A noite dos Oscars honorários voltou a transformar o Ray Dolby Ballroom, em Los Angeles, numa montra onde moda, memória e emoção se cruzaram. A cerimónia, que distingue carreiras de referência e marca o arranque simbólico da temporada, reuniu figuras que atravessaram a passadeira vermelha com visuais cuidadosamente escolhidos.

O dramatismo instalou-se logo na entrada com o vestido de Tamara Ralph usado por Jennifer Lopez. A peça da coleção outono/inverno 2025 combinava um decote em coração, corpete justo e uma saia volumosa, tudo iluminado por joias de Chopard que reforçavam o tom cinematográfico do momento.

Foto: Valerie Macon/AFP

Num registo mais contido, Emma Stone apareceu com um Louis Vuitton de decote Bardot, enquanto o Dior branco escolhido por Jennifer Lawrence, trabalhado em drapeados com uma fenda pronunciada, demonstrou como a simplicidade pode ser igualmente marcante.

Fotos: Caroline Brehman/EPA

Ariana Grande trouxe consigo o romantismo associado à sua personagem Glinda, de “Wicked: Parte II”, num Dior de 2007 em rosa pálido, com decote assimétrico e drapeados laterais. O coordenado tornou-se rapidamente um dos mais comentados da noite.

Foto: Valerie Macon/AFP

Romantismo e arrojo

O vermelho voltou a ganhar vida através do coordenado de Emily Blunt, um vestido de decote assimétrico com volumes no ombro e transparências subtis a partir da anca. As joias da Messika reforçaram-lhe a presença.

Foto: Valerie Macon/AFP

Numa paleta mais suave, Dakota Johnson escolheu um Valentino verde água, enquanto Amanda Seyfried apostou na ousadia controlada de um modelo com padrão às bolas castanho e branco, adornado com um laço rosa frontal e mangas com pelo?

Foto: Valerie Macon/AFP

Kate Hudson surgiu com um Valentino de decote halter, mangas de tul e pedraria delicada. Logo depois, Sydney Sweeney deixou a plateia a comentar o brilho quase líquido do seu Miu Miu, totalmente aplicado com pequenos cristais e acompanhado por uma capa que lhe dava movimento.


Fotos: Caroline Brehman/EPA e Valerie Macon/AFP

Natalie Portman afastou-se dos comprimentos tradicionais e optou por um Dior de pedraria, estruturado como se fosse uma pequena escultura. Kristen Stewart manteve a linha minimalista com um Rodarte preto, de decote palavra de honra e bordados florais. Mia Goth, igualmente fiel à Dior, escolheu um azul-bebé com dois laços marcantes na anca.

Fotos: Caroline Brehman/EPA e Valerie Macon/AFP

Por sua vez, Gwyneth Paltrow apostou no minimalismo pensado, num Dries Van Noten discreto, combinado com sapatos Paris Texas e joias de Juju Vera. A fechar o desfile informal, Cynthia Erivo destacou-se com um Givenchy arquitetónico, bordado e rematado por longas franjas.

Fotos: Valerie Macon/AFP e Caroline Brehman/EPA

Homenagens sentidas

As homenagens ocuparam grande parte da noite. Alejandro González Iñárritu entregou a Tom Cruise o seu primeiro Oscar honorário, descrevendo-o como “a personificação do cinema”, numa das intervenções mais aplaudidas da gala.

Foto: Michael Tran/AFP

Debbie Allen recebeu a estatueta das mãos de Cynthia Erivo, que a tratou por “Auntie” e divertiu a sala ao recordar a cena icónica de “Risky Business”.

Foto: Michael Tran/AFP

O momento mais comovente foi protagonizado por Wynn Thomas, primeiro designer de produção afro-americano da história do cinema. Ao recordar a infância pobre na Filadélfia, explicou com sinceridade e humor: “Chamavam-me maricas. Mas esse maricas cresceu e trabalhou com grandes cineastas.” O comentário provocou gargalhadas e uma onda de aplausos.

Foto: Michael Tran/AFP

A última distinção, o Jean Hersholt Humanitarian Award, foi entregue a Dolly Parton por mensagem gravada. Seguiu-se uma interpretação poderosa de “Jolene” por Andra Day, que pôs a sala de pé e encerrou a cerimónia com emoção à flor da pele.

Foto: Michael Tran/AFP

A noite terminou com a sensação de que Hollywood entrou, finalmente, em modo Oscars, entre moda, talento e histórias que continuam a inspirar a indústria.