A Comissão Europeia avançou esta segunda-feira com uma revisão em alta da estimativa para a economia portuguesa, antevendo agora um crescimento de 1,9 por cento em 2025. Para o próximo ano, conservou a previsão de uma progressão do PIB em 2,2 por cento.

“A procura interna deverá continuar a impulsionar o crescimento económico em Portugal, apesar da incerteza no comércio global”, indicam as previsões económicas de outono do Executivo comunitário.O cenário macroeconómico da proposta de Orçamento do Estado para 2026 aposta em crescimentos de dois por cento este ano e de 2,3 no próximo.


Recorde-se que em maio a Comissão Europeia projetava para o Produto Interno Bruto português um crescimento de 1,8 por cento.

Para 2027, a previsão de Bruxelas aponta para um crescimento económico de 2,1 por cento.


Este acerto é concretizado depois de a estimativa para o terceiro trimestre de 2025 ter revelado uma progressão de oito décimas assente nos bónus das pensões e no ajuste nas tabelas de retenção de IRS de agosto e setembro. Elementos que “estimularam a procura do consumidor”.


“O consumo privado também beneficiou de um aumento constante no emprego e nos salários, juntamente com taxas de juros mais baixas em empréstimos para famílias”, aponta ainda a Comissão Europeia, para acrescentar que o investimento “apresentou um forte crescimento, refletindo uma recuperação acentuada no setor da construção civil no segundo trimestre de 2025”.


Verifica-se, todavia, um abrandamento do desempenho das exportações, devido ao cenário de incerteza no comércio mundial. E o “turismo estrangeiro desacelerou após vários anos de forte desempenho, enquanto o turismo doméstico continuou a crescer num ritmo acelerado”.

“Espera-se que o investimento cresça ainda mais rápido do que o consumo privado em 2025 e 2026, quando o uso de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência atingir o seu pico”, antecipa Bruxelas.

Jornal da Tarde | 17 de novembro de 2025


Quanto à balança comercial, espera-se que as importações mantenham um ritmo de crescimento mais rápido do que as exportações, ainda que “a diferença de crescimento deva diminuir a partir de 2026”.Défice e dívida

Nas previsões conhecidas esta segunda-feira, a Comissão Europeia antevê ainda um saldo orçamental nulo em 2025 e um rácio do défice sobre o PIB de 0,3 por cento em 2026. Bruxelas mostra-se assim mais pessimista do que o Executivo de Luís Montenegro.

“Prevê-se que o crescimento da receita do Governo seja sólido em 2025, compensando apenas parcialmente a expansão sustentada das despesas governamentais”, avalia o Executivo comunitário, para o qual o saldo orçamental deve contrair-se “para 0,0 por cento do PIB em 2025, em comparação com os 0,5 por cento do PIB registados em 2024”.

Andrea Neves – correspondente da Antena 1 em Bruxelas


“Para 2026, prevê-se que o saldo das contas públicas passe a apresentar um défice de 0,3 por cento do PIB, refletindo o impacto de novas medidas permanentes que deterioram o saldo”.O Governo inscreveu na proposta de Orçamento do Estado um excedente de 0,3 por cento este ano e de 0,1 em 2026.


As novas projeções da Comissão Europeia traduzem um acerto em baixa relativamente ao excedente de 0,1 por cento previsto em maio e, em simultâneo, uma revisão em alta face ao défice de 0,6 por cento das previsões de primavera.


Para 2027, Bruxelas prevê um défice orçamental de 0,5 por cento do PIB.


Quanto à dívida pública, a Comissão espera que o rácio continue a encolher para menos de 90 por cento do PIB até ao final do calendário da previsão.Na proposta de Orçamento, o Governo calcula uma
redução do rácio da dívida pública sobre o PIB para 90,2 por cento em
2025 e 87,8 em 2026.


“O rácio da dívida pública face ao PIB de Portugal deverá continuar a diminuir, embora a um ritmo mais lento”, atingindo os 91,3 por cento em 2025, 89,2 em 2026 e 88,2 em 2027, “impulsionado por superavits primários e diferenciais favoráveis entre crescimento e taxas de juros”.Inflação e desemprego




Das previsões de outono resulta que a inflação, em Portugal, deverá abrandar para os 2,2 por cento em 2025 este ano e os dois por cento no próximo ano e em 2027.


A inflação, observa Bruxelas, “diminuiu para dois por cento no segundo trimestre de 2025, mas subiu ligeiramente para 2,3 por cento no terceiro trimestre, impulsionada por um aumento notável nos preços dos alimentos não processados”.A inflação subjacente – expurgada de energia e alimentos – deve continuar mais alta, face ao crescimento constante do rendimento das famílias.

Em matéria de taxa de desemprego, a Comissão Europeia aponta que, “apesar de alguma moderação no turismo, a criação de emprego recuperou o ritmo durante o verão de 2025, contribuindo para um declínio gradual na taxa de desemprego para uma média de 12 meses de 6,3 por cento em agosto de 2025, em comparação com 6,5 por cento em 2024”.

“Tanto a procura como a oferta de mão-de-obra aumentaram a um ritmo acelerado, levando a taxa de emprego a novos recordes históricos no segundo e terceiro trimestres de 2025”. Contudo, “o crescimento do emprego deverá moderar um pouco ao longo do horizonte de previsão, enquanto o desemprego deverá cair gradualmente para uma média anual de 6,1 por cento em 2027”.Na proposta de Orçamento do Estado, o Governo prevê uma taxa de desemprego de 6,1 por cento este ano e seis por cento em 2026.

As estimativas de Bruxelas são assim de uma taxa de desemprego de 6,3 por cento em 2025, 6,2 em 2026 e 6,1 no ano seguinte.

os salários “devem continuar a subir mais rápido do que o PIB, mas o aumento correspondente nos custos unitários do trabalho deverá moderar ligeiramente, em grande parte em linha com os desenvolvimentos nos principais parceiros comerciais”.

c/ agências