O Brasil lidera o ranking mundial de cirurgias íntimas femininas e, nos últimos anos, registrou um salto consistente na procura pela ninfoplastia, procedimento que remodela os pequenos lábios vaginais. Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o país já realizava entre 20 e 21 mil cirurgias anuais, superando os Estados Unidos, e estimativas recentes indicam que o número atual se aproxima de 30 mil procedimentos por ano. O ritmo de crescimento é superior ao de categorias tradicionais da cirurgia plástica, o que transforma as cirurgias íntimas em um dos segmentos que mais avançam no país.


Esse movimento acompanha mudanças sociais profundas. As mulheres passaram a discutir saúde íntima com mais naturalidade, a buscar informações e a questionar desconfortos que antes eram tratados como parte da rotina. Profissionais relatam que a maioria das pacientes procura a ninfoplastia por razões funcionais, como atrito durante atividades físicas, dor com roupas ajustadas, irritação constante, desconforto sexual e assimetrias que afetam a autoestima e a higiene. A estética surge como consequência, mas o ponto de partida costuma ser o incômodo físico. A popularização da depilação íntima também ampliou a percepção das mulheres sobre a região, trazendo à tona uma demanda que permaneceu reprimida por anos.


A especialista em cirurgia plástica Ana Penha Ofranti, da Revion International Clinic, afirma que a procura crescente reflete uma nova relação das mulheres com o próprio corpo.




— Muitas pacientes buscam o procedimento para aliviar desconfortos que atrapalham a rotina; quando descobrem que existe uma solução, entendem que a cirurgia não é apenas uma questão estética, mas de bem-estar — destaca.


O especialista em cirurgia plástica Leandro Faustino observa que a ninfoplastia ganhou espaço por melhorar diretamente a rotina da paciente. — O excesso de tecido pode dificultar exercícios, causar desconforto ao sentar e limitar o uso de roupas íntimas ou esportivas; o aperfeiçoamento das técnicas tornou a recuperação mais rápida e os resultados mais previsíveis — diz.


O impacto econômico acompanha esse cenário. Clínicas e hospitais estruturaram equipes exclusivas, investiram em novas tecnologias e ampliaram seus portfólios para atender à demanda crescente. O setor projeta expansão contínua, impulsionado por pacientes jovens, mulheres pós-gestação e pessoas que passaram por grande perda de peso. O Brasil também passou a atrair estrangeiras interessadas em realizar cirurgias íntimas, fortalecendo o turismo médico.


Estudos internacionais mostram índices elevados de satisfação: mais de 87% das pacientes relatam melhora significativa na autoestima e cerca de 80% afirmam maior conforto sexual após a ninfoplastia. Quase 90% relatam resolução completa de irritações e atritos. Esse conjunto de resultados explica por que a cirurgia deixou de ser tabu e se tornou uma das categorias de maior crescimento dentro da cirurgia plástica feminina.


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