Avisando que não trairia o seu país, o presidente ucraniano rejeitou esta sexta-feira o plano americano para pôr termo à guerra com a Rússia. Horas depois, no encontro com a imprensa na Sala Oval por ocasião da recepção a Zohran Mamdani, o mayor eleito de Nova Iorque, Donald Trump aproveitou para pressionar Volodymyr Zelensky a dizer sim a esse plano, visto pelo líder ucraniano como demasiado favorável a Moscovo.




A pressão do presidente americano foi evidente, apontando para uma resposta afirmativa de Kiev no prazo de uma semana, até à próxima quinta-feira [27 de novembro], e deixando uma espécie de ameaça após a rejeição inicial de Zelensky: “[O plano] tem de lhe agradar, se não agradar, então, sabem, [os ucranianos] não terão outra solução do que continuar a lutar”.

Trump relembraria ainda como já tinha avisado – durante um encontro em fevereiro último que ficou marcado pela forma como Volodymyr Zelensky teve de enfrentar várias afrontas do presidente americano e do seu vice JD Vance – o líder ucraniano que ele “não tinha as cartas” para decidir este conflito.

Durante uma entrevista à Fox News Radio, quando questionado sobre o prazo que dava a Kiev para aceitar o acordo de paz de 28 pontos agora na mesa, depois de várias promessas para acabar com a guerra, Trump respondeu que já teve muitas datas-limite: “A questão é que quando as coisas correm bem, a tendência é adiar essas datas-limite”.

“Mas quinta-feira é, pensamos nós, um momento adequado”, apontou.

Na mesma entrevista, o presidente norte-americano mostrou-se também convicto de que num cenário do prolongamento dos combates os ucranianos iriam “em pouco tempo perder” os territórios que segundo o plano desenhado em Washington deveriam ceder à Rússia.


Questionado sobre a possibilidade de a Rússia atacar outros países da região depois da Ucrânia, Trump garantiu que o presidente russo, Vladimir Putin, “não quer mais guerra” depois de um conflito que se prolongou mais do que Moscovo previa em fevereiro de 2022.


Ao rejeitar o plano de 28 pontos numa declaração aos ucranianos, Zelensky admitiu que “este é um dos momentos mais difíceis e de maior pressão” da história da Ucrânia.


“Ou perde a sua dignidade ou corre o risco de perder um aliado fundamental” declarou, numa alusão aos Estados Unidos, para acrescentar que são “28 pontos difíceis ou um inverno extremamente complicado”.