“O fim de um mundo será sempre um princípio”. O repto foi lançado pelo arquiteto, urbanista e artista Mário Mesquita e serve de título ao mais recente livro do também docente da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), recentemente publicado pela U.Porto Press e pela Húmus.

Este novo ensaio de Mário Mesquita vem desvendar espaços votados ao abandono, que o autor recuperou através da sua lente fotográfica e verteu, depois, em imagens a preto e branco, integradas em O fim de um mundo.

O lançamento do livro terá lugar a 25 de junho, a partir das 18h00, na Reitoria da Universidade do Porto (Auditório Ruy Luís Gomes).

A apresentação ficará a cargo de: José Guilherme Abreu, autor do prefácio, investigador do CITAR – Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes e coordenador da R3IAP – Rede de Informação, Investigação e Intervenção em Arte Pública; Sílvia Simões, investigadora do i2ADS – Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade e Presidente do Conselho Pedagógico da Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP); e Joaquim Magalhães, arquiteto e Presidente do Conselho de Administração da Fundação “O Lugar do Desenho”.

A entrada é livre.

Do olhar ao ver. A dimensão poética do olhar

“Podíamos ter ficado presos ao passado. Contudo, não. Evitámos a sombra da morte pré-anunciada desses lugares que foram perdendo gente e ousámos entrar no concerto inacabado do seu pontilhado na paisagem e que ainda perdura”. É assim que Mário Mesquita inicia o seu ensaio O fim de um mundo, expondo, também, as razões que o levaram a desenvolver este projeto.

De câmara fotográfica na mão, Mário Mesquita viajou “a passo lento por entre os escombros de um mundo que ruiu (…)”. Fala de viagens “sem destino acertado” e “numa deriva por entre as ruínas”, que o levaram a descobrir “que a memória dos sítios vai envelhecendo”.

Mas não só: das suas “reincidentes deambulações” resultaram mais do que meras imagens: a “constatação de algo que resistiu, de um fim de um mundo que não finou e foi ficando, indómito não por convicção, mas por abandono, constituindo-se como dissonâncias em tempos de modernidade (…)”.

“O fim de um mundo” é uma publicação conjunta da U.Porto Press e da Húmus. (Foto: U.Porto Press)

Para este arquiteto e urbanista, “são múltiplas as histórias” que contam os “fragmentos” que visitou, referindo-se ainda, nesse contexto, a um “fio condutor que nos leva do olhar ao ver”.

Segundo José Guilherme Abreu, “a série fotográfica de Mário Mesquita incide sobre o mundo rural, ou se calhar melhor, sobre o mundo pré-industrial”, sendo que a sua deriva transporta “a dimensão poética do olhar, que nos dá a ver o ver”. Partindo desta afirmação, sugere acrescentar “Olhares sem fim” ao título do seu Prefácio [“Lugares do fim”], por entender como “infindo o caminho que separa o olhar do ver, já que quando orientado pelos caminhos da arte o olhar leva a ver novos sentidos (…)”.

E é nesse pressuposto que apresenta “os fins-de-mundos” como “lugares de charneira, que inspiram a passagem para registos inusitados que trazem a possibilidade de uma mudança (…)”.

Acerca da coleção de imagens coligidas em O fim de um mundo, José Guilherme Abreu refere-se a um “movimento de imersão no espaço entrópico do ‘mundo do fim’” mas, também, a um “movimento inverso da emersão (e de participação) de fulgurações do tempo presente que teimam em persistir, e que o problematizam: a parabólica da meo que denuncia a adesão aos novos tempos digitais; os estendais de roupa a secar ao vento; (…) o aparelho de ar condicionado acoplado à parede de um edifício oitocentista; o candeeiro de iluminação pública com lâmpada de vapor de mercúrio (…)”.

Nas suas palavras, “Estas e outras miscigenações mostram até que ponto (…)  as barreiras entre os mundos se transpõem, e como o mundo é uma constelação de mundos distintos e interdependentes que se confrontam, e que se visitam, uns aos outros (…)”.

Porque afinal, como afirma Mário Mesquita ao encerrar este livro, “Nunca será o fim da História”.

O fim de um mundo está disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%.

Sobre o autor

Mário Mesquita é arquiteto, urbanista, artista. É Professor na Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FAUP), lecionando também na Faculdades de Belas Artes (FBAUP) e na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCEUP) da U.Porto. É Vice-Presidente do Conselho Pedagógico da FAUP.

É investigador integrado no i2ADS, colaborador no CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória, e membro da R3IAP. Coordena a Comunidade de Inovação Pedagógica da U.Porto PTRI – Porto: Territórios e Redes da Invisibilidade.

Publicou vários livros e artigos sobre Arquitetura, Património e Urbanismo e tem obra pública em Arquitetura, Design e Projeto/Planeamento Urbano. É especialista na cidade do Porto e no seu território, tendo sido investigador na Águas e Energia do Porto, Museu do Porto, Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Arquivo Distrital do Porto e Instituto Marques da Silva.