Segundo o livro “A Vida Até Parece Uma Festa: A História Completa dos Titãs”, o disco “Titanomaquia”, lançado em julho de 1993, foi o mais sombrio e provocador da carreira da banda. O título, inspirado na mitologia grega – o confronto entre os deuses olímpicos e os titãs -, foi sugerido pelo artista Fernando Zarif, responsável também pela capa.
O lançamento marcou uma virada na trajetória do grupo. Pela primeira vez, um álbum dos Titãs saía simultaneamente em CD e vinil, refletindo a modernização da indústria fonográfica da época. Mas o conteúdo era tudo menos comercial. “Em todos os aspectos, era o disco mais sombrio dos Titãs. Além do repertório avesso ao que as rádios tocavam e algumas letras fortes e agressivas”, descreve o livro.
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Foto: Divulgação – Bob Wolfenson
A primeira tiragem, com 60 mil cópias, vinha embalada em um saco preto, “como os de lixo” – um gesto simbólico que servia como resposta direta às críticas duras que haviam “massacrado” o álbum anterior, “Tudo ao Mesmo Tempo Agora” (1991).
Os Titãs chegaram a cogitar um título ainda mais provocativo. “‘A Volta Dos Mortos-Vivos’ seria a melhor forma de rasgar o atestado de óbito assinado pela imprensa especializada”, relatam os autores. No entanto, a ideia precisou ser abandonada após esbarrar em direitos autorais do filme homônimo.
Entre as faixas, duas músicas se destacavam logo na abertura: “Será Que É Isso Que Eu Necessito?” e “Nem Sempre Se Pode Ser Deus”. Ambas sintetizavam o espírito combativo do grupo naquele momento. A primeira, composta por Sérgio Britto, funcionava como um desabafo, com versos que questionavam a pressão externa e a opinião pública:
“Quem é que se importa com o que os outros vão dizer?
Quem é que se importa com o que os outros vão pensar?
Será que é isso que eu necessito?”
Já “Nem Sempre Se Pode Ser Deus”, assinada por Branco Mello e Britto, reforçava a postura desafiadora:
“Não é que eu vou fazer igual,
Eu vou fazer pior.”
O livro destaca que, mais do que um disco, “Titanomaquia” representou um gesto de resistência. “Era o disco mais sombrio dos Titãs”, repetem os autores, sublinhando o tom pesado e introspectivo da obra – musicalmente distante do pop-rock que havia tornado o grupo um sucesso nos anos 1980.