Os presidentes do BCP, BPI e Santander têm entendimentos diferentes quanto ao montante que dizem estar dispostos a financiar quando alguém recorre ao banco para pedir um empréstimo para a compra de casa.

As medidas macroprudenciais não lhes permitem conceder crédito a 100%, como já aconteceu no passado, tendo sido aberta uma exceção pelo Governo de Luís Montenegro aos jovens entre os 18 e 35 anos para compra de primeira habitação.

Agora coloca-se a hipótese de esse formato de financiamento poder ser alargado a todos os clientes, independentemente da idade, mas o assunto não reúne consenso entre os banqueiros.

Recentemente foi aberta uma exceção ao regime que limitava o financiamento a 85% do valor do imóvel, para apoiar os jovens a comprar casa num período em que as taxas de juro estavam mais altas. Uma medida que contou com cautelas e avisos, linhas vermelhas do anterior governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, ao ministro das Finanças Joaquim Miranda Sarmento, exatamente devido às recomendações que restringem o financiamento a 100%.

No fórum do Jornal de Negócios, realizado esta terça-feira, em Lisboa, e segundo o próprio jornal, o presidente do BCP, Miguel Maya foi o mais entusiasta na defesa do financiamento a 100% para todos os clientes.

De acordo com o Jornal de Negócios,Maya afirma: “os 100% [de financiamento no crédito à habitação] fazem sentido”, para todos os clientes, e pede mesmo ao Banco de Portugal que converse com a banca: “é preciso que o regulador nacional faça uma reflexão connosco”, para se saber se faz sentido levantar a proibição do financiamento de habitação a 100% para todos os particulares e não apenas os jovens.

O objetivo é alterar as regras impostas pelo supervisor liderado agora por Álvaro Santos Pereira.

No mesmo sentido, o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, avança dizendo que a banca pode ir mais além do que o financiamento de 85% do valor do imóvel. “Os bancos deviam ir mais além”, afirma, mas não defende claramente o financiamento a 100%, segundo o Negócios.

Mas, em contra ponto, o presidente do Santander em Portugal, Pedro Castro e Almeida, diz não ser boa ideia, por regra, financiar 100% do valor do imóvel, até porque a medida temporária criada para apoiar os jovens a comprar casa com a garantia pública, financiando por isso os bancos 100%, trouxe uma consequência: fez disparar o preço das casas em Portugal.