Sem grande alarido e com algum secretismo, o Spotify começou a aplicar novos preços aos seus planos pagos em vários mercados, incluindo Portugal. A alteração, que envolve, por exemplo, um acréscimo de mais de um euro por mês no plano Premium Duo — passando dos anteriores 10,49€ para 11,99€ — começou a ser visível em Julho para novos subscritores em Portugal. A medida, no entanto, só foi oficialmente comunicada esta segunda-feira, sem que a empresa tenha identificado os países afectados.
Usando o Internet Archive podemos verificar o plano de preços apresentado pelo Spotify em 2 de Julho
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Numa visita ao site português da plataforma de streaming já são apresentados outros aumentos e até um novo plano. O anterior Premium Família, com até seis utilizadores, passa de 13,99€/mês para 16,99€/mês, um aumento de 3€, equivalente a mais de 20%. E agora há um novo Premium Família 4 (até quatro contas), com um custo mensal de 15,49€.
O serviço de streaming anunciou que os utilizadores serão informados “ao longo do próximo mês”. França, Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos, que tinham tido aumentos recentes, parecem ter escapado desta ronda.
Contradição no discurso
Embora pareça uma reacção ao fraco desempenho bolsista recente, a verdade é que este ajuste de preços não surgiu de forma improvisada. Em Abril, o Financial Times já dava conta da intenção do Spotify de aumentar os valores das subscrições na Europa e América Latina durante o Verão.
Esta estratégia, cuidadosamente planeada, surge numa altura em que a empresa tenta reforçar as suas margens operacionais. No final de Julho, apesar de ter reportado um aumento no número de assinantes pagos, o Spotify falhou as expectativas dos analistas em termos de lucros. Resultado? As acções caíram 11,5% num só dia, o que se traduziu numa perda de capitalização de cerca de 16 mil milhões de dólares.
Durante a apresentação de resultados, o CEO Daniel Ek foi confrontado com a aparente relutância em subir preços com maior frequência. A resposta foi clara: “preferimos manter os subscritores a longo prazo do que procurar ganhos imediatos”.
A prática, no entanto, parece contar uma história diferente. A subida agora em vigor, e que abrange também o Médio Oriente, África e Sul da Ásia, sugere que o reforço das margens — mesmo que à custa da carteira dos utilizadores — é cada vez mais a política da empresa.