para referência, a Mazda consegue produzir um litro de combustível a partir de um tanque de 1000 litros em cerca de duas semanas, atualmente. No entanto, a absorção de CO2 durante o crescimento já quase compensa o impacto total do combustível.

É nos restantes 10% das emissões típicas de um motor convencional que o MMCC pode destacar-se. Caso o dispositivo consiga remover mais do que estes 10% ao tratar os gases libertados durante a condução, o impacto global pode tornar-se negativo em carbono. Segundo a Mazda, isto é possível!

Tecnologia consegue a neutralidade carbónica, combinando combustível neutro em carbono com dispositivos de captura de CO2. Isto só é possível por se tratar de um motor de combustão interna, segundo a Mazda.

A empresa afirma que o MMCC consegue capturar 20% do dióxido de carbono presente nos gases de escape e o CO2 recolhido pode, depois, ser usado para cultivar novas microalgas, por forma a acelerar o crescimento de outras culturas agrícolas ou ainda para produzir componentes de fibra de carbono de elevado desempenho.

Embora seja uma ideia verdadeiramente ambiciosa, a Mazda divulgou poucos detalhes sobre o funcionamento interno deste sistema, apresentado num concept car.

Importa destacar, também, que a baixa produção é um dos maiores desafios dos biocombustíveis. A oferta reduzida e a procura limitada resultam em custos elevados que manter-se-ão provavelmente no futuro próximo, apesar de algumas variantes de biocombustível já estarem disponíveis.