Em entrevista ao canal israelita Abu Ali Express, Benjamin Netanyahu disse acreditar que a guerra em Gaza, “ou pelo menos a pior parte dela”, já terminou, embora deixe claro que podem “retomar os combates em qualquer setor”.

“A guerra em sentido amplo, com as sete frentes paralelas, ficou para trás”, declarou.

As declarações foram feitas apesar de uma onda de ataques israelitas tanto em Gaza como no Líbano. Bombardeamentos israelitas na quinta-feira mataram pelo menos 30 pessoas na Faixa de Gaza, enquanto Israel e o Hamas trocam acusações sobre a violação do cessar-fogo assinado há apenas seis semanas.

O primeiro-ministro israelita reiterou mais uma vez a sua firme oposição a um Estado palestiniano, afirmando que Israel não mudará de posição sobre o assunto, nem mesmo para garantir a normalização das relações com a Arábia Saudita.

“Não haverá um Estado palestiniano. Simples assim… É uma ameaça existencial para Israel”, disse Netanyahu durante a entrevista.

Apesar disso, o líder israelita afirmou que ainda mantém um “otimismo cauteloso” em relação a uma possível normalização das relações com a Arábia Saudita, que, segundo ele, foi prejudicada pela guerra em Gaza.

“É possível que as condições se concretizem, mas elas teriam de ser aceitáveis para ambos os lados, boas para ambos os lados”, disse. “Se chegarmos a um acordo, ótimo, e se não, protegeremos nossos interesses vitais”, acrescentou.

Promessa de reabrir passagem de Rafah

Netanyahu anunciou ainda que a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, será reaberta aos habitantes de Gaza que pretendam sair do enclave, assim que receber os restos mortais dos três reféns que ainda permanecem em Gaza.

“Concordámos em abrir a passagem depois de recebermos todos os nossos reféns. Estamos muito perto de concluir este processo e, assim que estiver concluído, abriremos a passagem”, disse o primeiro-ministro israelita na entrevista. Os restos mortais de três reféns (Dror Or, Ran Gvili e Sudthisak Rinthalak) ainda se encontram em Gaza.

Netanyahu acrescentou que, assim que todos os reféns forem devolvidos e a passagem for reaberta, “ficará muito feliz por ver o Egito a permitir que qualquer cidadão de Gaza que queira sair [pela passagem] o faça — porque isso não aconteceu até hoje”.

“Qualquer pessoa em Gaza que queira sair deve poder fazê-lo, e esse direito tem-lhes sido negado”, disse o líder israelita, acrescentando que o plano de 20 pontos de Washington para Gaza “incluía esse direito: estabelece o princípio de que qualquer pessoa em Gaza que queira sair pode sair. Não se trata de expulsar ninguém, mas se uma pessoa quiser sair, que saia. Se o Egito aceitar isso, penso que é muito positivo”.

A embaixada palestiniana no Egito tem pressionado para a reabertura da passagem, que está praticamente encerrada desde que as forças israelitas entraram em Rafah, em maio de 2024, para permitir o regresso dos palestinianos residentes no Egito a Gaza. O Egipto, por sua vez, tem prometido repetidamente bloquear qualquer “deslocação” de pessoas da Faixa de Gaza, afirmando que essa é uma “linha vermelha” para o Cairo.