Cigarro é a principal causa da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
Embora não tenha cura, a DPOC pode ser controlada com tratamento adequado e mudanças de estilo de vida.

Por Dra. Juliana Alvarenga

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma das principais causas de morte evitável no mundo e afeta mais de 6 milhões de brasileiros, segundo dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisologia. A enfermidade, caracterizada pela limitação progressiva do fluxo de ar nos pulmões, é silenciosa em seu início e muitas vezes confundida com o envelhecimento natural ou crises de bronquite. Com o passar do tempo, porém, os sintomas se intensificam e podem comprometer significativamente a qualidade de vida.

“O Dia Mundial da Doença Obstrutiva Crônica, dia 15 de novembro, é uma oportunidade de conscientizar sobre esse quadro, que é resultado de uma inflamação crônica nos pulmões e que leva à destruição das vias aéreas e à perda de elasticidade pulmonar. O principal fator de risco é o tabagismo, tanto ativo quanto passivo, responsável por cerca de 85% dos casos”, explica a pneumologista Luiza Tatagiba, da Cardiodiagnóstico.

Além do cigarro, outros fatores também contribuem para o desenvolvimento da doença, como exposição a poeiras, fumaça de lenha e poluentes ambientais, especialmente em ambientes de trabalho. A DPOC geralmente se manifesta após os 40 anos, mas o processo inflamatório começa muito antes, o que torna o diagnóstico precoce essencial.

Os sintomas mais comuns incluem tosse persistente, produção de catarro, chiado no peito e falta de ar durante atividades simples, como caminhar ou subir escadas. “É importante lembrar que a falta de ar não é um sinal normal do envelhecimento. Ela é um alerta de que algo não está bem nos pulmões”, reforça a médica.

O diagnóstico é feito por meio de uma avaliação clínica e do exame de espirometria, que mede a capacidade respiratória e ajuda a identificar a gravidade do comprometimento pulmonar. Exames de imagem e testes laboratoriais podem ser solicitados para complementar a avaliação e descartar outras doenças.

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Embora não tenha cura, a DPOC pode ser controlada com tratamento adequado e mudanças de estilo de vida. “O primeiro passo é interromper completamente o tabagismo, inclusive o passivo. Isso reduz a progressão da doença e melhora a resposta aos medicamentos”, explica Luiza Tatagiba.

O tratamento inclui o uso de broncodilatadores e corticosteroides inalatórios, além de programas de reabilitação pulmonar, que combinam exercícios físicos, fisioterapia e orientações nutricionais.

A médica também chama atenção para o impacto emocional e social da doença. “Pacientes com DPOC costumam limitar suas atividades por medo da falta de ar, o que leva ao sedentarismo, à ansiedade e à depressão. O acompanhamento multiprofissional é fundamental para devolver qualidade de vida a essas pessoas”, destaca.

A prevenção, segundo a pneumologista, passa por medidas simples, mas eficazes: evitar o tabaco, manter a vacinação em dia (especialmente contra gripe e pneumonia), adotar alimentação equilibrada e praticar atividades físicas regularmente. “A DPOC é uma doença grave, mas evitável. A melhor estratégia é não fumar e procurar avaliação médica diante de qualquer sintoma respiratório persistente”, finaliza Tatagiba.

Juliana Alvarenga é oncologista clínica.