O mais novo foguete da Blue Origin, New Glenn, acaba de realizar seu voo mais importante. A missão, contratada pela NASA, enviou duas naves idênticas que tentarão resolver um dos maiores enigmas marcianos: por que Marte perdeu sua atmosfera. O lançamento teve de esperar por uma tempestade solar — ironicamente, o mesmo fenômeno que as sondas vão estudar ao chegar ao planeta vermelho. Esse marco inaugura uma nova fase na exploração científica de baixo custo e alta precisão.

New Glenn: um lançamento que muda o jogo

Para a Blue Origin, o desempenho do New Glenn era crucial. O foguete precisava mostrar confiabilidade, precisão e capacidade de reutilização — pilares da estratégia comercial de Jeff Bezos.
Desta vez, tudo funcionou. O veículo decolou de Cabo Canaveral com estabilidade e entregou sua carga com segurança. Minutos depois, sua primeira etapa pousou verticalmente em uma barcaça no Atlântico, uma manobra celebrada intensamente pela equipe de controle.

A NASA observou o sucesso com entusiasmo. A agência vem testando um novo modelo operacional: missões científicas menores, mais baratas, lançadas em foguetes comerciais de grande capacidade. Escapade é o exemplo perfeito: duas naves compactas, leves e especializadas, construídas para obter dados inéditos sem o custo de missões gigantescas.

As sondas permanecerão cerca de um ano em uma órbita distante, a 1,5 milhão de quilômetros, até que a geometria ideal com Marte permita a transferência gravitacional. Se tudo seguir o plano, chegarão ao planeta em 2027.

Sondas Gêmeas© NASA O que as sondas gêmeas vão investigar em Marte

A missão Escapade busca responder a uma pergunta decisiva: como Marte perdeu sua atmosfera?
Sabemos que o planeta já teve rios, lagos e talvez condições amenas. Hoje é um deserto frio, sem campo magnético e vulnerável ao vento solar — um fluxo de partículas vindas do Sol capaz de arrancar moléculas atmosféricas ao longo de milhões de anos.

Para reconstruir esse processo, são necessárias duas sondas. Cada uma medirá:

  • campos magnéticos locais,
  • partículas carregadas,
  • fluxos de plasma,
  • interações entre vento solar e atmosfera.

Ao observar o mesmo fenômeno de pontos diferentes, a missão criará a primeira imagem tridimensional da erosão atmosférica marciana.
Os cientistas querem saber onde a atmosfera escapa mais rapidamente, como a energia solar é canalizada e quais regiões são mais vulneráveis.

Um passo essencial para futuras missões humanas

O objetivo final vai além da ciência: preparar terreno para astronautas.
Se uma tempestade solar pode atrasar um lançamento na Terra, o que pode fazer em Marte, onde não há campo magnético para proteger uma base humana?
Escapade fornecerá dados vitais para projetar habitats, naves e protocolos de segurança no espaço profundo.

A missão não leva pessoas, mas pavimenta o caminho para quem irá — porque antes de pisar em Marte, é preciso entender como sobreviver ao seu céu exposto.