Letícia Novaes, mais conhecida pelo alter ego artístico Letrux, é a autora e a voz de um dos projetos musicais mais vibrantes da música indie brasileira contemporânea.
As letras das suas canções são debochadas, derramadas, fogosas, explosivas, bem humoradas, bem sarcásticas, bem escangalhadas, bem boas, que nos atravessam dos pés à cabeça e cantam os nossos lados A, B e C…. E D de dramáticos e doidos.
Nuno Fox
Com ela sentimos o drama e a comédia, tudo junto e ao mesmo tempo, tal como a vida é, bem misturada e confusa.
Letrux é uma artista carioca múltipla múltipla. É compositora e cantora, além de atriz, poeta e escritora. Há quem a chame a “Anitta do cenário Indie.”
Nuno Fox
Mas a própria revela que as suas inspirações musicais são outras e chega a afirmar: “Mamei nas tetas de Rita Lee.” E é inquestionável que ao longo dos seus 20 anos de percurso nos palcos encontrou uma voz musical muito própria. Muito letruxiana.
Com o projeto Letrux, Letícia já conta com 3 álbuns gravados:
“Letrux em noite de climão”, de 2017, um disco animado, delirado, alto astral, para dançar o set inteiro.
Depois “Letrux aos Prantos”, de 2020, para sentirmos o drama de forma bacana, irónica e gostosa. O álbum que contou com a colaboração da cantora Liniker e que lhe valeu importantes nomeações, e o título que exibe nas redes sociais: “Perdedora do Grammy Latino 2020”.
E, por último, veio o mais recente “Letrux como mulher girafa”, um álbum sobre as feras que existem em cada um de nós, num jogo de semelhanças poéticas entre os bichos e os humanos.
Nuno Fox
E, quanto a isso, Letícia já assumiu ser mais flamingo do que girafa, pela “esquisitice”, por ser “mais frita e voadora”.
Um flamingo que bate as suas asas e mergulha nas águas do rock e do pop, entre o inglês e o português, entre o riso e as lágrimas, com sofisticação, bom gosto e leveza. Criações que combinam profundidade e instinto à flor da pele.
Nuno Fox
E tomem nota: Letrux vai atuar esta sexta feira, dia 21 de novembro, na Casa Capitão, num concerto intimista que celebra os 20 anos do seu percurso na cena alternativa brasileira, e segue para Guarda para atuar no dia 22, onde irá revisitar o seu repertório e reinterpretará outros tantos artistas que marcaram a história da música. Não percam.
E, no dia 23 de novembro, Letrux vai lançar também na Casa Capitão o seu último livro “Brincadeiras à Parte” – um livro de contos, verdades, delírios e desejos como quem brinca – mas nunca de mentira. Uma obra que surge depois dos livros “Zaralha – abri minha pasta” e “Tudo o que já nadei – ressaca, quebra-mar, marolinhas.
É sempre a partir da palavra que começam todas as suas criações, sejam as musicais ou as restantes? A questão é-lhe colocada.
Além dos discos, dos concertos e dos seus livros, Letrux tem entrado em vários filmes e séries, e nesta conversa revela o seu profundo interesse e conhecimento por astrologia, herança materna, e na espiritualidade.
Feminista, interessada na força política da arte e defensora de várias causas humanistas, dá conta de como usa o microfone nos seus shows não só para cantar, mas como amplificador de denuncia de desigualdades e injustiças.
E, sem hipocrisias, fala abertamente do uso de drogas, que a ajudam a lidar com a ansiedade de ser uma artista independente a sobreviver neste mundo caótico.
Quem é atualmente Letrux na fila do pão, fora dos palcos? O episódio arranca precisamente com esta questão, que vai dar muito enredo.
Nuno Fox
Como sabem, o genérico é assinado por Márcia e conta com a colaboração de Tomara. Os retratos são da autoria de Nuno Fox. E a sonoplastia deste podcast é de João Ribeiro.
A segunda parte desta conversa fica disponível na manhã deste sábado.