Militares israelitas mataram seis membros do Hamas quando estes saíram de um túnel em Rafah, que está na parte da Faixa de Gaza onde há ainda presença militar israelita.

Haverá dezenas (há quem diga até 200) membros do Hamas que depois do cessar-fogo (que entrou em vigor a 10 de Outubro) ficaram presos em túneis em zonas controladas pelo Exército de Israel sem comunicação com as zonas do território de onde se retiraram após o cessar-fogo continuam a representar um problema: os EUA pressionaram Israel para aceitar que saíssem caso depusessem as armas, o que Israel recusou.

Pensou-se que a devolução, pelo Hamas, dos restos mortais de um soldado israelita cujo corpo estava na Faixa de Gaza desde 2014 ajudasse a desbloquear o impasse, mas isso não aconteceu.

Uma hipótese de lhes permitir que saíssem mas não que voltassem à parte de Gaza controlada pelo Hamas tem esbarrado na dificuldade de encontrar um país que os acolha, diz o site The New Arab.

Esta sexta-feira, além dos que saíram e foram mortos, houve ainda o caso de cinco que se renderam, segundo o diário Times of Israel, e foram detidos. Muitos palestinianos detidos em Gaza pelo Exército de Israel que entretanto foram libertados (muitos não tinham qualquer ligação ao Hamas) descreveram condições terríveis com tortura rotineira.

Um estudo divulgado esta semana pela organização Physicians for Human Rights Israel e citado pelo diário The Guardian diz que morreram pelo menos 98 palestinianos em detenção desde Outubro de 2023, indicando que o número real será provavelmente mais alto já que há centenas de potenciais detidos desaparecidos (Israel não confirma muitas vezes a identidade dos detidos, com casos de vários a terem sido dado como mortos pela família até à sua libertação).

Ainda em Rafah, nesta sexta-feira, houve outros quatro combatentes do Hamas que teriam saído de um dos túneis e não foram logo localizados pelo Exército, que continuava a procurá-los.

O site The New Arab diz que estes combatentes nos túneis não são apenas uma questão logística complexa, mas sim “uma potencial faísca num barril de pólvora”.

“A situação actual não pode durar para sempre e esforços para adiar o inevitável podem levar a uma catástrofe”, escreveu o site Vox. “Quanto mais tempo ficarem encurralados, mais desesperados ficarão, aumentando as hipóteses de simplesmente decidirem morrer a lutar do que se renderem”, continua o site. “Dada a enorme retaliação levada a cabo por Israel em resposta a ataques sobre as suas forças no último mês, poderemos em breve ter a questão de quantos combates pode haver em Gaza enquanto ainda dizemos que está em vigor um cessar-fogo.”

Autoridades locais citadas pelo Guardian dizem que Israel matou mais de 300 palestinianos em ataques desde que está em vigor o cessar-fogo. Um só ataque, após a morte de um soldado, deixou mais de cem mortos, dos quais apenas 25 seriam combatentes do Hamas.

Nesta semana, ataques de Israel deixaram 33 mortos em Khan Younis e na Cidade de Gaza.

A ajuda humanitária a entrar ainda não é suficiente e os preços da alimentação nos mercados continuam muito altos.