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Robôs humanoides Optimus em Marte, ao estilo da icónica fotografia “Almoço no topo de um arranha-céus” de 1932

O Optimus vai ser capaz de fazer trabalho de fábrica, mas isso é apenas o ponto de partida: esta fonte de mão-de-obra incansável e não remunerada pode ser treinada para fazer qualquer coisa. “No futuro, trabalharmos será opcional, tal como cultivar os nossos próprios legumes, em vez de os comprar”.

O CEO da Tesla, Elon Musk, já o homem mais rico do mundo, está agora a caminho de se tornar o primeiro bilionário se sempre (ou primeiro trilionário, como dizem os norte-americanos.

Recentemente, os acionistas da Tesla aprovaram um brutal pacote salarial para o director executivo da construtora norte-americana de veículos elétricos, incluindo um prémio de cerca de mil milhões de dólares em opções de ações.

Mas o pagamento só acontecerá se determinados objetivos forem cumpridos — incluindo a construção de 1 milhão de robôs Optimus.

Batizado com o nome de uma personagem dos Transformers (porque, obviamente, tinha de ser assim), o Optimus é uma máquina humanóide que supostamente consegue completar trabalho aborrecido e perigoso em substituição dos humanos.

O robô foi apresentado em 2021, durante evento “AI Day” da Tesla, no qual a empresa detalhou os seus planos futuros para o seu humanoide.

Elon Musk declarou então que a Tesla precisava de ser “muito mais do que uma empresa de carros elétricos”, e para esse fim, combinaria neste robô os seus avanços em chips, condução autónoma e baterias .

O Optimus seria capaz de fazer trabalho de fábrica, claro, mas isso é apenas o ponto de partida. Ao longo do tempo, Musk disse, o Optimus poderia desencadear mudanças económicas e sociais sem precedentes como fonte de mão-de-obra incansável e não remunerada que pode ser treinada para fazer qualquer coisa.

No futuro, trabalharmos será opcional, tal como como cultivar os nossos próprios legumes, em vez de comprá-los na loja”, escreveu Musk no X no mês passado.

Talvez o Optimus seja capaz de fornecer cuidados médicos melhor do que um cirurgião humano consegue, sugeriu Musk, ou elimine a necessidade de prisões seguindo criminosos para os impedir de “cometer crimes” novamente. Até disse que os robôs poderiam alimentar uma eventual colónia em Marte.

Este é o tipo de hipérbole que o mundo passou a esperar de Elon Musk, que há uma década diz todos os anos que milhões de veículos elétricos Tesla totalmente autónomos chegam “no próximo ano”, diz o The Atlantic.

Contudo, há algo real escondido atrás da fanfarronice de Musk. Não é apenas a Tesla: muitos fabricantes automóveis estão também a tentar fazer a transição para a robótica.

A start-up de veículos elétricos Rivian acabou de anunciar a criação de uma spin-off chamada Mind Robotics, nota o Tech Crunch.

A sul-coreana Hyundai, por seu turno, está tão otimista com um futuro cheio de humanoides, que há uns anos comprou a gigante da robótica Boston Dynamics — e até já tem cães-robô a verificar carros numa fábrica americana, realça a Autoweek.

Também a Xpeng, empresa de veículos elétricos em rápido crescimento na China, que entrou no mercado português no ano passado, apresentou recentemente os seus robôs humanóides.

Há, de facto, muito em comum entre carros modernos e robôs. Os robôs precisam de baterias semelhantes às que estão dentro dos veículos elétricos — não se esperaria que um Optimus andasse por aí a largar o cheiro de um motor a gasolina.

A indústria automóvel já investiu milhares de milhões de dólares em sensores avançados, chips e inteligência artificial para tecnologia autónoma. Basta adicionar braços e pernas, e basicamente tem-se um robô.

“A indústria automóvel está adjacente a tantas áreas de especialização que são necessárias para a robótica”, explicou Sterling Anderson, director de produto da General Motors, ao The Atlantic. “Robótica e veículos autónomos, ambos operam nos mesmos mundos”.

Os fabricantes automóveis também têm acesso a dados de fábrica que podem ser usados para treinar robôs, tal como toda a escrita na internet alimentou modelos de linguagem de grande escala. “Mais ninguém tem acesso a isso“, realça também Jiten Behl, antigo executivo da Rivian que é agora venture capitalist.

As atuais fábricas de carros já estão cheias de robôs industriais; a indústria automóvel compra mais deles do que qualquer outro sector. Braços robóticos articulados montam, soldam e pintam várias peças, e plataformas automatizadas transportam-nas para diferentes postos de trabalho.

Em cada carro vendido, as margens de lucro são pequenas, e reduzir os custos de mão-de-obra — ou eliminá-los completamente — seria uma grande ajuda para os resultados dos fabricantes automóveis.

Este fator é particularmente importante no caso dos fabricantes europeus e norte-americanos, que enfrentam a concorrência da China e têm em custos de mão-de-obra por veículo muito superior ao dos seus concorrentes chineses.

Parece assim inelutável que a indústria automóvel tem que apostar de novo na automatização das suas cadeias de produção —  com humanoides inteiros e inteligentes, em vez de simples braços robóticos mecanizados.

Naturalmente, quem bem constrói um exército de robôs para ajudar nas fábricas também os faz para dar uma mãozinha no lar doce lar — ou substituir soldados humanos nos campos de batalha por esse mundo fora.


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