Hidralazina pode frear crescimento de tumores cerebrais agressivos. (Foto: T A via Canva) Fala Ciência

Um fármaco conhecido há décadas por controlar a pressão arterial, a hidralazina, mostrou recentemente um efeito inesperado: frear o crescimento de tumores cerebrais agressivos

Pesquisas da Universidade da Pensilvânia, em colaboração com a Universidade do Texas e a Universidade da Flórida, publicadas na Science Advances, revelam que este medicamento antigo pode atuar de forma inovadora na oncologia cerebral, abrindo caminhos para terapias mais direcionadas e menos invasivas.

Medicamento antigo com potencial moderno

A hidralazina foi originalmente desenvolvida como vasodilatador, relaxando os vasos sanguíneos e diminuindo a pressão arterial. Tradicionalmente usada no tratamento de hipertensão e pré-eclâmpsia, o medicamento agora se mostra capaz de influenciar o comportamento de células tumorais. 

Pesquisas recentes identificaram que a enzima adenosina desidrogenase (ADO) auxilia a sobrevivência das células cancerígenas em condições de baixo oxigênio, um fator crítico para tumores cerebrais agressivos.

Como funciona contra o câncer

Fármaco de pressão arterial interrompe divisão de células tumorais. (Foto: Oporty via Canva) Fala Ciência

O estudo demonstrou que a hidralazina interrompe o mecanismo que permite às células tumorais detectar oxigênio, forçando-as a entrar em um estado dormente e suspendendo sua divisão. Diferente da quimioterapia tradicional, que destrói células rapidamente e provoca inflamação, a hidralazina consegue frear o crescimento do tumor sem danificar tecidos saudáveis.

Principais impactos no tumor:

  • Suspensão da multiplicação celular
  • Redução do estresse inflamatório sistêmico
  • Preservação de células normais do cérebro

Implicações clínicas 

Essa descoberta reforça o conceito de repurposing de medicamentos, no qual fármacos já existentes ganham novas aplicações terapêuticas. A abordagem oferece vantagens, como tratamentos mais seguros, com menos efeitos colaterais, e o potencial de combinar hidralazina com outras terapias anticâncer para aumentar a eficácia.

Próximos passos incluem:

  • Testes clínicos para avaliar segurança e eficácia em pacientes
  • Desenvolvimento de métodos que entreguem o medicamento diretamente ao tumor
  • Investigações sobre combinações com terapias convencionais para potencializar resultados

A pesquisa publicada na Science Advances evidencia como fármacos históricos podem revelar funções inesperadas em áreas completamente diferentes, oferecendo novas estratégias para tratar tumores cerebrais agressivos.