O primeiro dos 28 debates televisivos entre os oito principais candidatos à Presidência da República mostrou as claras e evidentes diferenças de tom e ideias entre André Ventura e António José Seguro, provavelmente os dois de entre os mais bem colocados nas sondagens que disputarão menos eleitores entre si.
O antigo secretário-geral do PS optou pela serenidade e por uma interpretação do que deve ser o sentido de Estado, muitas vezes reduzido a “conversa da treta” pelo interlocutor, referindo-se a Ventura como “senhor deputado” e manifestando vontade de o receber em Belém enquanto líder partidário. Seguro foi sobretudo incisivo ao dizer que o líder do Chega estava na eleição errada, visto que a sua ambição passa por vir a ser primeiro-ministro.
André Ventura defendeu uma revisão constitucional que permita um Presidente da República “mais atuante” do que a “jarra de enfeitar” que considera ter sido Marcelo Rebelo de Sousa. No entanto, concentrou-se sobretudo nos temas que são mais caros ao Chega, nomeadamente a imigração. Mais do que às atividades criminosas, ligou os imigrantes ao “bar aberto” que considera existir no Serviço Nacional de Saúde, defendendo que “os portugueses devem estar primeiro” no acesso a tratamentos.
Isso levou a que Seguro o acusasse de estigmatizar os imigrantes, tal como no início do debate Ventura procurara conotá-lo com a governação socialista, com o antigo secretário-geral do PS, afastado da política ativa com a ascenção de António Costa, a oferecer-se para lhe dar o número de telemóvel de José Luís Carneiro.