“A experiência tem sido um sucesso esmagador”

Os empregadores também podem beneficiar de uma semana de quatro dias, sugere investigação

por Sam Hudson, CNN

 

Mudar para uma semana de trabalho de quatro dias pode ser bom para os resultados, de acordo com os resultados de um novo ensaio no Reino Unido.

Durante seis meses, entre novembro e abril do ano passado, cerca de mil trabalhadores de 17 empresas e outras organizações trabalharam numa semana mais curta, mantendo o mesmo salário e carga de trabalho.

Todas as 17 entidades mantiveram a semana de trabalho mais curta após o período experimental, informou recentemente 4 Day Week Foundation, um grupo britânico que organizou o ensaio.

Não foram só os trabalhadores que colheram os benefícios de uma semana mais curta. Algumas organizações registaram um aumento das receitas e menos dias de baixa em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A BrandPipe, uma empresa de software sediada em Londres, viu as suas receitas aumentarem quase 130%, de acordo com um relatório compilado pela 4 Day Week Foundation e pelo Boston College, nos Estados Unidos.

“A experiência tem sido um sucesso esmagador para a BrandPipe”, diz Geoff Slaughter, cofundador e diretor executivo da empresa, acrescentando que uma semana de quatro dias é “uma óptima opção para as empresas experimentarem”.

A BrandPipe é uma das quatro organizações que forneceram dados sobre as suas receitas. Destas, três registaram um aumento das receitas e uma uma descida durante o período experimental. A diminuição, no entanto, foi registada num período de comparação diferente – especificamente os seis meses imediatamente anteriores ao ensaio.

Quatro organizações também registaram um menor número de dias de baixa por doença e de dias de baixa por acidente de trabalho durante o ensaio. As duas restantes, para as quais a informação estava disponível, registaram um maior número desses dias.

Os dados sobre as receitas e as ausências são limitados, como reconhecem os autores do relatório, que escrevem: “Assim, os resultados são puramente descritivos e fornecem apenas uma visão limitada do impacto do ensaio nas organizações individuais”.

Além das empresas, as 17 organizações incluíam oito instituições de caridade, organizações sem fins lucrativos, entidades não governamentais e voluntárias. A maioria optou por uma semana de quatro dias, enquanto cinco escolheram uma quinzena de nove dias.

Será este o futuro?

Durante experiências semelhantes realizadas nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Alemanha, os trabalhadores declararam-se mais felizes e mais saudáveis.

Um ano após um grande ensaio realizado no Reino Unido em 2022, que envolveu 61 organizações, a grande maioria continuava a permitir que os seus trabalhadores trabalhassem numa semana mais curta. Do mesmo modo, os ensaios realizados nos EUA e no Canadá em 2022 e 2023 resultaram na continuação da política em quase todas as empresas.

Mas estes estudos não estão isentos de críticas.

Michael Sanders, professor de políticas públicas no King’s College de Londres, salienta que estes ensaios baseiam-se na autosseleção, o que significa que as empresas que aceitam participar podem ser aquelas em que uma semana de quatro dias “seria aceite com entusiasmo”.

Tentar uma semana mais curta pode funcionar bem para esses empregadores e empregados “motivados”, mas “não nos diz muito sobre o que aconteceria se alguém mais tentasse”, diz Sanders à CNN.

Joe Ryle, diretor de campanha da 4 Day Week Foundation, respondeu que, nos últimos anos, estas experiências em todo o mundo envolveram centenas de empresas de uma vasta gama de sectores, que se inscreveram “com diferentes graus de entusiasmo e empenho”.

Mas, em ensaios futuros, a fundação gostaria de “acrescentar um elemento de controlo aleatório sempre que possível”, acrescenta.

Independentemente das experiências futuras, um dos participantes na última edição está otimista quanto a uma semana de trabalho mais curta.

“Espero que a maioria das organizações o faça nos próximos 10 anos ou mais”, refere Alan Brunt, diretor-executivo da Bron Afon Community Housing no País de Gales, à 4 Day Week Foundation.