O bispo espanhol Rafael Zornoza, chefe da diocese de Cádis-Ceuta, foi afastado oficialmente das suas funções, na sequência da denúncia de um caso de abuso sexual de um jovem, durante sete anos, na década de 1990.

A denúncia tornou-se pública no dia 10, noticiada pelo “El País”. Como dava conta o correspondente do Expresso em Madrid, “a vítima escreveu diretamente, este verão, ao Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF, antiga Inquisição) para relatar como foi vítima de abusos sistemáticos de Zornoza desde 1994, quando tinha 14 anos, até aos 21. Na altura, o bispo era reitor do seminário maior de Getafe, cidade da área metropolitana de Madrid, onde servia como bispo auxiliar”.

Esta é a primeira vez que um bispo em funções é implicado num caso grave de alegações de abuso. Com “celeridade inédita”, 12 dias depois de a denúncia se ter tornado pública, o Vaticano decidiu destituir Rafael Zornoza dos seus cargos e substituí-lo por um administrador apostólico da Arquidiocese de Sevilha.

No documento oficial do Vaticano deste sábado, que dá conta das renúncias e nomeações, pode ler-se: “O Santo Padre aceitou a renúncia ao cuidado pastoral da Diocese de Cádiz e Ceuta, Espanha, apresentada por Sua Excelência o Arcebispo Rafael Zornoza Boy.”

Até ao passado dia 10, quando o jornal espanhol “El País” divulgou a história, Rafael Zornoza continuava a desempenhar funções, trabalhando, também, com crianças. Há um ano, quando fez 75 anos, apresentou a renúncia obrigatória ao Papa, mas o Vaticano, como é habitual, prorrogou o seu mandato. Fontes diocesanas garantem ao Expresso que as autoridades eclesiásticas tinham, há muito tempo, conhecimento dos boatos sobre a conduta sexual do bispo agora afastado.