*Por Fernando Queiroz || Uma das principais atrações do Bangers Open Air 2025, o Avantasia volta ao Brasil — e, novamente, a São Paulo — para show solo, ainda com a turnê do álbum mais recente, “Here Be Dragons” (2025). A performance está agendada para 29 de novembro, na Vibra, com ingressos à venda no site Uhuu.

É a primeira vez que o projeto comandado pelo vocalista Tobias Sammet se apresenta em duas ocasiões no mesmo ano e cidade brasileira. Em entrevista ao site IgorMiranda.com.br, o líder da banda adiantou — um pouco — do que esperar em comparação à visita anterior.

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“Será um show mais longo. Vamos tocar algumas dos álbuns ‘The Metal Opera’ e mais algumas que tocamos na Europa, mas não pudemos tocar no Bangers Open Air. Cada show tem dinâmica, abordagem e espírito diferentes. A formação ainda estará parcialmente diferente, entre instrumentistas e cantores. Ao mesmo tempo, o Avantasia e o Edguy sempre tiveram um caso de amor com o Brasil.”

Paixão à parte, Sammet imagina que o grupo estará distante da América do Sul como um todo nos próximos tempos. Ele pontua:

“Após esse show, creio que teremos uma longa pausa do Avantasia na América do Sul. Queremos fazer isso bem, pois é a lembrança que queremos deixar aí para os anos futuros.”

A título de curiosidade, o repertório executado pelo Avantasia durante um dos shows na Europa, em abril — logo antes do Bangers e com mais de 2h30 de duração — foi:

  1. Creepshow
  2. Reach Out for the Light (com Adrienne Cowan)
  3. The Witch (com Tommy Karevik)
  4. Devil in the Belfry (com Herbie Langhans)
  5. Phantasmagoria (com Ronnie Atkins)
  6. What’s Left of Me (com Eric Martin)
  7. Dying for an Angel (com Eric Martin)
  8. Against the Wind (com Kenny Leckremo)
  9. Here Be Dragons (com Tommy Karevik)
  10. The Story Ain’t Over (com Bob Catley e Chiara Tricarico)
  11. Avalon (com Adrienne Cowan)
  12. Let the Storm Descend Upon You (com Ronnie Atkins e Herbie Langhans)
  13. Promised Land (com Ronnie Atkins e Eric Martin, sem Tobias Sammet)
  14. The Toy Master
  15. Twisted Mind (com Ronnie Atkins e Eric Martin, sem Tobias Sammet)
  16. The Wicked Symphony (com Tommy Karevik e Kenny Leckremo, sem Tobias Sammet)
  17. Shelter from the Rain (com Kenny Leckremo, Herbie Langhans e Bob Catley, sem Tobias Sammet)
  18. Farewell (com Chiara Tricarico)
  19. The Scarecrow (com Ronnie Atkins)
  20. Death is Just a Feeling
    Bis:
  21. Lucifer
  22. Lost in Space
  23. Sign of the Cross / The Seven Angels (com todos os cantores)

Bruce Dickinson mudou sua visão sobre o Brasil

Até 2002, Tobias Sammet nunca havia deixado a Europa. Foi neste ano em que o vocalista trouxe a banda que o consagrou inicialmente, o Edguy, para shows justamente no Brasil, quando passou por São Paulo, Curitiba, Caxias do Sul e Florianópolis.

O alemão confessa, porém, que à época tinha uma visão distorcida sobre nosso país. Quem o ajudou a mudar essa percepção antes da viagem? Ninguém menos que Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden.

“Dois dias antes de ir, falei com Bruce Dickinson. O Iron Maiden divulgava o ao vivo ‘Rock in Rio’ e conversamos sobre a América do Sul. Ele disse que foi ótimo para o Iron Maiden tocar no Rock in Rio e como os fãs são malucos. Eu não sabia o que esperar! Falei: ‘nunca estive lá, não é algo como uma selva o país?’. Ele disse: ‘Você está maluco? Lá é o motor da América Latina, é super avançado economicamente’. Foi como estar em casa, foi incrível desde o começo, fiz muitos amigos aí.”

Ele complementou, citando um dos grandes ídolos nacionais e outro ícone global:

“Eu já conhecia o Andre Matos, já tínhamos trabalhado juntos. Foi incrível. A reação lá no DirecTV Music Hall [onde o Edguy tocou em São Paulo], acho que tinha 2,5 mil pessoas. Não era muito grande, mas os fãs soaram tão altos quanto dez mil alemães. Tudo que eu sabia do Brasil era Andre Matos, Giovane Élber (ex-jogador do Bayern de Munique) e Pelé, é claro. Foi fantástico, e tem sido fantástico desde então! Já estive aí várias vezes, em várias cidades. Inclusive, a primeira vez que conheci o Slash pessoalmente foi quando abrimos para a banda dele em Brasília. Eu amo o Brasil!”

Shaman e gravação de DVD

Naturalmente, a conversa seguiu para outra lembrança sobre Brasil: a gravação do DVD ao vivo “RituAlive”, do Shaman, que contou com sua participação nas músicas “Pride” e “Sign of the Cross”, esta do Avantasia. A ocasião inspirou Tobias Sammet a registrar, também, um trabalho ao vivo em São Paulo.

Foram duas tentativas, a primeira com problemas técnicos. A gravação bem-sucedida, feita em 2006, rendeu o DVD “F#cking With F***: Live in São Paulo” (2009). A fracassada, ocorrida em 2004, saiu como bônus da compilação “Monuments” (2017), quando os dilemas acabaram devidamente resolvidos.

“Foi incrível estar lá com o Shaman gravando o ‘RituAlive’, mas só em retrospectiva você percebe o quão mágico e grande aquilo foi. Percebi naquela noite que, se eu fosse algum dia fazer um DVD ao vivo, teria que ser no Brasil, pois pensei ‘essas pessoas são alucinadas!’, no bom sentido. Dois anos depois, o Edguy na turnê do ‘Hellfire Club’ passou pela América Latina e gravamos em São Paulo. Organizei toda a produção de palco, gravação… aquilo nos custou uma fortuna! Não éramos uma banda super grande. Levamos tudo daqui para o Brasil, o que custou muito dinheiro, mas sabíamos que tínhamos que fazer o DVD lá. Tivemos problemas técnicos, e só lançamos muito tempo depois, junto do ‘Monuments’, em 2017.”

E o Edguy?

Com tantas menções ao Edguy, não dava para deixar de abordar a possibilidade de um retorno da banda. Desde 2020 o grupo está em um hiato indeterminado. Será que eles voltariam para, por exemplo, celebrar os 20 anos do álbum “Rocket Ride” (2006)?

Tobias Sammet diz não saber se acontecerá algo, mas confessa: espera poder cantar ao vivo novamente músicas dessa fase de sua carreira. E ainda revela que o disco de 2006 é o seu predileto.

“Não sei se isso [a volta] vai acontecer. Sinto muita falta de cantar essas músicas, são parte de mim, eu as compus. Todos no Edguy são meus amigos, mas não vejo isso acontecendo agora. ‘Rocket Ride’ é o meu preferido dos álbuns do Edguy: é o mais diversificado, é como ‘The Scarecrow’ (2008) do Edguy. Mas acho que ‘Hellfire Club’ (2004), ‘Mandrake’ (2001), e até ‘Vain Glory Opera’ (1998) também tem ótimas músicas. Era tudo muito saudável, éramos jovens, não sabíamos de nada e mesmo assim fizemos aquilo.”

O cantor ainda complementa:

“Neste momento, chegamos em um ponto onde estamos em lugares diferentes. Não estamos mais em sintonia. Ficou tudo muito desgastado. Estávamos cansados, pois quando crescemos todos juntos como amigos, há uma dinâmica na banda, e quando é você que carrega tudo na banda — compõe as músicas, toma as decisões, e tem a responsabilidade de manter cinco pessoas felizes ali —, tudo fica muito maluco. Aí começa aquela coisa de ‘eu quero que seja assim, eu quero tocar dessa forma, eu quero ser um avião’ [risos], fica tudo muito difícil e todos começam a discutir. Você pensa: ‘ah, dane-se, eu vou fazer tudo sozinho, aí ninguém reclama’. Fiquei nessa linha pois estava ficando realmente melhor e maior. Mas não teria problemas em fazer algo com o Edguy de novo. Espero que aconteça em algum momento, mas não tenho ideia se realmente vai.”

Ainda sob a proposta de olhar para o passado, Tobias Sammet foi colocado para pensar em uma ideia curiosa, agora envolvendo o Avantasia.

Tempos atrás, o cantor disse que considerava os dois primeiros álbuns do projeto, “The Metal Opera” (2001) e “The Metal Opera Part II” (2002), um pouco juvenis. Depois, afirmou que sua fala acabou retratada de modo descontextualizado.

De todo modo, agora, perguntamos: será que ele gostaria de regravar esses discos? Na resposta, foi sincero e garantiu que só toparia mergulhar em uma iniciativa como essa em uma situação específica: negócios.

“Não! Não mexa em seu passado! Talvez eu fizesse isso apenas por razões de negócios, pois o contrato desses dois álbuns é tão ruim, e… Jesus Cristo! O cara que cuidava da gravadora morreu, a empresa foi vendida, depois vendida de novo e os compromissos não foram… bem, não quero falar disso, mas esse seria um bom motivo para regravar o álbum algum dia. Se você faz isso, deve ter um motivo realmente válido e fazer melhor. Mas se eu gravar apenas um sussurro diferente, as pessoas vão falar ‘ei, eu prefiro o original!’. Você gostaria de ouvir o ‘Back in Black’ (1980) do AC/DC regravado? Não! Então tem que ser uma razão realmente especial para fazer. Não penso nisso agora, pois tenho tanta música nova para produzir que não consigo pensar nisso.”

*O Avantasia se apresenta na Vibra São Paulo em 29 de novembro. Ingressos estão à venda no site Uhuu.

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