Cientistas enviaram esporos (células reprodutivas) de musgo para o espaço que conseguiram sobreviver durante nove meses a elementos extremos e no regresso à Terra foram capazes de germinar, revela um estudo divulgado esta quinta-feira.
Segundo o estudo, divulgado na publicação científica iScience, editada pela Cell Press, foi demonstrado pela primeira vez que uma planta terrestre primitiva, e resiliente, pode sobreviver à exposição prolongada ao ambiente espacial, como microgravidade, radiação cósmica, oscilações intensas de temperatura e vácuo.
“Isto fornece provas impressionantes de que a vida que evoluiu na Terra possui, a nível celular, mecanismos intrínsecos para suportar as condições do espaço”, afirmou, citado em comunicado da Cell Press, o autor principal do trabalho, Tomomichi Fujita, da Universidade de Hokkaido, no Japão.
Fujita e colegas esperam que o seu trabalho “ajude a avançar a investigação sobre o potencial dos solos extraterrestres para facilitar o crescimento das plantas e a inspirar a exploração da utilização de musgos para desenvolver sistemas agrícolas no espaço“.
Em última análise, o estudo poderá abrir “uma nova fronteira para a construção de ecossistemas em ambientes extraterrestres, como a Lua e Marte”.
A equipa de Tomomichi Fujita enviou em março de 2022 centenas de esporófitos (estruturas reprodutoras que envolvem os esporos) de musgo da espécie Physcomitrium patens para a Estação Espacial Internacional, tendo os astronautas fixado amostras no exterior da estação, onde foram expostas ao clima espacial durante 283 dias. De volta à Terra, em janeiro de 2023, as amostras foram analisadas laboratorialmente.
O estudo concluiu que mais de 80% dos esporos de musgo sobreviveram à viagem espacial e conseguiram germinar em laboratório.
A espécie Physcomitrium patens tem sido amplamente usada como organismo modelo para estudos sobre a evolução e a fisiologia das plantas.