Com um estádio pouco preenchido por parte dos adeptos da casa – cerca de 600 do Mortágua -, a primeira aproximação à baliza foi dos conquistadores num misto de qualidade e de displicência. Na sequência de um lançamento lateral, Óscar Rivas ganhou o lance de cabeça e deixou Miguel Nogueira na cara do guardião oponente, não conseguiu ultrapassar a boa mancha, quando tinha tudo para inaugurar o marcador. Aos 19 minutos nova oportunidade para os homens da casa, com Oumar Camara a desviar de forma subtil um excelente cruzamento de João Mendes, no entanto a bola embateu no poste.
Apesar de ter estado sempre sem receio em campo, a equipa visitante só se aproximou de Charles à meia-hora de jogo. Primeiro por Igor com um remate de longe que foi desviado e depois por Camará, em melhor posição, que enviou ao lado. Mal sabiam os forasteiros que a resposta dos conquistadores ia ser feroz. Antes do primeiro golo, Nélson Oliveira dispôs de uma boa oportunidade, mas depois surgiu o tento de Fabio Blanco que encontrou o espaço nas costas da defensiva contrária, após um grande passe de João Mendes, e com compostura não perdoou.
No reatamento, o Vitória de Guimarães foi tendo a posse da bola, controlando a vantagem e Alexandre Verdade foi mostrando as suas credenciais. Na sequência de um pontapé de canto, Óscar Rivas esteve perto de dar maior tranquilidade à sua equipa, mas o cabeceamento foi defendido pelo guarda-redes oponente.
O tento da tranquilidade apareceu aos 62’ por Nélson Oliveira, com o avançado a corresponder da melhor forma ao enorme trabalho de Noah Saviolo pelo lado esquerdo e encostou com o seu pé direito, colocando os conquistadores com pé e meio nos oitavos de final da Taça de Portugal.
O extremo luso-belga entrou com tudo e esteve perto de faturar num par de ocasiões. Numa com um remate de primeira (execução de nível elevado) que saiu por cima e depois lançado em velocidade por Telmo Arcanjo, falhou perante mais uma boa saída de Verdade que voltou a brilhar pouco depois com uma defesa espetacular perante o desvio de Camara em plena pequena área. Os golos que carimbaram, definitivamente, a presença do Vitória na próxima eliminatória da prova rainha foram apontados por Telmo Arcanjo, após nova jogada espetacular de Saviolo e por Lebedenko com assistência de Samu, mas com o luso-belga também envolvido.
Melhor em campo: Noah Saviolo (nota 7)
O extremo luso-belga, de 21 anos, esteve em campo pouco mais de meia-hora, mas fez o suficiente para marcar a diferença no jogo e no resultado. Com duas assistências, após arrancadas pelo flanco esquerdo, e ainda um par de oportunidades para faturar merece esta distinção. Saviolo foi irreverente e decisivo, mostrando, e de que maneira, ao treinador Luís Pinto.
As notas dos jogadores do V. Guimarães: Charles (5), Tony Strata (5), Óscar Rivas (5), Rodrigo Abascal (5), João Mendes (6), Gonçalo Nogueira (5), Samu (5), Miguel Nogueira (5), Oumar Camara (5), Fabio Blanco (6), Nélson Oliveira (6), Telmo Arcanjo (6), Diogo Sousa (5), Noah Saviolo (7), Orest Lebedenko (6) e Thiago Balieiro (-).
A figura: Seidy (nota 6)
O elemento mais experiente (36 anos) e capitão de equipa puxou dos galões para se evidenciar nesta partida, frente a uma equipa da primeira divisão. Com muita tranquilidade no meio-campo, praticamente, não falhou na saída de bola e demonstrou excelente posicionamento na transição defensiva. O cabo-verdiano revelou ser um poço de força, numa forma física invejável.
As notas dos jogadores do Mortágua: Alexandre Verdade (6), Henrique Lopes (5), João Ferrão (5), Carlos Silva (5), Tatiano Pereira (5), João Pais (6), Artur Simionato (5), Seidy (6), André Sena (5), Igor Afonso (5), Siriki Camará (5), Bula (5), Rianço (5), Paredes (-), Jony (-) e Madeira (-).
Vou satisfeito com o trabalho que a equipa fez e deixo um forte abraço aos meus jogadores, pela entrega e pela qualidade que evidenciaram frente a um adversário de top-5 em Portugal. O resultado não é o pretendido, mas levamos daqui boas memórias para nos motivar para o que resta do Campeonato de Portugal que é uma competição muito difícil.
A vitória é sem espinhas, com a dificuldade inerente a um jogo de futebol e o momento em que os golos foram marcados também revela isso. Na primeira parte, o Mortágua saiu algumas vezes com relativo perigo, sendo que depois houve o desenrolar mais natural, mas sabemos que na Taça não é sempre assim e temos de valorizar o que conseguimos fazer.