Com mais de um século de portas abertas em Castro Verde, a casa mantém-se fiel ao conceito original, com copos de três e minis a animarem os finais de tarde, que podem prolongar-se com petiscos e cantorias. Mais recente, ao que se diz, quatro décadas, é a tradição familiar que se transformou em atração gastronómica: as cabeças de borrego assadas no forno.
Cabeça de borrego assada na Taberna João das Cabeças, em Castro Verde
João Roldão, a caminho de 80 anos, é o patriarca e o proprietário, pelo que rapidamente se percebe a razão do nome da taberna. Com o passar do tempo, as cabeças de borrego, que tradicionalmente se comiam no campo, raspando a carne com o canivete alentejano, transformaram-se em atração para apreciadores e corajosos curiosos. E, desta forma, a Taberna João das Cabeças ganhou lugar no mapa gastronómico do Alentejo e passou a ser local de romaria.
A Taberna João das Cabeças é um dos locais recomendados no guia “365 Tascas & Marisqueiras”, disponível a partir desta sexta-feira, dia 21 de novembro. O guia, que conta com o apoio do Recheio, está disponível a partir de 21 de novembro (€16,90). Encomende já o seu exemplar na loja online, com desconto para assinantes e oferta de portes, ou através do Apoio ao Cliente Impresa (Tel. 214698801).
“Roer tudo até ao tutano”
Cabeça de borrego assada
Ruben Silva Photography / CM Castro Verde
João Roldão, um homem de poucas palavras, é o guardião dos segredos desta receita. Já tem no filho, Paulo Mestre, o herdeiro do saber. As cabeças de borrego (€7,50) são serradas ao comprido e barradas, uma a uma, com uma mistura feita de alho, sal, pimenta, banha e vinagre, antes de passarem para o forno a lenha e assarem durante cerca de três horas. Convém encomendar este petisco com antecedência, pelo menos um dia ou dois antes, tal qual como outros pratos que preparam a pedido.
As cabeças de borrego chegam à mesa acabadas de assar e dão vontade de “roer tudo até ao tutano”. Paulo, aconselha “começar por abrir a cabeça à mão, comer a língua e depois a parte mais saborosa da carne, a bochecha”, mas aquilo de mais gosto “é do olho”. Como esta não é uma casa de cerimónias, o cliente pode sempre fazer uso da habilidade para manusear o canivete à moda dos pastores, que, tantas vezes, levavam um pedaço de cabeça de borrego assada para se entreterem a raspar e comer com um pouco de pão ao longo da longa jornada. Existem, aliás, pormenores decorativos nesta taberna que remetem para o universo pastoril.
Um copo de três ou uma mini
Taberna João das Cabeças, em Castro Verde
Ruben Silva Photography / CM Castro Verde
A Taberna João das Cabeças (Rua da Aclamação, 60, Castro Verde. Tel.286322317) é uma tasca à moda antiga (sem Multibanco), onde se vai tomar um copo de três ou uma mini. Com sorte encontra um grupo de amigos a cantar uma moda ou no despique do baldão e assiste a uma performance de cante, o património imaterial da humanidade na forma mais espontânea e espetacular.
Nesta tasca alentejana também se preparam várias fornadas de borrego assado no forno com batatinha e, por vezes, carnes de borrego com feijão branco, sempre preparadas à moda da terra e da família de João Roldão. Prove ainda a queixada de porco, igualmente assada no forno, e as bifanas em pão alentejano.
Modas com petisco: celebrar o Cante Alentejano
Cante Alentejano, em Castro Verde
CM Castro Verde
Neste mês de novembro assinalam-se 11 anos sobre a Classificação do Cante Alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. Castro Verde promove um conjunto de iniciativas, entre 25 e 27 de novembro, que visam “celebrar esta expressão cultural que importa salvaguardar”.
As comemorações começam no dia 25, às 21h00, no Museu da Lucerna, com o espetáculo “Cante à Luz das Lucernas”, pelo Grupo Coral Feminino da Cortiçol. No dia 27, a praça da Liberdade recebe, às 15h30, “A Turma do Cante”, pelo Grupo Coral da Associação Sénior Castrense. Segue-se, às 18h30, na Taberna João das Cabeças, a iniciativa “Modas com Petisco”, com oficina de cante orientada pelo Grupo Coral “Os Ganhões”, de Castro Verde.O programa encerra às 21h00, na Escola Primária da Sete, com um ensaio aberto d’ “Os Cardadores” da Sete.
A “canja de cornos”, preparada em panelas de ferro, é servida após as carnes grelhadas