Apesar de estar no AC Milan desde 2019, Rafael Leão está longe de ser consensual entre os adeptos dos rossoneri. Adorado por uns, insuficiente para outros, o avançado é um ativo que o clube italiano não quer perder mas de quem parece esperar sempre mais. Talvez por isso, a escolha de Massimiliano Allegri para assumir o comando técnico da equipa pode ter-se tornado numa das mais importantes para a carreira do português.

Na antecâmara do dérbi desde domingo contra o Inter Milão, Rafael Leão deu uma entrevista ao programa “Morning Footy” da CBS e explicou como tem vindo a crescer com o experiente treinador italiano. “Não me pediu muitas coisas, disse-me apenas duas palavras: ‘Sê livre’. O mais importante é estar focado e ter a mentalidade certa. É quase como um pai que pede a um filho para ser sempre melhor na escola e na vida, para fazer as coisas da maneira certa. Sei que ele conta comigo, só me pede para me manter concentrado mesmo depois de um golo, para não parar. Mudou a minha mentalidade ao colocar-me mais perto do golo”, disse o jogador formado no Sporting.

Ora, no mesmo sentido, Massimiliano Allegri falou sobre Rafael Leão na antevisão do dérbi e, aproveitando uma espécie de pacote com Christian Pulisic, abordou a evolução do avançado português. “Espero tanto do Rafael Leão e do Pulisic como de todos os outros. O Rafa está a começar a entender que, como avançado, é valorizado pelos golos que marca. E isso é um sinal de crescimento”, comentou o treinador italiano.

Era neste contexto que o AC Milan defrontava este domingo o Inter Milão no mítico Derby della Madonnina, em San Siro, sendo que os nerazzurri estavam obrigados a vencer para não deixarem a Roma fugir para a liderança isolada da Serie A e não serem ultrapassados pelo principal rival. Massimiliano Allegri apostava precisamente em Rafael Leão e Pulisic no ataque, com Davide Bartesaghi e Saelemaekers nas alas e Luka Modric a comandar o meio-campo, enquanto que Cristian Chivu tinha Lautaro e Marcus Thuram no setor mais adiantado e Carlos Augusto e Dimarco abertos nos corredores.

Numa primeira parte que terminou sem golos, o Inter Milão foi quase sempre melhor do que o AC Milan e assumiu-se como a única equipa que esteve verdadeiramente perto de abrir o marcador. Mike Maignan evitou o golo de Marcus Thuram com uma grande defesa logo nos instantes iniciais (4′), Acerbi acertou no poste de cabeça na sequência de um cruzamento de Çalhanoğlu (27′) e Lautaro também viu o ferro traí-lo ao rematar e ver a defesa do guarda-redes francês seguir em direção à barra (36′). Ao intervalo, sem que os rossoneri tivessem criado qualquer situação de perigo perto da baliza de Yann Sommer, o dérbi estava ainda empatado.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o AC Milan não precisou de dez minutos para abrir o marcador: numa transição rápida, Saelemaekers acelerou na direita e rematou cruzado para Yann Sommer defender em esforço, com Pulisic a precisar apenas de encostar na recarga (54′). O Inter procurou reagir através de Bastoni, que rematou por cima (60′), Carlos Augusto atirou ao lado (61′), e ficava a ideia de que a equipa de Cristian Chivu tinha acusado o golpe do golo sofrido.

O treinador romeno mexeu já depois da hora de jogo, trocando Lautaro por Ange-Yoan Bonny, e Mike Maignan assumiu definitivamente o papel de herói do AC Milan: Pavlovic fez falta sobre Marcus Thuram na área contrária, o árbitro da partida assinalou grande penalidade após consultar as imagens do VAR e o guarda-redes defendeu o castigo máximo cobrado por Çalhanoğlu (74′). 

O mesmo Çalhanoğlu saiu pouco depois para a entrada de Piotr Zielinski e Massimiliano Allegri mexeu pela primeira vez para lançar Samuele Ricci e Nkunku, com Chivu a fazer all in com Andy Diouf e Pio Esposito. Até ao fim, porém, já nada mudou. O AC Milan venceu o Inter Milão, que leva agora seis dérbis consecutivos sem conseguir bater o principal rival em qualquer competição, e subiu ao segundo lugar da Serie A a dois pontos da liderança da Roma.