O duplo homicídio aconteceu neste domingo por volta da hora do jantar n’ O Apeadeiro – Sarilhos, no Montijo, um restaurante que abriu em Fevereiro passado no edifício de uma antiga paragem ferroviária e tinha como donos a vítima mais velha e o alegado homicida. O estabelecimento estava aberto, quando foram desferidos os disparos sobre pai e filho, tendo várias pessoas testemunhado os crimes. O suspeito terá fugido de seguida numa viatura, encontrando-se em parte incerta.
O alegado assassino disparou sobre o sócio, um luso-brasileiro na casa dos 60 anos, que segundo o próprio contou ao site NiT, em Fevereiro passado, veio para Portugal durante a pandemia para alargar um negócio de eventos que tinha no Brasil. Era filho de portugueses e acabou por ficar.
“Quando vim para Portugal, recordei-me dos clubes que frequentávamos no Rio de Janeiro quando era miúdo, onde os almoços eram passados a falar deste país, de forma a preservar a cultura nacional. Quando visitei esta zona da Margem Sul identifiquei-me com tudo o que ouvi ao longo dos anos”, contou ao NiT, uma publicação com conteúdos ligados ao lazer.
Terá sido o luso-brasileiro a encontrar o apeadeiro e a apaixonar-se pelo local, onde estão expostas peças de antigas locomotivas, fotografias e outros artefactos. “Quando aqui vim pela primeira vez estava tudo degradado, em ruínas, mas as histórias que fui ouvindo de quem cá vive fascinaram-me. Esta passagem de nível assistiu a momentos inesquecíveis, desde casamentos, namoros. Há uma relação muito grande do local com as pessoas da terra. Por isso, decidimos resgatá-lo e restaurá-lo”, referiu ao site.
Os dois sócios recuperaram o espaço e abriram o restaurante, onde também trabalhava o filho do luso-brasileiro, um rapaz com mais de 20 anos, que ajudava regularmente o pai. Foi esta a segunda vítima do duplo homicídio.
A Polícia Judiciária de Setúbal, que está a investigar o caso, acredita que na origem dos homicídios estiveram desentendimentos ligados aos negócios entre os dois sócios. O alegado homicida, que já foi dono de um stand de automóveis, e, ao que tudo indica, terá actuado sozinho, tem antecedentes criminais.
Segundo fonte da GNR disse à Lusa, tudo aconteceu perto das 20h deste domingo, tendo as vítimas sido transportados para o Hospital do Barreiro em manobras de reanimação, por volta das 20h45. Foi já dentro da unidade hospitalar que foram declarados os óbitos. Os dois corpos ainda serão autopsiados no Instituto Nacional de Medicina Legal, em Lisboa.
Fonte do Comando Sub-Regional de Emergência e Protecção Civil da Península de Setúbal especificou à Lusa que o alerta para a ocorrência foi dado às 19h55. As vítimas foram encontradas “em paragem cardiorrespiratória” e submetidas a “manobras de suporte avançado de vida”. Por volta das 20h45, as duas vítimas estavam “a ser transportadas para o Hospital do Barreiro”, com o acompanhamento “das viaturas médicas de emergência e reanimação (VMER) do Barreiro e de Loures”.