“Com base num fornecimento mais contínuo de componentes e nas medidas de mitigação implementadas, os contratos de trabalho dos colaboradores afetados voltarão a estar plenamente ativos”, avançou a empresa numa nota enviada à agência Lusa.

Assim, a fábrica localizada em Braga reabre portas a partir da próxima segunda-feira, a 24 de novembro de 2025, garantindo a produção “sem necessidade de recorrer a um regime de ‘lay-off’”, o que reflete o “compromisso em proteger o emprego” dos milhares de trabalhadores dispensados há cerca de três semanas.


Em causa do ‘lay-off’ anunciado no passado dia 28 de outubro estava a insuficiência de componentes eletrónicos provenientes da Nexperia
, um dos fornecedores de ‘chips’ e componentes eletrónicos do grupo Bosch, e as consequentes interrupções na produção.

No entanto, e “dependendo da situação geral de escassez de componentes e da evolução da política comercial”, a Bosch diz não poder “excluir, em princípio, futuras interrupções de produção ou ajustes nos horários de trabalho”.

A prioridade atual passa por “manter as cadeias de abastecimento e evitar ou minimizar restrições de produção”, revelou a empresa, confiante com o futuro breve dos trabalhos, apesar de a situação atual continuar “a colocar desafios significativos” às fábricas da Bosch em Ansbach e Salzgitter, ambas situadas na Alemanha.

Após semanas de conflito político e comercial entre China e Países Baixos, o Governo neerlandês anunciou hoje ter suspendido a intervenção na Nexperia, que permitia bloquear decisões da empresa chinesa de semicondutores que ameaçassem a produção de ‘chips’ na Europa.

A suspensão não anula a intervenção, uma vez que o Governo neerlandês mantém a opção de reativar a medida a qualquer momento se voltar a detetar riscos para a produção europeia.

Num breve comunicado, o ministro neerlandês dos Assuntos Económicos, Vincent Karremans, explicou que, dados os progressos entre a China e os Países Baixos, este é “o momento adequado para dar um passo construtivo”, suspendendo a ordem dada ao abrigo da Lei da Disponibilidade de Bens, uma norma de 1952 que foi invocada pela primeira vez em setembro passado.

O Governo neerlandês interveio na empresa no final de setembro, considerando que o diretor chinês da Nexperia, Zhang Xuezheng, poderia comprometer o abastecimento europeu, tensão que tem também comprometido o trabalho dos funcionários, bem como a transformação tecnológica do setor.



A Nexperia fabrica ‘chips’ utilizados em telemóveis, automóveis e painéis solares e é um fornecedor fundamental para a indústria europeia.

Salientando acompanhar “muito de perto” a evolução atual da política comercial, a Bosch diz estar a observar “os primeiros passos rumo a um diálogo político entre as partes” e mantém-se positiva em relação a uma “solução duradoura”.

Com a conclusão do conflito, o regresso à atividade é esperado para o início da próxima semana. A previsão inicial para o fim do ‘lay-off’ apontava para o final de abril de 2026.


A resolução do problema surge dois meses depois de a Bosh, a quinta maior exportadora nacional, ter anunciado que previa eliminar mais de 13.000 postos de trabalho na Alemanha e um ano após ter reduzido o número de trabalhadores na unidade bracarense em cerca de 700 pessoas.


com Lusa