Suspeitos terão chegado à Polónia vindos da Bielorrússia

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, revelou esta terça-feira que dois cidadãos ucranianos, alegadamente recrutados pelos serviços secretos russos, são os principais suspeitos de dois atentados de sabotagem numa rota ferroviária estratégica usada para transportar ajuda humanitária à Ucrânia.

“Os autores identificados são dois cidadãos ucranianos que há muito operam e colaboram com os serviços russos”, revelou, perante o parlamento, fazendo ainda saber que “as identidades são conhecidas”.

Segundo Tusk, os suspeitos plantaram um explosivo de uso militar e colocaram uma braçadeira de aço nos trilhos, em dois incidentes distintos. Um dos engenhos detonou no sábado à noite sob um comboio de carga, causando danos na parte inferior da composição e na infraestrutura ferroviária, criando um perigo real para outros comboios que utilizam a mesma linha.

No mesmo discurso feito em pleno parlamento polaco, o primeiro-ministro classificou os ataques como “sem precedentes”. “Foi talvez a situação mais grave, no que diz respeito à segurança do Estado polaco, desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia”.

Tusk alertou ainda que as ações poderiam ter causado uma grave catástrofe. “Estamos perante um ato de sabotagem, cujas consequências poderiam ter sido, e aqui o erro dos autores também nos ajudou, uma grave catástrofe com vítimas mortais. É por isso que digo que foi ultrapassado um certo limite”.

A identidade dos suspeitos não foi revelada, mas sabe-se que ambos terão chegado à Polónia vindos da Bielorrússia pouco antes dos ataques, e regressado à Bielorrússia pouco depois. Um dos dois homens já havia sido condenado por sabotagem na Ucrânia.

Nos últimos meses, a Polónia tem registado um aumento de tentativas de sabotagem e ataques cibernéticos, atribuídos a redes ligadas à Rússia. De acordo com Tusk, 55 pessoas foram já detidas, 23 delas por atos de sabotagem.

Muitas destas operações são coordenadas através do Telegram, onde agentes russos recrutam intermediários oferecendo pagamentos por incêndios criminosos ou outras ações. Após a expulsão de dezenas de espiões russos com cobertura diplomática na Europa, Moscovo tem recorrido a agentes “oportunistas”, segundo investigações em curso.