Cientistas demonstraram que um tipo de musgo — o Physcomitrium patens — é mais resistente do que se imaginava: esporos dele ficaram presos no exterior da Estação Espacial Internacional (ISS) durante 283 dias (quase nove meses) e, após voltarem à Terra, mais de 80% ainda se mostraram viáveis para germinar.

A pesquisa, conduzida por uma equipe da Universidade de Hokkaidō, no Japão, foi publicada na revista iScience.  Os esporófitos — estruturas que envolvem os esporos — foram os escolhidos para a missão porque os pesquisadores já sabiam que são bastante resistentes.

Durante a exposição ao ambiente do espaço, os esporos enfrentaram condições extremas: vácuo, radiação ultravioleta intensa, microgravidade e grandes variações de temperatura. Mesmo assim, boa parte sobreviveu. Segundo os cientistas, a casca que envolve o esporo (esporângio) provavelmente atua como um escudo protetor, absorvendo parte da radiação.

Musgo resistente

Quando os esporos voltaram para a Terra, eles foram colocados em laboratório para germinar. A maioria conseguiu brotar normalmente, o que indica que a exposição ao espaço não comprometeu sua capacidade reprodutiva.

Além disso, os pesquisadores fizeram simulações matemáticas para estimar por quanto tempo esses esporos poderiam sobreviver no espaço e concluíram que, em teoria, poderiam resistir por até 15 anos em condições semelhantes.

Para os cientistas, esses achados são promissores para o futuro da biologia espacial: musgos como esse poderiam fazer parte de ecossistemas em planetas como Marte ou mesmo satélites como a lua, ajudando a gerar solo, oxigênio ou fornecer um suporte biológico inicial para outras plantas.

No entanto, eles alertam que ainda há muitos desafios pela frente: sobreviver é diferente de crescer ou reproduzir-se em ambientes extraterrestres, e é preciso mais pesquisa e estudo detalhado para entender todos os mecanismos de proteção e adaptação.

Os resultados também reacendem o debate sobre a possibilidade de vida se dispersar entre planetas por meio de partículas microscópicas — a chamada panspermia. Embora o estudo não prove que isso aconteça na natureza, os pesquisadores afirmam que a resistência dos esporos de musgo fortalece a hipótese de que organismos simples podem atravessar longos períodos no espaço sem perder completamente sua viabilidade.

*Sob supervisão de Fabio Previdelli