A RTP é a televisão oficial da 86ª Volta a Portugal em bicicleta. De 6 a 17 de agosto, acompanhe todos os pormenores da maior competição nacional de ciclismo aqui na sua RTP.
As etapas contam com narração de João Pedro Mendonça, os comentários do experiente Marco Chagas e de Hugo Sabido.
Etapas da Volta a Portugal em bicicleta, cuja 86.ª edição, num total de 1.581 quilómetros:
- 06 ago: Prólogo, Maia – Maia, 3,4 km (CRI).
- 07 ago: 1.ª Etapa, Viana do Castelo – Braga (Sameiro), 162,3 km.
- 08 ago: 2.ª Etapa, Felgueiras – Fafe, 167,9 km.
- 09 ago: 3.ª Etapa, Boticas – Bragança, 185,2 km.
- 10 ago: 4.ª Etapa, Bragança – Mondim de Basto (Senhora da Graça), 182,9 km.
- 11 ago: 5.ª etapa, Lamego – Viseu, 155,5 km.
- 12 ago: Dia de Descanso.
- 13 ago: 6.ª Etapa, Águeda – Guarda, 175,2 km.
- 14 ago: 7.ª Etapa, Sabugal – Covilhã (Torre), 179,3 km.
- 15 ago: 8.ª Etapa, Ferreira do Zêzere – Santarém, 178,2 km.
- 16 ago: 9.ª Etapa, Alcobaça – Montejunto, 174,4 km.
- 17 ago: 10.ª Etapa, Lisboa – Lisboa, 16,7 (CRI).
Equipas inscritas na Volta a Portugal em bicicleta
– ProTeam:
– Continental:
- Anicolor-Tien21 (Por).
- AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense (Por).
- Aviludo-Louletano-Loulé (Por).
- Credibom-LA Alumínios-MarcosCar (Por).
- Efapel (Por).
- Feirense-Beeceler (Por).
- Gi Group-Simoldes-UDO (Por).
- Rádio Popular-Paredes-Boavista (Por).
- Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua (Por).
- Atom 6 Bikes – Decca (Aus).
- Illes Balears Arabay (Esp).
- Israel Premier Tech Academy (Isr).
- Petrolike (Mex).
- Project Echelon Racing (EUA).
- Skyline (EUA).
Equipas principais: Quem são?
Anicolor-Tien21 quer revalidar título de Nych embora saiba que é difícil ganhar
A Anicolor-Tien21 vai procurar defender o título do ciclista russo Artem Nych na 86.ª Volta a Portugal, assumindo o seu favoritismo, embora tendo presente que cada vez é mais difícil ganhar.
“O objetivo é sempre tentar ganhar. Sabemos que não é fácil, cada vez é mais difícil ganhar. Sabemos também que a concorrência irá apresentar-se a um bom nível, mas, como é obvio, tentaremos defender o título do ano passado, tendo sempre em conta e a noção que não será fácil ganhar a Volta a Portugal”, declarou Rúben Pereira.
À agência Lusa, o diretor desportivo da Anicolor-Tien21 não rejeita o estatuto da sua equipa na edição que arranca na quarta-feira, na Maia, e termina em 17 de agosto, em Lisboa.
“Nós somos favoritos. Não somos é talvez os únicos favoritos a ganhar a Volta a Portugal, mas somos uma das equipas que tem um favorito a vencer. Mas acho que existe outro leque de equipas e outros ciclistas que têm o mesmo peso na corrida”, defendeu.
A primeira, de acordo com Pereira, é a Efapel, que “fez um investimento claro a pensar na Volta a Portugal”, ao contratar Mauricio Moreira, “um líder, um ciclista que sabe o que é ganhar e fazer pódio” na prova – e que saiu a mal da formação de Águeda, numa transferência polémica entre as duas grandes rivais do pelotão nacional.
“O Tavira, com o colombiano Jesus Peña, é uma equipa super candidata. […] Mesmo a Caja Rural, que irá trazer um bom bloco, e a Israel, que irá trazer um dos corredores que andou melhor na Volta a França do Futuro. Penso que são as equipas que podem estar na disputa”, elencou, nomeando ainda António Carvalho (Feirense-Beeceler) e Jonathan Caicedo (Petrolike).
Identificados os adversários, faltava ao mais jovem diretor desportivo nacional indicar quem liderará a Anicolor-Tien21, que dominou a temporada com Nych, mas também com o ‘reforço’ Alexis Guérin, vencedor do Troféu Joaquim Agostinho, do Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela e da Clássica Aldeias do Xisto.
“Desde janeiro que trabalhámos nesse aspeto, o Artem será o nosso líder. É o vencedor em título da Volta a Portugal. O Alexis terá um papel importante na equipa, poderá ser uma carta a jogar, mas o Artem será o nosso líder”, clarificou.
Depois uma vitória “bastante sofrida” na passada edição, que “acabou por sair já na parte final da Volta”, e de no ano anterior não ter conseguido colocar nenhum homem no pódio, Pereira assume que as piores derrotas que a sua equipa já teve “foram derrotas de facilitismo”.
“Foi por acharmos que as vitórias são fáceis. Acho que esse erro não iremos cometer, nem o podemos cometer”, reforçou, perspetivando também trabalhos ‘redobrados’ devido ao número de equipas “um pouco curto” desta edição, uma situação que em nada favorece a Anicolor-Tien21, nem mesmo a corrida.
Para o diretor, a presença de apenas uma ProTeam – a Caja Rural, quando costumavam vir as quatro espanholas – é negativa.
“Não quer dizer que este pelotão seja fraco, porque não o é. […] Acho que é um pelotão que irá dar bastante espetáculo, mas o número reduzido de equipas… podia ter mais duas ou três equipas, seria um pelotão mais bem composto”, argumentou.
Este diminuto pelotão terá pela frente um percurso “bem montado” por Joaquim Gomes, na opinião de Pereira.
“Parece uma Volta a Portugal sem grande sal, mas se há coisa que esta Volta tem é muito terreno para fazer diferença. É das Voltas mais duras. Todos os anos dizemos isto, mas esta Volta específica é diferente, não é aquela Volta que se planeia como em anos passados”, reconheceu.
A chegada ao Montejunto, na véspera da conclusão da prova, irá fazer diferenças, defende, mencionando ainda a primeira etapa, “com duas passagens no Sameiro”, como uma jornada em que “não se irá ganhar a Volta mas pode-se perder”.
“E a etapa de Bragança e da Guarda serão duas etapas-chave. E, claro, a Torre e a Senhora da Graça, como sempre, serão decisivas. Mas acredito bem que a etapa de Bragança e a da Guarda… tem de se ter muito respeito por estas duas etapas, principalmente a da Guarda”, concluiu.
Anicolor-Tien21: Alexis Guérin (Fra), Artem Nych (Rus), Pedro Silva (Por), Rafael Reis (Por), Harrison Wood (GB), Rubén Fernández (Esp), Fábio Costa (Por),
Diretor desportivo: Rúben Pereira.
AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense assume-se como “outsider perigoso”
O AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense sonha com a possibilidade de estar na discussão da 86.ª Volta a Portugal, assumindo-se como “um outsider perigoso”, embora o seu diretor desportivo reconheça que a inexperiência dos seus ciclistas pode pesar.
“Atendendo ao que tem sido a época, se calhar, pelo menos, faz-nos sonhar com mais alguma coisa. Portanto, tendo dois ou três atletas que na montanha se têm revelado dos mais fortes e a Volta tendo cinco ou seis chegadas em alto – praticamente são seis –, acaba por nos fazer aqui sonhar. Não podemos esconder isso, porque é verdade”, admitiu.
Em declarações à agência Lusa, Vidal Fitas destacou o conjunto de trepadores que a mais antiga formação do pelotão internacional tem, nomeadamente David Jesús Peña e Afonso Silva, assumindo que estes ciclistas podem ganhar “alguma ou algumas” das etapas em que a meta coincide com uma contagem de montanha e que, se isso acontecer, estarão na discussão da Volta.
“Pelas equipas que vêm, teoricamente, não há de haver muitos ciclistas melhores do que aqueles que estão cá nas equipas portuguesas. Basicamente, acho que a Volta se vai resumir à luta pela classificação geral pelas equipas portuguesas. Por aquilo que tem acontecido ao longo do ano, tendo nós estado na discussão dos prémios por etapas todos, tirando a Volta ao Algarve, […] faz-nos aqui sonhar com a probabilidade de estar nessa situação também na Volta”, acrescentou.
No entanto, o diretor desportivo do AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense considera que ainda “é um bocadinho cedo” para lançar uma candidatura ao primeiro lugar da geral, uma vez que a sua equipa “tem muita gente nova, muita gente que é a primeira vez que vai à Volta a Portugal”.
“Eu, se estivesse do outro lado, adjetivava esta equipa como outsider perigoso. Agora, tenho a consciência de que não tenho um grupo tão maduro como têm a Anicolor ou a Efapel, embora a Efapel seja uma incógnita. Não sabemos muito bem qual será o ciclista deles que será o líder”, notou.
Vidal Fitas concede, contudo, que os seus ‘pupilos’ são aqueles que mais luta têm dado à dominadora Anicolor-Tien21, onde estão os principais favoritos a ganhar a 86.ª edição, que começa na quarta-feira, na Maia, e termina em 17 de agosto, em Lisboa.
“O [Artem] Nych, porque é o último vencedor da Volta e é um ciclista forte. Defende-se bem na montanha, é forte no contrarrelógio. E o [Alexis] Guérin porque é aquele que se tem mostrado mais forte ao longo do ano. Também o Rúben Fernández é um ciclista bastante regular. O [Harrison] Wood também é bastante forte, embora ultimamente não tenha estado ao nível do que esteve no mês de abril, maio”, enumerou.
O algarvio acredita que, para o pelotão que vai participar nesta edição, o percurso é “exagerado”.
“A Volta a Portugal é sempre dura, tens sempre uma etapa como a Torre e a Senhora da Graça… […] o terreno nunca é fácil, mas acho que é exagerado para o pelotão que vamos ter. Se fosse um pelotão muito mais forte, digamos assim, com mais equipas, OK. Havia muita coisa a fazer. Agora, para um pelotão com 100 ciclistas…”, notou.
Fitas ‘culpa’ a “luta muito grande pelos pontos” no escalão ProTeam – a Caja Rural será a única equipa do segundo escalão presente – pela ausência de formações de renome na prova portuguesa.
“Se quisermos ter mais qualidade, a Volta obrigatoriamente tem de subir de categoria. As equipas não vêm cá por cinco tostões. As grandes equipas, as grandes estrelas ou um pelotão de muito maior qualidade hoje vão às corridas que têm pontos disponíveis. Sei, por exemplo, que as equipas espanholas vão fazer clássicas no norte da Europa porque elas dão muito mais pontos. […] As organizações das corridas é que se têm de adaptar a isso”, defendeu.
AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense: Afonso Silva (Por), Ailetz Lasa (Esp), David Jesús Peña (Col), Diogo Barbosa (Por), Diogo Pinto (Por). Francisco Campos (Por) e Miguel Salgueiro (Por).
Diretor desportivo: Vidal Fitas.
Efapel quer estar “o mais à frente possível”
A Efapel procurará estar “o mais à frente possível” na 86.ª Volta a Portugal em bicicleta, um objetivo em nada condicionado pelo pódio alcançado no ano passado, mas sim pela “responsabilidade” inerente à equipa.
“Os [objetivos são os] mesmos de sempre. Vamos estar o mais à frente possível e estar na disputa pela corrida, é o nosso objetivo”, resumiu sucintamente José Azevedo, em declarações à agência Lusa.
No ano passado, a formação laranja estreou-se no pódio, mas o seu diretor desportivo defende que o terceiro lugar do porto-riquenho Abner González, que entretanto se mudou para a Caja Rural, não aumenta a responsabilidade para esta edição, que começa na quarta-feira, na Maia, e termina em 17 de agosto, em Lisboa.
“Há dois anos partimos para a última etapa com o Henrique Casimiro no segundo lugar, no contrarrelógio de Viana. Acabámos por não terminar no pódio, mas estivemos na disputa da corrida até ao final. O ano passado conseguimos com o Abner o terceiro lugar […]. Esta equipa já tem, por si, essa responsabilidade e esse objetivo, não é isso que vem reforçar. São as nossas ambições, queremos estar sempre na frente e este ano queremos repetir”, sustentou.
Nesta Volta, contudo, a Efapel terá no seu ‘sete’ um dos dois antigos vencedores da prova ainda no ativo, no caso o uruguaio Mauricio Moreira, que se transferiu, não sem polémica, da Anicolor-Tien21.
“Mauricio é um corredor que ganhou uma Volta a Portugal, terminou em segundo noutra [2021]. No entanto, este ano tem sido difícil para ele, com várias lesões, problemas de saúde, pouca competição. Logicamente, neste período está numa situação diferente do que estava nesses anos”, ressalvou Azevedo, escusando-se a apontar quem será o líder: “Vamos confiar nos sete que escolhemos”.
Sem desvendar concretamente qual é o seu plano para a 86.ª edição, o quinto classificado do Tour2024 e do Giro2001 admite que a sua equipa vai procurar não só uma boa classificação na geral, mas também ganhar etapas num percurso que descreve como “duro e exigente, sem dúvida, e com muitas etapas de montanha, média montanha”.
“Acho que, em 10 dias, faltam etapas para os sprinters. Acho que duas, talvez três etapas deveria [haver]. A corrida, nesse aspeto, está desequilibrada”, notou.
Para Azevedo, este traçado, com cinco chegadas em alto, coroará um escalador: “Houve anos em que havia um contrarrelógio com uma distância que [permitia que] um contrarrelogista, a vantagem que ganhasse aí, podia gerir um pouco na montanha. Este ano não existe isso. São poucos quilómetros de contrarrelógio [16,7], muita montanha e logicamente é uma Volta talhada para trepadores”.
Entre os candidatos, o diretor desportivo da Efapel destaca Artem Nych, lembrando que “o vencedor da última edição, estando presente, é sempre o principal favorito”.
“Olhando ao Alexis Guérin, pelo ano que fez, temos de ter esse nome em conta. O Jesus Peña é outro que corredor que acho que também irá estar na luta. Principalmente estes três”, elencou.
O antigo ciclista assumiu ainda que “preferia um pelotão mais competitivo, com um nível de equipas superior, de uma qualidade superior”, mesmo sabendo que isso reduziria a probabilidade de ganhar a Volta.
“Este ano, vem só uma ProConti [Caja Rural], as outras são todas continentais. [….] Logicamente que irão vir equipas com bons ciclistas, alguns que a gente não conhece e que até poderão ser surpresas e têm o seu valor. Eu preferia um nível competitivo mais elevado, sem dúvida alguma”, reiterou.
A 86.ª Volta a Portugal terá um máximo de 112 ciclistas, repartidos por 16 equipas, uma “situação que deve fazer pensar quem gere o ciclismo em Portugal”.
“Necessariamente, o ciclismo precisa de ser repensado e procurar alternativas que tornem o ciclismo nacional mais competitivo”, concluiu.
Efapel: Joaquim Silva (Por), Tiago Antunes (Por), André Carvalho (Por), Mauricio Moreira (Uru), Aleksandr Grigorev (Rus), Santiago Mesa (Col) e Pedro Pinto (Por).
Diretor desportivo: José Azevedo.
Feirense-Beeceler tem “crónico candidato” e quer lutar por etapas
Após a perda do ‘protagonista’ Afonso Eulálio, a Feirense-Beeceler procurará evidenciar-se no dia-a-dia da 86.ª Volta a Portugal, confiando no veterano ciclista António Carvalho para lutar pela geral.
“O nosso principal objetivo é procurarmos no dia-a-dia sermos protagonistas da corrida. Tentaremos sempre lutar pela vitória de qualquer das etapas e tentar ter gente colocada entre os primeiros da geral. Sabemos que realmente tivemos uma perda importante, a do Afonso, e que se vai refletir muito. Mas temos uma equipa que nos dá garantias de ter uma boa prestação”, afiançou Joaquim Andrade.
Na passada edição, Eulálio foi uma das ‘estrelas’, ao vestir a amarela durante seis dias, antes de acabar na 10.ª posição da geral. No entanto, o jovem figueirense trocou esta época o pelotão nacional pela Bahrain Victorious, do WorldTour, obrigando a Feirense-Beeceler a ‘recorrer’ a António Carvalho, o duas vezes terceiro classificado da prova (2022 e 2023).
“É o ciclista que nos dá mais garantias para a geral. Tem bastante experiência, é sempre um crónico candidato à Volta a Portugal. Ele fez a época toda focado na Volta e penso que vai estar a um bom nível. Depois, temos o Byron Munton que também é um ciclista bastante forte na montanha e nos contrarrelógios”, enumerou, em declarações à agência Lusa.
No entanto, alerta Andrade, o sul-africano “nunca fez uma prova desta dimensão”: “Vamos dar-lhe algum espaço, não pôr a pressão em cima, mas poderá também ter uma palavra a dizer sobre uma boa posição na classificação geral”.
Embora “quase todas as equipas” tenham um candidato a lutar pela 86.ª edição, que vai estar na estrada entre quarta-feira e 17 de agosto, para o diretor desportivo da formação de Santa Maria da Feira, a Anicolor-Tien21 “está recheada de estrelas e será sempre a principal rival”.
“Além do [Artem] Nych, tem o [Alexis] Guérin, tem o Rúben Fernández. Qualquer um dos três será candidato a vencer a Volta. Mas também terão de assumir as despesas da corrida e nós iremos tentar estar ao melhor nível possível e tentar a nossa sorte”, adiantou.
Para o recordista de participações na Volta a Portugal (21), é “uma incógnita” antecipar se o duro percurso desta edição vai prejudicar ou beneficiar a sua equipa.
“Normalmente, a exigência acaba por beneficiar quem tiver bons trepadores. A nossa equipa, não sendo propriamente de trepadores de eleição, sente-se bem na montanha, e penso que poderá acabar por ser benéfico, embora só com o desenrolar da corrida é que iremos ter essa noção”, declarou.
Ainda assim, Andrade reconhece que num traçado com cinco chegadas em alto e seis tiradas de média/alta montanha talvez faça falta ter “mais uma ou outra etapa de outro perfil”.
“Quase todas as etapas têm um percurso demasiado montanhoso. Eu até seria apologista de termos duas ou três etapas com uma exigência maior, com mais montanha, mas concentradas naqueles dias, para dar benefício a outro tipo de ciclistas. Porque, nesta aqui, quase todos os dias um ciclista que não seja trepador acaba por praticamente estar fora das contas da discussão pela etapa”, perspetivou.
Praticamente ‘despojada’ de equipas de topo – a Caja Rural é a única representante do segundo escalão -, a prova ‘rainha’ do calendário luso terá um diminuto pelotão, algo que Andrade acha que se deve a “uma questão de calendário”.
“O mês de agosto é muito complicado para a maioria das equipas, está sobrecarregado de competições, e estamos aqui no canto da Europa e é mais difícil fazer o planeamento para vir cá correr. Talvez uma mudança de datas [da Volta] pudesse funcionar. De qualquer forma, penso que poderia ser possível, quase de certeza, conseguir mais equipas”, defendeu.
Como exemplo, o antigo ciclista recordou o interesse demonstrado por diretores desportivos estrangeiros ainda há poucos dias na Clássica de Ordizia.
“Estranho depois um pouco ouvir a organização dizer que não consegue equipas. Penso que seria possível ter um pelotão mais alargado”, declarou.
Feirense-Beeceler: António Carvalho (Por), Byron Munton (Afs), Fábio Oliveira (Por), Francisco Pereira (Por), Diogo Gonçalves (Por), Ivo Pinheiro (Por), Pedro Andrade (Por)
Diretor desportivo: Joaquim Andrade.
Credibom-LA Alumínios-MarcosCar elevou a ‘fasquia’ e agora aspira ao pódio
Depois de no ano passado ter colocado “a fasquia mais alto” do que o esperado, a Credibom-LA Alumínios-MarcosCar inicia a 86.ª Volta a Portugal em bicicleta com “mais responsabilidade” e com a “legítima ambição” de lutar pelo pódio.
“Desde o início do projeto, todos os anos temos vindo a superar lugares e posições, e acho que temos, pelo que fizemos também durante esta época, legítimas aspirações ao pódio”, assumiu Hernâni Brôco, em declarações à agência Lusa.
O surpreendente quarto lugar de Gonçalo Leaça na edição de 2024 colocou, como o próprio diretor desportivo admite, “a fasquia mais alto” para esta Volta a Portugal, que arranca na quarta-feira, na Maia, e termina em 17 de agosto, em Lisboa.
“A época que temos feito, já com seis vitórias, também nos deu essa responsabilidade e esse clique para aumentarmos a nossa performance. [Os ciclistas] Têm ganho confiança e têm ganho muitas provas. Temos estado na disputa das gerais e das clássicas, por isso claro que sim, que vamos com mais responsabilidade”, reforça.
Embora tenha sido Leaça a catapultar a Credibom-LA Alumínios-MarcosCar para os primeiros lugares da geral da prova ‘rainha’ do ciclismo português, a liderança da equipa nesta edição será repartida entre o ciclista de 27 anos e Emanuel Duarte, com João Medeiros a poder “surpreender numa ou noutra etapa”.
“Esta equipa sempre foi muito combativa e não vai mudar o ADN dela”, prometeu Brôco, não excluindo, por exemplo, que o ‘reforço’ Hugo Nunes, “um atleta muito combativo”, possa lutar pela montanha – uma classificação que já ganhou em 2020 -, embora prefira ver como “se desenrolam as duas primeiras etapas até à Senhora da Graça”.
Depois, a equipa fará novas escolhas ou manterá a aposta na geral, antecipa um diretor desportivo que ainda há pouco tempo aspirava ‘apenas’ a lutar pela juventude.
“No primeiro ano – há oito anos que estou no projeto – sonhava chegar com um [ciclista] no pelotão. Isto é real. Quando digo isto, as pessoas riem-se… O facto de termos patrocinadores com nomes de peso […] o que nos deu foi, além da capacidade de ir buscar jovens portugueses, que é sempre o nosso projeto, conseguir segurar os atletas que temos de melhor e os que saíram voltarem ao projeto, como é o caso do Emanuel Duarte”, notou.
E nem o percurso montanhoso ‘assusta’ o antigo ciclista, que diz apreciar o traçado da 86.ª edição.
“Gosto por duas coisas: porque faz-me lembrar o ano em que ganhei na Senhora da Graça [2011], que também foi de início e dei-me bem com essa Volta e espero este ano voltar a dar-me. Em termos de Volta, acho que tem de se mudar sempre, nunca podemos fazer igual. Gosto também […] porque tenho uma equipa com mais trepadores do que sprinters”, afirmou.
O diretor da Credibom-LA Alumínios-MarcosCar não considera que o diminuto pelotão desta Volta se deva a uma falta de interesse por das equipas estrangeiras, mas antes “aos pontos que [estas] conseguem ir buscar”.
Devido à dificuldade da Volta e dos seus competidores, que se focam essencialmente na prova ‘rainha’ do calendário nacional, as formações estrangeiras estão cientes de que é mais fácil ter acesso a pontos, por exemplo, no calendário asiático.
“É mais apetecível por isso, não pela grandeza da Volta. Mas se essas equipas não estão presentes, e existe menor qualidade dos ciclistas internacionais, claro que a Volta fica a perder”, lamentou.
Credibom-LA Alumínios-MarcosCar: Emanuel Duarte (Por), Gonçalo Leaça (Por), João Medeiros (Por), Diogo Narciso (Por), Hugo Nunes (Por), Duarte Domingues (Por) e Diogo Pinto (Por).
Diretor Desportivo: Hernâni Broco.
Aviludo-Louletano-Loulé quer vencer etapas e “algo mais”
O Aviludo-Louletano-Loulé quer igualar o que fez na passada Volta a Portugal, embora sonhe conseguir “algo mais” numa edição em que o ciclista argentino Nicolás Tivani vai experimentar a geral, mas o foco estará em vencer etapas.
“A equipa não mudou muito significativamente do ano passado para este. Dito isto, se antes de começar a Volta me metessem um resultado igual ao do ano passado, eu assinava logo à partida. É lógico, nós sonhamos sempre em conseguir algo mais, até porque, mesmo sendo mais ou menos a mesma equipa, este ano conseguimos uma maior regularidade durante toda a época”, destacou Américo Silva à agência Lusa.
Os resultados de 2025 abrem “muito boas perspetivas” para a prova ‘rainha’ do calendário nacional, que começa na quarta-feira, na Maia, e termina em 17 de agosto, em Lisboa, com a equipa algarvia a ambicionar, “pelo menos”, igualar uma edição em que venceu duas etapas, com os argentinos Tomas Contte e Nicolás Tivani.
Este último anunciou, em fevereiro, quando ganhou a classificação da montanha da Volta ao Algarve, a intenção de lutar pela geral da 86.ª edição.
“Sei que ele tem essa ambição e nós, como equipa, iremos acompanhá-la. Se me perguntar se é o meu foco principal para a equipa, não. O meu foco principal vai ser tentar vencer etapas. É o segundo ano em que está a correr em Portugal, é um ciclista bastante ambicioso, e essas palavras foram ditas […] debaixo de um início de época muitíssimo bom, um rendimento muitíssimo bom”, pontuou.
Uma vez que o rápido argentino manteve esse propósito, a sua época foi planeada de “uma forma diferente”, no entanto, como reconhece o diretor desportivo, o seu resultado final estará também dependente de outras circunstâncias, tais como a concorrência das equipas estrangeiras e “fatores que envolvem uma classificação geral”.
“Na geral, temos estado a discutir os 10 primeiros com o [Jesús] Del Pino. Tem-se mostrado um ciclista muito consistente. Nos últimos três anos, fez nos 10 primeiros. Este ano continua a ser, à partida, o ciclista que nós temos para discutir esse top 10”, indicou, lembrando que Tivani não tem “a experiência do que é estar sempre ao mesmo nível durante 11 dias”, nem de subir a Serra da Estrela e a Senhora da Graça com os primeiros.
Embora gostasse de ver “um pelotão mais comprido e mais recheado” nesta edição, o responsável do Aviludo-Louletano-Loulé reconhece estar “muitíssimo” agradado com o percurso.
“Se me perguntar qual é o tipo de etapas de que eu gosto, para a nossa equipa, para os sprinters que temos, é este tipo de etapas. Não são etapas totalmente planas, mas sim etapas de média montanha, com alguma dureza, em que há sempre essa possibilidade de chegarem 15, 20 ciclistas. Aí é onde acho que nos encaixamos melhor e onde as nossas possibilidades de vencer aumentam significativamente”, assumiu.
Instado pela Lusa a apontar quem são os favoritos à vitória final, Silva respondeu que “apontaria para dois ou três, não muitos mais”, começando pelo russo Artem Nych, o vencedor do ano passado, que é um ciclista “bastante adaptado a Portugal” e que “tem sempre resultados muito bons, principalmente na alta montanha e no contrarrelógio, que é onde a Volta se decide”.
“Depois, temos o caso deste ciclista que o Tavira foi buscar já com a época em andamento, o Jesús Peña. Tem, logicamente, uma lacuna, que é não andar nos contrarrelógios. […] Mas, se fizermos a comparação com o ano passado e com outros anos, [este percurso] tem menos quilómetros de contrarrelógio. Isso já o ajuda. Se é suficiente ou não, depois iremos ver. Mas, se estivesse na minha equipa, para mim, já ficava satisfeito com isso”, afirmou.
Aviludo-Louletano-Loulé: Carlos Oyarzún (Chi), Cláudio Leal (Por), David Domínguez (Esp), Jesús del Pino (Esp), Jorge Gálvez (Esp), Nicolás Tivani (Arg) e Tomas Contte (Arg).
Diretor desportivo: Américo Silva.
Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua vai procurar fugas numa edição desequilibrada
A Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua vai tentar entrar em fugas, mostrar a camisola e “tentar alguma vitória de etapa” numa 86.ª Volta a Portugal cujo percurso “desequilibrado” não é desenhado para os seus ciclistas.
“Já o ano passado não foi uma Volta muito fácil para nós, porque só houve praticamente uma chegada ao sprint, que foi em Lisboa e era a subir. Dado que temos uma equipa de sprinters, quanto menos possibilidades tens de chegar lá para sprintar, mais difícil é a Volta para nós. Mesmo assim, tentámos procurar vitórias de etapa em fugas e este ano vai ser um bocadito parecido”, confessou Gustavo Veloso.
Em declarações à agência Lusa, o duas vezes vencedor da prova (2014 e 2015) acredita que “este ano dificilmente vai haver uma etapa em que o pelotão inteiro chegue para o sprint”.
“A nossa luta vai ser tentar chegar algum desses dias com um sprinter, mas está claro que temos de focar a Volta de outro ponto de vista. […] Dificilmente vou ter alguém na [discussão da] geral. Basicamente, [o objetivo] passa por apanhar fugas, mostrar a camisola e tentar alguma vitória de etapa”, elencou.
Aspirar a uma classificação secundária é algo que “está sempre” no pensamento de uma equipa como a Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, mas “não se sai com esse foco”, defende Veloso.
“Tens de andar logo nos primeiros dias em fuga. Nós temos de fazer a nossa corrida dia após dia e se alguma classificação ficar ao nosso alcance, temos de lutar por ela. E praticamente é a camisola da montanha. Os pontos serão para o pessoal da geral quando há assim chegadas em alto”, disse.
Com cinco finais de etapa a coincidir com contagens de montanha, o diretor desportivo espanhol considera que esta Volta “não está equilibrada” e admite que “não é fácil” motivar os seus ciclistas, que “trabalham, focam-se e não conseguem resultados” por terem cada vez menos oportunidades quer nesta corrida, quer nas outras do calendário nacional.
“Uma Volta de 10 dias tem de ter um bocadito de tudo, um percurso equilibrado. Como há três anos, quando nós tivemos destaque na primeira parte da Volta e o [João] Matias esteve na luta pela camisola verde, e praticamente a Volta ficou logo decidida nos primeiros dias e foram as chegadas ao sprint, a luta pela camisola verde que deram interesse à prova. Este ano, estamos sujeitos a que, depois da Senhora da Graça, fique a Volta definida”, antecipou.
Salientando que “tem de haver corrida para todos”, Veloso vincou que “50% das chegadas da Volta serão em alto” e que “existe um crono ridículo” de 16,7 quilómetros, ou seja, uma extensão menor do que a subida à Torre (20,1).
Ainda assim, o galego defende que “qualquer um que ganhe a Volta, tem de ser um homem completo”.
“Ainda que sejas trepador, sempre vai haver alguém que no ‘crono’ tire vantagem. Claro que se não és bom contrarrelogista, mas consegues marcar a diferença na montanha, esta é uma Volta boa para uma pessoa assim. Vamos ver o que dá. Ultimamente, os que discutem o crono também são os que discutem a geral, por isso…”, afirmou, sem nomear favoritos.
Veloso acredita também que a presença de uma única ProTeam – a Caja Rural – nesta edição da prova que vai para a estrada na quarta-feira, na Maia, e termina em 17 de agosto, em Lisboa, se deve à questão dos pontos, cada vez mais importantes para as formações do segundo escalão para receberem convites para as principais corridas.
“Estão distribuídos de tal maneira que a Clássica da Figueira dá mais pontos do que a Volta a Portugal. Então, as equipas que necessitam de pontos preferem fazer quatro clássicas na França ou em qualquer lado, porque vão ter cada dia os pontos da Volta a Portugal praticamente. Isso é uma questão muito importante e um dos problemas que estão a ter os organizadores das provas 2.1”, a mesma categoria da Volta, evidenciou.
Para o antigo ciclista, a União Ciclista Internacional “deveria rever os pontos, já que fazer 10 dias de competição é muito complicado”, o que leva as equipas a preferirem provas “com menos tradição e importância”.
Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua: Ángel Rebollido (Esp), Bruno Silva (Por), César Martingil (Por), Francisco Morais (Por), Gonçalo Carvalho (Por), Leangel Linarez (Ven) e João Matias (Por).
Diretor Desportivo: Gustavo Veloso.
Gi Group-Simoldes-UDO quer ganhar etapa para reverter má época
Manuel Correia tem a esperança que a Gi Group-Simoldes-UDO possa fazer uma 86.ª Volta a Portugal “engraçada”, após ter vivido uma das suas piores épocas, apostando no ciclista colombiano Adrián Bustamante para dar uma vitória à equipa.
“Muito parcos”, foram as palavras com que o diretor desportivo definiu à agência Lusa os objetivos dos seus ‘pupilos’ para esta edição da prova ‘rainha’ do ciclismo português, na sequência de uma temporada que, “se calhar, foi até hoje das piores, senão a pior” da formação de Oliveira de Azeméis.
A época não correu como Manuel Correia desejava, com o diretor desportivo a reconhecer que construiu a equipa dentro de certas limitações.
“Está muito complicado arranjar ciclistas portugueses, então jovens… Eles agora, em cadetes ou juniores, quando têm alguma qualidade, já são acolhidos lá fora. Tornou-se uma moda […] e começa a ser difícil recrutar ciclistas jovens e não jovens em Portugal. O ciclismo português atravessa uma crise muito grande”, alertou aquele que é um dos grandes formadores de talentos nacionais.
A Gi Group-Simoldes-UDO aspira, assim, a “lutar por uma classificação secundária e ganhar uma etapa” na edição que arranca na quarta-feira, na Maia, e termina em 17 de agosto, em Lisboa.
“Temos uma série de corredores jovens e, depois, temos ali o Rui [Carvalho], o Gaspar [Gonçalves] e o Adrián [Bustamante] que dão aqui algum equilíbrio. O Adrián a qualquer momento pode estar na discussão de uma etapa, está a atravessar um bom momento, e depositamos grandes esperanças nesse ciclista”, afirmou.
Embora não esteja “muito preocupado com a geral”, Correia estima que Rui Carvalho, que enfrentou uma virose a poucos dias do início da Volta, será, se tudo correr bem, um ciclista para os 15 primeiros da geral: “Seria para os 10, a correr muito bem. Se acontecer, tanto melhor, mas não será esse um objetivo”.
“Não podemos ambicionar a muito mais por aquilo que tenho visto. E também fomos tendo alguns imponderáveis durante a época. O Adrián partiu um pé logo no mês de dezembro, o que impediu que ele tivesse um início de época bom”, recordou, referindo-se ao colombiano de 27 anos, que venceu uma etapa na Volta2023.
Ainda assim, o diretor desportivo acredita que a Gi Group-Simoldes-UDO “vale muito mais” do que fez até aqui.
“Às vezes, há males que vêm por bem e pode ser que façamos uma Volta engraçada”, completou.
A missão da equipa oliveirense será, contudo, dificultada por um percurso que Correia descreve como “um exagero” – são cinco chegadas em alto, num total de seis etapas de alta/média montanha.
“Certamente, os trepadores e as equipas mais fortes preferem, mas todos precisam de ‘comer’, como se diz na gíria do ciclismo. […] Esta Volta, se calhar, vai recair sobre a meia dúzia de corredores que são os mais fortes. Espero bem que não, mas provavelmente vai haver um domínio muito grande de uma ou outra equipa”, antecipou.
Inevitavelmente, a Anicolor-Tien21 será a grande favorita, “a menos que se jogue alguma surpresa”.
“Durante toda a época, sempre que chegou à hora da verdade, eles foram a equipa mais forte e, muitas das vezes, nos cinco primeiros, tinham dois ou três corredores. Olhando para o traçado da Volta a Portugal, se eles se apresentarem nas mesmas condições, acho que não são os favoritos, são os superfavoritos”, salientou.
Para Correia, apenas o AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, que tem uma “belíssima equipa”, poderá ‘beliscar’ o domínio da Anicolor-Tien21, nomeadamente com o colombiano Jesús Peña, o único corredor que, “em termos individuais, se poderá intrometer ali na discussão”.
Perante um pelotão com apenas uma ProTeam (segundo escalão), o diretor da Gi Group-Simoldes-UDO encara como “uma constatação” a perda de interesse das equipas estrangeiras na prova, não conseguindo apontar um porquê.
“Acho que se deve tudo ao contexto atual que nós vivemos no nosso ciclismo. Quando não há dinheiro, provavelmente, não sei se há incapacidade do organizador – também pode ser por aí – de convidar equipas. Neste momento, a Volta a Portugal deixou de ser aliciante”, assumiu.
Gi Group-Simoldes-UDO: Adrián Bustamante (Col), André Ribeiro (Por), Andrey André (Bra), Cesar Guavita (Col), Gaspar Gonçalves (Por), Miquel Valls (Esp) e Rui Carvalho (Por).
Diretor desportivo: Manuel Correia.
c/Lusa