Os seres humanos não foram os primeiros a beijar, e sim ancestrais dos grandes símios há até 21 milhões de anos, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (19).

Humanos, chimpanzés, bonobos, orangotangos e gorilas, todos se beijam, o que sugere fortemente que o hábito foi herdado de um ancestral comum.

Pesquisadores queriam analisar quando o ato de beijar começou, dado que, de um ponto de vista evolutivo, ele não tem benefício óbvio para a sobrevivência e poderia espalhar doenças.

No estudo, eles combinaram observações do comportamento dos primatas com dados sobre relações evolutivas, para voltar no tempo e tentar datar o primeiro beijo.

“Usando essas duas informações-chave, empregamos uma abordagem de modelagem que nos permitiu simular diferentes cenários evolutivos”, disse a autora principal, Matilda Brindle, do Departamento de Biologia da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Esse modelo, executado milhões de vezes, indicou que esse primeiro beijo ocorreu entre 21,5 e 16,9 milhões de anos atrás.

Os resultados foram publicados na revista Evolution and Human Behavior. Também assinam o estudo Catherine F. Talbot, do Instituto de Tecnologia da Flórida, nos Estados Unidos, e Stuart West, de Universidade de Oxford.

A definição não romântica de beijo dos cientistas foi “contato não agressivo, boca a boca, que não envolvia transferência de alimentos”. Isso incluía beijos sexuais, bem como beijos platônicos, como aqueles entre familiares ou em cumprimentos amigáveis. Como o beijo surgiu continua sendo um tema de debate, assim como o motivo pelo qual ele se manteve ao longo da história.

“Algumas pessoas sugerem que o beijo sexual é uma maneira útil de avaliar a qualidade ou adequação do parceiro”, afirmou Brindle. “Alternativamente, o beijo poderia ser um tipo de preliminar, aumentando a excitação sexual e aumentando a chance de fertilização.”

Beijos platônicos são considerados uma forma de navegar por relacionamentos sociais complexos ou aumentar a ligação afetiva, de acordo com a pesquisadora.

O estudo argumentou que neandertais e homo sapiens provavelmente também trocavam beijos, considerando as evidências de que eles se cruzaram e compartilharam um micróbio oral —um sinal de que trocavam saliva— muito tempo depois que as duas espécies divergiram, entre 450 mil e 750 mil anos atrás.