Volodymyr Zelensky garante que vai negociar com Donald Trump um plano de paz, que visa o fim do conflito russo-ucraniano, apoiado pelos EUA. A decisão foi anunciada pelo gabinete do presidente ucraniano, apesar das críticas e de a proposta norte-americana prever que a Ucrânia ceda em questões complexas.
O esboço do plano já é conhecido e inclui que Kiev ceda áreas significativas da região de Donetsk e de Lugansk, que reduza o Exército e se comprometa a não aderir à NATO – propostas que a Ucrânia tem rejeitado, até agora. O plano de paz apresentado por Washington prevê ainda um “pacto de não agressão” entre a Rússia, Ucrânia e Europa, garantias de segurança para Kiev e a divisão de Kherson e de Zaporizhzhia na atual linha da frente.
Segundo o plano de 28 pontos, Donestk, Lugansk e a Crimeia, já anexada pela Rússia, seriam “reconhecidas de facto como russas, incluindo pelos Estados Unidos”. E a central nuclear de Zaporizhzhia seria reativada sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), tendo a produção de eletricidade de ser igualmente dividida entre a Ucrânia e a Rússia.
Além disso, o Exército ucraniano ficaria limitado a 600 mil soldados, a NATO não podia estacionar tropas na Ucrânia e os caças europeus estariam baseados na Polónia.
Apesar de Kiev ter de renunciar, segundo o plano, à adesão à Aliança Atlântica, seria elegível para se tornar membro da União Europeia. E os esforços de reconstrução, liderados por Washington, seriam financiados com 100 mil milhões de dólares provenientes de ativos russos atualmente congelados.
Um dia depois de Zelensky ter declarado que o país precisa de “uma paz digna”, a presidência ucraniana confirmou já ter recebido o que classificou de “plano preliminar” dos EUA para pôr fim à guerra com a Rússia. O presidente ucraniano garantiu mesmo que planeia discutir o assunto “nos próximos dias” com o homólogo norte-americano.
“A tarefa número um para todos é um processo diplomático construtivo com os Estados Unidos e todos os nossos parceiros. É fundamental ter apoio estável para o nosso exército e para todas as nossas operações de defesa planeadas e ataques de longo alcance”, declarou o líder ucraniano, numa resposta cautelosa após as críticas de alguns altos responsáveis ucranianos, que consideraram o plano “absurdo” e inaceitável.
Algumas autoridades ucranianas e europeias consideram mesmo que este plano representa o fim da Ucrânia como país independente.
Em Washington, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou já esta sexta-feira que o plano de paz proposto pelos Estados Unidos é bom “tanto para a Rússia, como para a Ucrânia”.
“O presidente [Donald Trump] apoia este plano. É um bom plano tanto para a Rússia como para a Ucrânia, e nós pensamos que é aceitável para ambas as partes“, disse Leavitt aos jornalistas, em resposta às informações de que o plano satisfaria Moscovo em vários pontos importantes.
C/agências