Polícia Nacional da Ucrânia / EPA

Ataque russo a Ternopil, Ucrânia

Pelo menos 26 pessoas morreram, incluindo três crianças, e mais de 70 feridos. Kiev recebeu plano de paz dos EUA.

A Rússia protagonizou um ataque à Ucrânia, a uma escala sem precedentes nos últimos meses de guerra. E um dos episódios mais letais desde o início do conflito.

O ataque verificou-se na madrugada de quarta-feira. Em Ternopil, oeste da Ucrânia, pelo menos 26 pessoas, incluindo três crianças, morreram num ataque que atingiu um edifício habitacional, indicou o Serviço de Emergências ucraniano. O bombardeamento fez ainda 73 feridos, dos quais 15 menores.

Ternopil era considerada uma zona relativamente segura. Recebia até habitantes de outras regiões da Ucrânia, que se refugiavam ali.

Já em Kharkiv, cerca de 50 pessoas ficaram feridas durante os ataques noturnos que atingiram vários bairros da cidade.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, detalhou que a Rússia lançou mais de 470 drones e 48 mísseis de diferentes tipos contra várias regiões do território ucraniano.

O oeste da Ucrânia foi um dos principais alvos do bombardeamento, que voltou a causar danos à infraestrutura energética de várias regiões ucranianas.

As Nações Unidas condenaram os ataques russos, reiterando que o direito internacional proíbe ataques a civis.

“Casas e infraestruturas civis críticas foram gravemente danificadas em todo o país, incluindo instalações de saúde e educativas. Desde Kharkiv, a leste, até Ternopil e à região de Ivano-Frankivsk, a oeste, famílias perderam entes queridos, sofreram ferimentos e viram as suas casas destruídas”, relatou o coordenador humanitário para a Ucrânia, Matthias Schmale, em comunicado.

Os ataques das forças armadas russas “também danificaram infraestruturas energéticas, causando cortes de energia de emergência e agravando os efeitos de ataques anteriores”, acrescentou o representante da ONU.

“Com as temperaturas a descerem abaixo de zero em algumas partes da Ucrânia, estas perturbações colocam milhões [de cidadãos] em grave risco”, referiu ainda.

Segundo Matthias Schmale, “pelo menos uma dúzia de crianças estavam entre os feridos”. “O sofrimento delas é inconcebível”, lamentou.

Plano de paz dos EUA

A Ucrânia recebeu esta quarta-feira um plano de paz dos Estados Unidos que inclui a cedência de territórios controlados pela Rússia e a redução do exército ucraniano, afirmou um responsável ucraniano.

A proposta inclui “o reconhecimento da [anexação da] Crimeia e de outras regiões tomadas pela Rússia” e “a redução do exército para 400.000 pessoas“, disse o responsável ucraniano, que pediu para não ser identificado, à agência de notícias France-Presse. “Estamos a receber sinais de que temos de aceitar este plano”, indicou a mesma fonte.

O Axios – que já tinha noticiado que existiam negociações entre Moscovo e Washington – fala num plano com 28 pontos, que incluiria ainda uma limitação da assistência militar fornecida a Kiev pelos Estados Unidos e uma restrição das categorias de armamento que poderiam ser utilizadas.

As zonas que a Ucrânia ainda controla nas províncias de Lugansk e Donetsk tornar-se-iam uma zona desmilitarizada. Em Kherson e Zaporizhzhia, as outras duas províncias com combates no terreno, as linhas da frente seriam congeladas, com a Rússia a devolver algum território. A Ucrânia não terá sido ouvida para a concretização desta proposta, avança uma fonte governamental do país.

UE critica plano de Trump

Já nesta quinta-feira, Kaja Kallas, a alta representante para os Negócios Estrangeiros, rejeitou um plano de paz para a Ucrânia que não tenha o acordo do país invadido e a participação da União Europeia, recordando Washington de que “há um claro agressor e uma vítima”.

“Para acabar com esta guerra é preciso o acordo dos ucranianos e dos europeus […], já falámos sobre isto: qualquer solução tem de ser justa e duradoura“, respondeu Kaja Kallas aos jornalistas, à entrada para a reunião ministerial.

A representante da diplomacia da UE acrescentou que é “preciso recordar que há um claro agressor e uma vítima” e que o Presidente russo, Vladimir Putin, “há muito que podia ter acabado com esta guerra”.

“Para qualquer plano funcionar, precisa do apoio dos ucranianos e dos europeus, só assim poderá um cessar-fogo ser incondicional”, comentou, rejeitando responder a mais perguntas sobre este tópico.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 países da UE discutem em Bruxelas os últimos desenvolvimentos da guerra na Ucrânia, nomeadamente o plano de paz apresentando ao Governo de Volodymyr Zelenskyy pela Casa Branca, que inclui a cedência a Moscovo de território ocupado pela Rússia desde fevereiro de 2022.


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