Thomas Hawk / Flickr

Adultos? Dificilmente. Mas crianças? Sim. Investigadores pediram aos participantes que salpicassem tinta diluída sobre folhas.

A crítica mais frequente aos quadros de Jackson Pollock – especialmente às obras de drip painting – costuma ser esta: “Qualquer pessoa faria isto”. Ou a reacção mais comum: “Até uma criança faria isto”.

Pollock espalhava uma tela no chão e salpicava cores. Espalhava, pingava gotas, lançava cores.

Muitos críticos (provavelmente não especialistas, na maioria) alegam que as suas pinturas parecem caóticas, aleatórias e tecnicamente simples; falta habilidade formal ou intenção clara. Outros defendem que Pollock queria refletir na tela a mecânica controlada e os movimentos do corpo enquanto pintava.

Um novo estudo quis verificar se realmente uma criança poderia criar uma obra semelhante às do artista dos EUA.

Os investigadores pediram a 18 crianças (entre 4 e 6 anos) e a 34 adultos (dos 18 aos 25 anos), que criassem obras inspiradas em Pollock; salpicaram tinta diluída sobre folhas de papel colocadas no chão.

Depois houve uma análise matemática cuidadosa aos fractais das imagens (padrões que se repetem em diferentes escalas, como em árvores, nuvens e montanhas) e à lacunaridade (incide nas variações das lacunas entre grupos de tinta).

Foram avaliadas as complexidades dos padrões e dos espaços em branco.

As pinturas dos adultos tinham maior densidade de padrões e trajetórias de tinta mais largas; as linhas disparavam em muitas direções.

As pinturas das crianças tinham padrões de pequena escala e mais lacunas entre grupos de tinta; com trajetórias mais simples, unidimensionais, menos mudanças de direção – refletindo diferenças na movimentação corporal face aos adultos, resume o Euronews.

Ou seja, as pinturas das crianças eram mais parecidas com obras do expressionismo abstrato. Sim, as crianças fizeram quadros ao estilo Pollock; mais do que os adultos.

Segundo os investigadores, as alterações no equilíbrio biomecânico de um artista podem explicar porque as crianças replicam melhor estas obras.

É que, devido ao que aconteceu quando nasceu (quase foi estrangulado pelo próprio cordão umbilical), ficou com o equilíbrio afetado – e os seus movimentos terão ficado mais simples, mais próximos dos movimentos… de uma criança.


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