A repórter Rosana Bond, integrante do Conselho Editorial de AND lança dias 6 e 9 próximos, em Florianópolis, seu mais recente trabalho de pesquisa.
Trata-se do livro A Saga de Aleixo Garcia – O descobridor do império inca – Edição revista, ampliada e com Anexos.
É uma versão impressa de uma outra que estava esgotada há vários anos e que agora a Editora Insular decidiu reeditar, com 251 páginas e informações inéditas.
Em 6 de agosto, quarta-feira, o evento será no Restaurante do Gugu, às 19 h, na praia de Sambaqui, Florianópolis, Rua Fernando José de Andrade 147, com a presença de importantes lideranças indígenas guaranis de SC.
Dia 9, sábado, será na Livraria Desterrados, das 10 às 12 h, rua Tiradentes 204, centro da cidade.
Modificando a história oficial
O famoso império dos incas peruanos, conforme a autora, não foi descoberto pelos espanhóis Francisco Pizarro/Diego de Almagro, e sim por um náufrago de Florianópolis, Aleixo Garcia, que chegou ao Alto Peru (atual Bolívia) 7 anos antes dos castelhanos.
“Portanto, a história oficial está equivocada”, afirma a pesquisadora, que levantou o tema em 1996 e o editou em 1998 e 2004 (neste último, a publicação foi pela editora de AND, Aimberê, ex-Coedita).
Agora, na atual versão, entre os informes inéditos, o mais impactante, segundo Rosana, é que foram descobertos no interior boliviano os guarani que viajaram com Aleixo. Ou seja, os descendentes dos índios catarinenses que guiaram o náufrago aos Andes, 500 anos atrás, e que ficaram naquela área, ainda guardam a lembrança ancestral da longa expedição e chamam Aleixo de “nosso pai”.
Ritual sagrado
Diz Rosana que tais índios recordam também do litoral de SC, onde os antepassados viviam antes da viagem.
E em memória desse local da costa sul brasileira, distante, belo e à beira de uma grande água sem fim, realizam todo ano uma cerimônia sagrada.
Esta história é contada no Anexo 5: Ritual guarani boliviano – Uma singular memória sobre a expedição / Aleixo Garcia como o “pai que trouxe nosso povo.”
Mistérios desvelados
“Consegui papéis e relatos pouco conhecidos por boa parte dos estudiosos e agora pude revelar aspectos ‘misteriosos’ desta história empolgante”, diz Rosana.
Um dos “mistérios” foi o percurso mais completo feito por Aleixo, por trechos até aqui ignorados do chamado Caminho do Peabiru.
Manuscritos comprovam
“Tudo que coloquei no livro é confirmado por documentos. Utilizo desde manuscritos de 1500, boa parte achados pelo especialista em historiografia Fábio Krawulski Nunes, de Jaraguá do Sul (SC), até outros textos mais recentes de universidades brasileiras”, diz Rosana.
E completa: “Assim posso garantir que Aleixo fez o caminho pelo Rio Itapocu (Tape Poku, Caminho Comprido em guarani) e que o Peabiru catarinense não passava por Joinville e Garuva, como um grupo bolsonarista deseja falsamente impor.”
Entre eles, um vereador de Joinville e uma agenciadora de turismo de Garuva (ex-candidata a vereadora, derrotada), além de um guia turístico que se apresenta como historiador (site Brasil Primitivo), ligado à empresa Dakila, criadora da inexistente “cidade perdida” de Ratanabá.
Alojamento na UFSC e solidariedade
Como agosto é o Mês Internacional dos Povos Indígenas, Rosana deve homenageá-los lançando a obra também no Alojamento Estudantil Indígena da UFSC, acompanhada de coleta de doações de agasalhos e alimentos.
Será também um ato de solidariedade política aos moradores daquele local, que vem sendo atacados pela Polícia Militar (do governo bolsonarista de Jorginho Mello) e por racistas desconhecidos (“fora índios vagabundos!” gritam, antes de iniciarem agressões físicas).