Jair Bolsonaro terá sido detido preventivamente pela Polícia Federal brasileira, na manhã deste sábado, em Brasília, avança o jornal Folha de São Paulo. O ex-presidente do Brasil está em regime de prisão domiciliária, a aguardar a fase de recurso da condenação por acusações de conspirar um golpe de Estado, mas foi sujeito a uma detenção para salvaguardar a ordem pública já que Flávio Bolsonaro teria convocado uma vigília pelo pai a realizar-se à frente do condomínio. Bolsonaro terá tentado romper a pulseira electrónica.

Alexandre Moraes, juiz do Supremo Tribunal Federal avançou que Jair Bolsonaro tentou romper a pulseira electrónica para tentar fugir. “Constata a intenção do condenado para romper a tornozeleira electrónica para garantir o êxito da sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada pelo seu filho”, lê-se na decisão do juiz citada pela Globo.

Segundo as informações disponíveis neste momento, o ex-presidente deverá manter-se em prisão domiciliária a aguardar o início do cumprimento da sua pena. No entanto, terá sido levado neste sábado pela Polícia Federal para uma sala de Estado, reservada a figuras políticas ou de grande notoriedade, sob a justificação de garantia da ordem pública.

O receio de perturbação com a ordem pública prende-se com o facto de Flávio Bolsonaro, filho de Jair, ter convocado uma vigília, na noite de sexta-feira, a realizar às portas do condomínio do ex-presidente, avança a Globo. A Polícia Federal terá, por isto, considerado que a acção poderia representar um risco para os participantes e autoridades policiais.

Esta detenção foi confirmada pelo director-geral da Polícia de Estado Andrei Rodrigues, bem como pelo advogado de defesa do condenado, Celso Villardi.

Bolsonaro foi, a 11 de Setembro, condenado por tentativa de executar um golpe de Estado para reverter a sua derrota eleitoral de 2022, numa decisão inédita na história do Brasil. O político de extrema-direita está em regime de prisão domiciliária desde 4 de Agosto, já que a condenação ainda não transitou em julgado e a defesa poderá apresentar novos recursos.

O Supremo Tribunal Federal (STF), contudo, rejeitou recentemente os recursos apresentados, mas a defesa poderá apresentar novos até ao início da execução da pena de 27 anos e três meses, que se espera ainda em 2025. Também foram condenados outros sete antigos ministros e altos oficiais militares.

Quando se esgotarem os recursos, caberá ao juiz Alexandre de Moraes determinar o modelo de cumprimento de pena, algo que tem gerado divisões. Em Julho, enquanto ainda aguardava decisão, Bolsonaro revelou vários incumprimentos das medidas cautelares que lhe tinham sido impostas, nomeadamente a proibição de usar redes sociais ou de dar entrevistas.

Na sexta-feira, a defesa já tinha pedido ao STF que Bolsonaro se mantivesse em prisão domiciliária, sobretudo devido aos inúmeros problemas de saúde que tem vindo a apresentar.

Em Abril deste ano, foi submetido a uma cirurgia e esteve internado nos cuidados intensivos até Maio. Essa operação foi a sexta a que foi submetido desde 2018, quando foi esfaqueado durante a campanha eleitoral. Em Setembro, foi diagnosticado com um cancro de pele e um problema renal.